Faltam planejamento e integração no combate a queimadas
O Globo
Era prevista temporada mais intensa de
incêndios florestais. Reação dos governos tem sido tardia e insuficiente
Não é novidade que o Brasil vem se tornando
mais seco. De 2011 a 2020, houve em média cem dias sem chuvas por ano, 25% a
mais que no período de 1961 a 1990. Também não é novidade que, para 2024, era
previsto recrudescimento da seca. Climatologistas advertiam sobre o agravamento
dos incêndios florestais. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de
Desastres Naturais (Cemaden) afirma que eles começaram no segundo semestre de
2023. Diante da escalada previsível, a prudência aconselhava se preparar. Não
só para combater o fogo, mas também com campanhas de esclarecimento sobre o
risco de queimadas antes do plantio provocarem incêndios incontroláveis. Não
foi o que o governo fez.
Pelos dados oficiais, fica evidente que a reação tem sido insuficiente. De acordo com os boletins do Ministério do Meio Ambiente, a área queimada na Amazônia cresceu 140% entre o fim de junho e o fim de setembro, alcançando 11,7 milhões de hectares, ou 2,8% da floresta. No Cerrado, apenas em duas semanas de setembro, a superfície incendiada cresceu quase 40%, para 12,3 milhões de hectares, ou 6,2% do total. No Pantanal, a área queimada triplicou desde julho, com destruição de 2 milhões de hectares, 13,4% do bioma.