Conflito entre STF e Congresso é sintoma de anomalia
O Globo
Emendas parlamentares precisam ser
transparentes, mas o Supremo não deve apostar em confronto
Emendas parlamentares que omitem o nome do
responsável por destinar o dinheiro são uma anomalia e devem ser condenadas.
Ferem pelo menos três princípios constitucionais: transparência, moralidade e
publicidade. Quando os órgãos de controle e a sociedade ficam no escuro, é mais
difícil identificar abusos, como repasses a políticos aliados, ou investigar
suspeitas de conflito de interesse ou corrupção. Saber quem é o parlamentar
responsável pelo destino do dinheiro é o básico. Mas não encerra a questão.
Mesmo emendas com nome e sobrenome são uma forma ineficiente de gastar dinheiro público. Seguem uma lógica paroquial. Municípios apoiados por parlamentares poderosos ganham mais que outros com necessidades maiores. Reformas em praças e festas têm prioridade sobre projetos feitos a partir de estudos técnicos. Por fim, a prerrogativa de gestão orçamentária do Executivo é erodida. Nesse quesito, o Brasil é uma aberração. Parlamentares controlam 20% dos recursos livres do Orçamento. Nos Estados Unidos, 2,4%. Na França, 0,1%.