Ação da PF expõe vulnerabilidade do fundo eleitoral
O Globo
Esquema desbaratado no PROS mostra que
exagero na verba para campanhas é incentivo a desvios
A
operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) para investigar desvios nos
fundos eleitoral e partidário nas eleições de 2022 tem efeito
pedagógico ao escancarar a incúria cometida com dinheiro público diante do
controle tíbio. Agentes cumpriram sete mandados de prisão preventiva e 45 de
busca e apreensão em quatro unidades da Federação — São Paulo, Paraná, Goiás e
Distrito Federal. O principal alvo foi Eurípedes Gomes Júnior, ex-presidente
do PROS,
partido incorporado no ano passado ao Solidariedade.
Entre os presos, estão um candidato a deputado federal pelo PROS e uma
tesoureira do Solidariedade. Eurípedes Júnior estava foragido.
Em Goiânia, os policiais apreenderam um helicóptero avaliado em R$ 2,4 milhões, comprado, segundo as investigações, com recursos dos fundos e destinado ao uso particular de Eurípedes Júnior. Também em Goiás foram apreendidos R$ 26 mil em espécie. A operação tenta bloquear na Justiça R$ 36 milhões e 33 imóveis atribuídos aos acusados. As investigações mostram que o grupo se esbaldou com dinheiro destinado às campanhas. Suspeita-se que Eurípedes Júnior, familiares e amigos tenham usado recursos dos fundos para custear viagens a Dubai, Punta Cana, Miami e Orlando. Para despistar, o grupo usava candidaturas laranjas e superfaturava serviços junto a consultorias. Empresas de fachada eram usadas para lavar o dinheiro. A PF disse ter identificado, por meio de relatórios de inteligência financeira e prestação de contas, indícios de uma organização criminosa criada com o intuito de se apropriar dos valores dos fundos.