Ataque a Hezbollah era necessário para conter ameaça
O Globo
Agora, para conter danos aos civis e obter
reféns de volta, as partes devem buscar um cessar-fogo
Horas depois do monstruoso ataque terrorista
do grupo palestino Hamas em 7 de outubro do ano passado, quando nem se sabia ao
certo quantas centenas de pessoas haviam sido massacradas, sequestradas ou
abusadas sexualmente, o grupo xiita libanês Hezbollah — responsável por dezenas
de atentados terroristas em vários continentes, inclusive na América Latina –
começou a bombardear o norte de Israel de suas bases no sul do Líbano. Foram
lançados desde então mais de 10 mil foguetes, forçando o êxodo de 67.500 habitantes
da região. Foi esse o motivo para Israel atacar o Líbano nas últimas semanas,
começando com a explosão sincronizada de perto de 3 milhares de pagers usados
para comunicação entre integrantes do Hezbollah e culminando com a morte de seu
líder, Hassan Nasrallah, atingido por um ataque em Beirute enquanto participava
de uma reunião no subsolo de um prédio residencial na sexta-feira.
A ofensiva israelense deixou milhares de feridos e centenas de mortos, entre eles as principais lideranças do Hezbollah, representantes do governo iraniano e, lamentavelmente, civis inocentes, inclusive dois brasileiros. Ao contrário de Israel, que dispõe de um sofisticado sistema de defesa antiaéreo capaz de interceptar mísseis e foguetes ainda no ar — testado em seu limite por um ataque iraniano meses atrás —, o Hezbollah opera, a exemplo de seu congênere Hamas, infiltrado na população civil libanesa, usada como escudo humano para dissuadir ataques. Só que o Hezbollah é mais sofisticado e poderoso que o Hamas. Seu arsenal, estimado entre 150 mil e 200 mil foguetes, lhe confere dez vezes o poder de fogo do grupo palestino. O Hezbollah também é dependente militar e financeiramente de Teerã, mas os vínculos são mais fortes. Como o Irã, professa a vertente mais extremista do fundamentalismo xiita, almeja a destruição de Israel e está em conflito aberto com os valores (e países) ocidentais há décadas. O Hezbollah usufrui um status especial no Líbano, que lhe permite, ao mesmo tempo, manter representação política e uma milícia própria, além de comandar bancos, fornecimento de energia e um sistema econômico paralelo.