Protestos nos EUA revelam inépcia das universidades
O Globo
Instituições se mostram incapazes de combater
antissemitismo e de proteger direito dos alunos à manifestação
A onda de protestos contra Israel que tomou
conta das universidades americanas revela a incapacidade dessas instituições
para lidar com o conflito entre dois valores essenciais ao mundo acadêmico: a
proteção às minorias e a liberdade de expressão. Manifestações e acampamentos
pró-Palestina têm sido alvo de ações policiais que já resultaram em mais de 2
mil prisões. A repressão se espalhou de Nova York a Los Angeles, de Portland a
Nova Orleans, a ponto de o presidente Joe Biden,
alvo dos manifestantes pelo apoio a Israel depois dos ataques do grupo
terrorista Hamas, afirmar que os americanos têm “direito de protestar, mas não
a causar o caos”.
É importante lembrar que, nos Estados Unidos, vigoram leis mais elásticas sobre liberdade de expressão que nos países europeus ou no Brasil. Lá, manifestações de racismo, nazismo ou antissemitismo são legais, desde que não representem ameaça imediata de dano físico e que não se dirijam contra alvos específicos. Mas diversas manifestações ultrapassaram até esse limite, com invasão de prédios e acampamentos, em violação das normas universitárias, distúrbios à circulação e à ordem. “Destruir propriedade não é protesto pacífico. É contra a lei”, disse Biden. “Vandalismo, invasão, quebrar janelas, fechar o campus e forçar o cancelamento de aulas e cerimônias de graduação, nada disso é protesto pacífico. Ameaçar, intimidar, instilar medo não é protesto pacífico. É contra a lei. Dissenso é essencial à democracia, mas dissenso não pode levar à desordem.”