Falta planejamento para enfrentar a tragédia das chuvas
O Globo
Dificuldade de prever o impacto de eventos
climáticos extremos justifica precaução maior, não o despreparo
Oito meses depois das enchentes que arrasaram
cidades do Vale do Taquari, em setembro do ano passado, provocando a morte de
pelo menos 50 pessoas, o Rio Grande do
Sul se vê novamente às voltas com os efeitos de eventos
climáticos extremos. Com cerca de 150 municípios afetados por inundações, o
governador Eduardo Leite (PSDB)
declarou estado de calamidade pública na última quarta-feira. As imagens de
pontes, estradas e casas destruídas pela força das águas não deixam dúvidas
sobre a gravidade da tragédia, que já deixou pelo menos 32 mortos e 60
desaparecidos.
Era, como costuma ser em casos assim, impossível prever os efeitos das tempestades. Embora existisse previsão de chuvas fortes para o Sul do país, não havia como saber exatamente as áreas que seriam afetadas nem o impacto sobre a população. Por isso mesmo, era preciso estar preparado. A dificuldade de prever uma tragédia é motivo para adotar precauções maiores, não para o descaso e o despreparo. Eventos dessa natureza têm se tornado — e se tornarão — cada vez mais frequentes e intensos em consequência das mudanças climáticas.