Abandono de obras da Copa é sinal de governança frágil
O Globo
Não faltou dinheiro para mobilidade urbana.
Faltaram planejamento, fiscalização e cobrança de resultados
Passados dez anos da Copa do Mundo no Brasil,
38% dos projetos de mobilidade urbana pensados para o torneio foram abandonados
ou concluídos apenas parcialmente. Por ser um retrato do que costuma acontecer
no país, o dado é uma oportunidade para uma reflexão que vá além do debate
sobre o legado de eventos esportivos. Identificar as causas do baixo índice de
execução de obras é primordial para que o Brasil deixe de ter uma infraestrutura sofrível,
mesmo na comparação com países no mesmo estágio de desenvolvimento.
No período anterior à Copa, prefeitos e governadores puseram projetos de mobilidade urbana na lista de metas. Nem todos eram essenciais para receber os torcedores, mas a demanda tornou evidente a deficiência nas capitais que hospedariam os jogos. De acordo com estudo do economista Cláudio Frischtak, para equiparar o transporte público das 15 principais regiões metropolitanas brasileiras ao de Santiago, no Chile, ou da Cidade do México, seria necessário investir R$ 295,5 bilhões.