Política de habitação agrava efeito das enchentes
O Globo
Programas do governo incentivam construções
em áreas de risco ou manancial nas periferias
A tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul
e a sucessão de desastres naturais que tem fustigado as cidades brasileiras nos
últimos anos, amplificada pelas mudanças climáticas, deveriam levar a sociedade
— em especial a classe política — a refletir sobre os modelos de ocupação
equivocados e as políticas habitacionais erráticas que têm contribuído para
agravar os efeitos de eventos climáticos extremos inexoráveis.
O Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) informou no ano passado, com base em dados antigos do IBGE, que 8,3 milhões de brasileiros viviam em áreas suscetíveis a enchentes ou deslizamentos. Estima-se que esse número já ultrapasse 10 milhões. Pelo menos 2,5 milhões se concentram em locais de “alto risco” e “muita vulnerabilidade”. Em Salvador, 45,5% da população vive em áreas de risco. Em Belo Horizonte, 16,4%. No Recife, 13,4%.