Senado precisa rejeitar mudança na Lei da Ficha Limpa
O Globo
Projeto aprovado na Câmara abranda a punição
para políticos condenados por corrupção e outros crimes
O Senado adiou ontem a votação do Projeto de
Lei Complementar que atenua a Lei da Ficha Limpa, aprovado pela Câmara em
setembro. Quando voltar à pauta, os senadores deveriam rejeitá-lo. O texto,
concebido apenas para beneficiar a classe política, é contrário aos interesses
da sociedade e representa um retrocesso institucional.
A Lei da Ficha Limpa foi resultado de uma longa mobilização da sociedade brasileira por maior idoneidade de candidatos a cargos públicos. Depois da coleta de assinaturas ao longo de 14 anos, o Projeto de Lei por iniciativa popular foi aprovado e sancionado em 2010. Com a Lei da Ficha Limpa, se tornaram inelegíveis os condenados por decisão colegiada (segunda instância), na Justiça ou em outras esferas. As regras também tornaram inócua a estratégia de renunciar às vésperas da condenação para escapar de punição. De lá para cá, por mais que tenha demonstrado limites, a lei representou um avanço, com o fim da política como porto seguro para condenados, em particular nos casos de improbidade ou corrupção.