sexta-feira, 1 de novembro de 2024

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

PEC da Segurança é necessária para combater crime

O Globo

Encontro de Lula com governadores abre caminho para ação integrada

Foi oportuno o encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com 13 governadores nesta quinta-feira em Brasília para discutir a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança, conjunto de medidas elaborado pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que amplia o papel do governo federal na área e cria bases para maior integração no combate à violência. Lula disse que a PEC é o início da discussão. A proposta só avançará se houver diálogo com os estados.

A PEC tem muitos méritos. O maior é tirar o governo federal da apatia e conferir-lhe o protagonismo necessário para traçar diretrizes e coordenar o combate a organizações criminosas que impõem o terror. Embora a segurança pública seja tarefa constitucional dos estados, Brasília não pode se omitir, uma vez que há muito o problema ultrapassou os limites locais. Facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, ou o Comando Vermelho (CV), do Rio, controlam rotas internacionais do tráfico, atuam em diferentes estados e até no exterior, como multinacionais do crime. Evidentemente, os estados sozinhos não têm como enfrentá-las. Desde a promulgação da Constituição de 1988, a criminalidade mudou.

Paixões políticas e a democracia no Brasil - Sergio Fausto

O Estado de S. Paulo

Cabe perguntar como deve autuar o ‘campo progressista’ para deslocar o centro de gravidade da vida política para um ponto melhor de equilíbrio

A ação política precisa mobilizar sentimentos para ser efetiva. Estatísticas e argumentos racionais bem construídos têm poder limitado no convencimento do eleitor.

Essa constatação nos coloca diante de um desafio. Como reconquistar apoio sólido à política democrática sem apelar de modo irresponsável a sentimentos muitas vezes cristalizados em paixões e preconceitos nem esquecer que a razão é indispensável para bem governar e assim responder às aspirações, desejos e inseguranças das pessoas? Sem uma resposta pronta para essas perguntas, faço aqui apenas um primeiro exercício para entender o percurso das paixões políticas nos últimos 30 anos.

Entre 1994 e 2014, os partidos que protagonizaram a consolidação da democracia no Brasil souberam despertar esperança. O PSDB o fez em tom menor, sem paixões, pelo próprio estilo de suas lideranças. Foi um partido de quadros tecnicamente qualificados. Com o Real, criou a esperança de um país mais estável e moderno. O PT despertou esperança em tom maior por ser um partido de massas, com origem popular, e pela trajetória extraordinária de vida de sua principal liderança. Em torno da figura de Lula da Silva se criou um relato épico de superação de injustiças sociais seculares.

As esperanças suscitadas pelos dois partidos se sustentaram por um bom tempo e se concretizaram parcialmente. Foram esperanças encadeadas (não por deliberação das lideranças). Dito de modo simples, sem o Real e a arrumação institucional que permitiu, Lula não teria obtido sucesso na Presidência. Depois de 20 anos, a esperança se exauriu, em parte por erros, que não devem ser varridos para debaixo do tapete, em parte pela própria dinâmica das expectativas que, uma vez satisfeitas, crescem para outro patamar.

A geometria política do mago Kassab - Fernando Abrucio

Valor Econômico

Sua receita básica foi isolar candidatos percebidos como extremos e juntar várias forças, por vezes opostas entre si, em torno de um nome

Mais do que um partido ou uma ideologia, o vencedor da eleição de 2024 foi um estilo de se fazer política. Foi principalmente a vitória de um modelo capaz de construir uma geometria variável de alianças em relação à grande diversidade política brasileira. Sua receita básica foi isolar candidatos percebidos como extremos e juntar várias forças, por vezes opostas entre si, em torno de um nome.

Parece simples, mas fazer isso em larga escala, num país bastante heterogêneo e que sofre há alguns anos dos males da polarização nacional, não é tarefa trivial. Lideranças importantes usaram essa fórmula, mas o estrategista que mais a utilizou foi Gilberto Kassab, um mago da política brasileira.

As lições do pleito municipal devem servir para pensar a política brasileira nos próximos dois anos. Por falta de um cálculo mais centrista, o bolsonarismo desperdiçou o crescimento que teve em importantes cidades do país porque preferiu marcar uma posição hegemonista e brigar com possíveis parceiros. Assim foi em Goiânia, Curitiba, Belo Horizonte e Manaus, para ficar em alguns casos paradigmáticos.

Nenhum dos dois - José de Souza Martins

Valor Econômico

Ninguém é dono do eleitorado – nem a esquerda nem a direita, até porque esquerda e direita não têm sido, de fato, protagonistas primários do processo político

Se estivermos em busca do que esteve em disputa nas eleições municipais de 27 de outubro, em São Paulo, descobriremos que foi o nada protagonizado pelo ninguém. Somados os “votos” brancos e nulos aos “votos” dos que votaram abstendo-se de votar, que de fato é voto, veremos que o grande vencedor foi o “ninguém”. Não só pela incerteza que caracterizou essa eleição, mas também pelas características da situação eleitoral em relação a eleições passadas.

Dizer que a zona leste da cidade era petista e de esquerda, tornou-se reduto do forasteiro Marçal e de um Nunes, que ainda se pensa como vice-prefeito ou mesmo subprefeito de Parelheiros, nada diz além do fato de que ninguém é dono do eleitorado. Nem a esquerda nem a direita, até porque esquerda e direita não têm sido, de fato, protagonistas primários do processo político. O são meramente adjetivos.

PT cobra ‘projeto de país’ da gestão Lula 3 - Andrea Jubé

Valor Econômico

Inspiração, que vem sendo mencionada, é o “Plano de Metas” do ex-presidente Juscelino Kubitschek

Diante do recado das urnas ao partido, alas do PT intensificaram as cobranças internas para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dê uma espécie de “cavalo de pau” na gestão atual, a fim de apresentar aos brasileiros um “projeto de país” de longo prazo, que contemple grandes obras estruturantes e um modelo arrojado de sistema educacional para vigorar na próxima década.

“Qual é o nosso projeto para o Brasil, olhando para os próximos dez anos? Não tem”, questionou um decano do PT em conversa com a coluna. Ele defende a elaboração de um ambicioso projeto com grandes obras estruturantes, uma espécie de “Super PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], associado a uma proposta consistente de uma política educacional moderna e eficiente.

Lula quer ‘virada’, mas sem rifar os seus - Vera Magalhães

O Globo

Engana-se quem espera que reforma ministerial vá trazer uma mudança radical de rumosou a troca de ministros que não apresentaram resultados

Uma reforma ministerial na virada de 2025 começa a ser desenhada nas conversas de Lula com os principais auxiliares, mas se engana quem espera uma mudança radical de rumos ou a troca indiscriminada de ministros que não apresentaram resultados robustos.

O entorno do presidente reconhece a necessidade de promover uma “virada” no governo, acolhendo demandas que emergiram com força das urnas e amarrando partidos fortalecidos no pleito municipal, mas Lula não fará isso rifando aliados mais leais que têm ligação histórica com ele.

São as emendas, estúpido - Bernardo Mello Franco

O Globo

Arthur Lira está a um passo de emplacar o sucessor. Na terça-feira, o chefão da Câmara formalizou o lançamento de Hugo Motta. Em 48 horas, seu escolhido já reunia um amplo leque de apoios, do PT de Lula ao PL de Jair Bolsonaro.

Motta tem 35 anos e exerce o quarto mandato. É filiado ao Republicanos, uma das maiores siglas do Centrão. Projetou-se como soldado da tropa de choque de Eduardo Cunha. Agora bate continência para Lira e para o presidente do PP, Ciro Nogueira.

Se não houver uma reviravolta até fevereiro, Motta tende a ser eleito com facilidade. Lira usou a força do cargo para tratorar rivais e emparedar partidos à esquerda e à direita. Ontem o União Brasil rifou Elmar Nascimento. O PSD ainda mantém Antonio Brito, mas não costuma entrar em batalhas perdidas.

As pesquisas americanas serão testadas - César Felício

Valor Econômico

Fundamentos das pesquisas dos EUA mostram favoritismo de Trump

O ex-presidente Donald Trump está com vento favorável em relação à vice-presidente Kamala Harris segundo as principais pesquisas nos Estados Unidos, mas seu favoritismo não vem apenas de estar à frente nos chamados estados-pêndulo, por décimos de percentuais em alguns casos. Trump também é o mais provável vencedor segundo os fundamentos das pesquisas.

Os levantamentos mostram que o eleitor americano vê como principal problema do país o custo de vida provocado pela inflação, que estava forte entre 2021 e 2022.

Também se preocupa com o aumento da imigração e com a geração de empregos. O quadro é o mesmo tanto nos Estados Unidos como um todo como nos estados-pêndulo, variando apenas o topo do ranking. No Arizona, em Michigan e na Pensilvânia, é imigração. Na Carolina do Norte e no Wisconsin, custo de vida. Em Georgia e Nevada, emprego.

Por que acredito que Kamala Harris vencerá a eleição - Martin Sandbu

Financial Times / Valor Econômico

Sondagens eleitorais não estariam apontando com precisão o sentimento do cidadão dos EUA de que sua vida melhorou

Ainda faltam quatro dias, mas nem a melhor das coberturas da eleição presidencial dos EUA consegue nos dar qualquer ideia do rumo que ela vai tomar. Se você acreditar nas pesquisas, a corrida está cabeça a cabeça. Se você acreditar nos chamados modelos de previsão, Donald Trump tem ligeira vantagem sobre Kamala Harris.

Eu não acredito nem nas pesquisas nem nos modelos. Decidi começar a tratar as pesquisas como desinformativas após as eleições americanas de meio de mandato de 2022, nas quais muitas pessoas, cuja opinião sobre política dos EUA eu respeito mais do que a minha, previram a partir delas uma onda republicana.

A justiça possível – Flávia Oliveira

O Globo

Foi a justiça possível, como definiu o promotor Fábio Vieira, do MP-RJ, que se fez com a condenação de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz. Seis anos, sete meses e 17 dias depois do crime, a sociedade, por meio do Tribunal do Júri, mostrou que, desta vez, a impunidade não prevaleceu. A sentença da juíza Lúcia Glioche, que fixou penas de, respectivamente, 78 e 59 anos de prisão aos assassinos, traz alívio; alegria, nunca. As lágrimas brotam porque, se confirma agora, Marielle Franco e Anderson Gomes não retornarão; Fernanda Chaves, a única sobrevivente, jamais terá de novo a vida que lhe foi sequestrada. Tampouco voltarão à normalidade Luyara, Monica, Marinete, Antônio, Anielle, Arthur, Ágatha, familiares tornados vítimas perpétuas da barbárie.

A titular do 4º Tribunal do Júri foi precisa ao anunciar que o veredito é mais recado aos réus e à laia de criminosos que acossam o Rio de Janeiro do que alento às famílias.

Caso Marielle mostra a necessidade de reforma da segurança – Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

Caso da vereadora assassinada é o exemplo da hora das conexões do crime organizado com a política e as dificuldades de combatê-lo, por causa da sua infiltração no aparelho de segurança

No mesmo dia em que o julgamento do caso Marielle Franco (PSol) transcorria no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reunia com governadores para anunciar o projeto de reformas constitucional que reforça a presença do governo federal no combate à criminalidade e consolida o Sistema Único de Segurança Pública (Susp), criado no governo Temer.

"A gente vê, de vez em quando, falar do Comando Vermelho, do PCC. E eles estão em quase todos os estados, disputando eleições e elegendo vereadores. E, quem sabe, indicando pessoas para utilizar cargos importantes nas instituições brasileiras", justificou.

Eliane Cantanhêde - Maduro, ingrato e ridículo

O Estado de S. Paulo

Assim como a Venezuela se isola no mundo, o PT se isola no Brasil

O presidente Lula virou “agente da CIA”? O assessor internacional Celso Amorim é “mensageiro do imperialismo norte-americano”? Essas acusações, feitas pela ditadura de Nicolás Maduro, demonstram o grau de ridículo e até de loucura do próprio Maduro, que perdeu as eleições, se autodeclarou vitorioso e continua destruindo a Venezuela, corrompendo as instituições e provocando o maior êxodo de venezuelanos da história.

Amorim combina duas posições amplamente conhecidas desde os dois primeiros mandatos de Lula, quando foi chanceler e atuou incisivamente a favor dos Brics, como resistência ao chamado “mundo unipolar”, ou seja, à hegemonia dos Estados Unidos. É (ou era?) não apenas o principal aliado brasileiro da Venezuela, desde Hugo Chávez, como também o maior crítico aos EUA. Mensageiro do imperialismo norteamericano? É patético.

Novo tombo no desemprego - Celso Ming

O Estado de S. Paulo

O desemprego continua em queda, como demonstrou nesta quinta-feira o IBGE. As primeiras análises sugerem que o mercado de trabalho têm tudo para continuar forte.

No terceiro trimestre do ano, o índice de desocupação aferido pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua ficou nos 6,4%, menor nível desde dezembro de 2013, quando ficou em 6,3%.

Como avaliar essa melhora do mercado de trabalho e até que ponto ela é sustentável?

O emprego aumentou tanto no mercado formal, que registra contratações com carteira de trabalho assinada (mais 582 mil no trimestre) como no mercado informal (mais 644 mil). Isso, por si só, demonstra que a atividade econômica está robusta, conclusão coerente com a perspectiva de aumento do PIB neste ano entre 3,0% e 3,2%.

Economia ainda ritmo forte – Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

Crescimento da massa salarial, comércio e indústria ainda vão muito bem ou acelerando

economia brasileira não dá sinais de que perde ritmo —que esfria. Em alguns aspectos, a velocidade de crescimento diminuiu, mas apenas de um passo que parecia talvez explosivo para um andamento que continua muito quente.

É o que parece, a julgar pelos dados de agosto e setembro, os mais recentes das estatísticas oficiais. A soma dos rendimentos do trabalho ("massa salarial"), o crédito bancário e o número de pessoas empregadas vão muito bem, pelos números que IBGE e Banco Central divulgaram nesta semana. O ritmo de vendas do comércio, da produção industrial e do faturamento dos serviços continua forte, pelos dados até agosto (na comparação anual).

Troca de guarda no centrão vai custar caro – Bruno Boghossian

Folha de S. Paulo

Grupo de Lira quer ampliar modelo de governabilidade como troca de favores permanente

Nas negociações para apoiar o sucessor de Arthur Lira, o PT ouviu a promessa de receber uma vaga no TCU e o comando da primeira-secretaria da Câmara. Se o acordo for confirmado, o partido de Lula terminará o processo com alguns trocados. A mudança de guarda dará mais lucro para o centrão, a um custo alto para o governo.

A aliança construída nos últimos dias em torno de Hugo Motta repete um modelo rentável para esse grupo político. Mais uma vez, o centrão se mostrou capaz de sufocar dissidências, deixar de lado preferências políticas e construir uma coalizão numerosa o suficiente para fazer com que a governabilidade seja uma troca de favores permanente.

Kassab avança com partido do senso comum - Marcos Augusto Gonçalves

Folha de S. Paulo

Com seu partido do senso comum, ex-prefeito paulistano tem vitória eleitoral e vai assumindo posição de pivô

No balanço de perdas e ganhos das eleições municipais, Gilberto Kassab tem aparecido consensualmente como um grande vitorioso. Logo após a divulgação dos resultados do segundo turno, o professor Bruno Reis, numa participação na TV Folha, comentou que o ex-prefeito de São Paulo vem se dedicando desde início da década de 10 à criação do que seria um novo partido "pivotal" no Brasil, uma sigla que de certa forma possa recriar no futuro a função do MDB no passado.

O termo pivotal, muito usado em língua inglesa, nos remete à ideia de alguma coisa que funcione como um eixo central.

Não foi por acaso, portanto, que na ocasião do lançamento da legenda, Kassab —ao lado de nomes como Kátia Abreu e Guilherme Afif Domingos— tenha se saído com a sempre lembrada declaração: "Não será de direita, não será de esquerda, nem de centro. É um partido que terá um programa a favor do Brasil, como qualquer outro deve ter".

O começo da revanche – Ruy Castro

Folha de S. Paulo

Se Trump for reeleito e Bolsonaro ficar elegível e vencer, vamos ter saudade de seus primeiros mandatos

Barra pesada à frente. Se Donald Trump for eleito presidente dos EUA na próxima terça-feira (5), um de seus primeiros atos será anistiar os desordeiros que ele instigou a invadir o Capitólio, em Washington, no dia 6 de janeiro de 2021. No Brasil, Jair Bolsonaro pede aos deputados anistia para os golpistas que quase demoliram a Câmara no dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília. E, de passagem, como parte do pacote, pede anistia para si próprio, o que zeraria sua inelegibilidade e lhe permitiria candidatar-se em 2026.

Jornais devem apoiar candidatos? – Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Washington Post e Los Angeles Times enfrentam revolta de assinantes por decisão editorial de não chancelar nome de Kamala Harris

Contrariando prática adotada desde 1976, o jornal The Washington Post decidiu que nestas eleições não apoiará nenhum candidato presidencial. Ato contínuo, perdeu 250 mil assinantes, 10% de sua carteira. O Los Angeles Times, pela mesma decisão, enfrentou a mesma fúria, mas com perdas menores: 2% das assinaturas.

Jornais devem apoiar candidatos? Não importa qual posição o veículo abrace, ele terá problemas. A opção pelo apoio, o "endorsement" como dizem os periódicos da anglosfera, onde a prática é mais disseminada, gera desconfianças. Embora órgãos da chamada "quality press" se esforcem para separar textos noticiosos dos opinativos, isso nem sempre é percebido pelo leitor, que pode achar que, se o jornal prefere o candidato X, então tudo o que ele publica visa a beneficiar esse postulante. Assim, nada do que sai em suas páginas é digno de crédito.

Voto obrigatório, um velho e carcomido senhor – Dora Kramer

Folha de S. Paulo

Brasil é vanguarda no sistema de votação e apuração, mas joga na retaguarda na relação do Estado com o cidadão-eleitor

abstenção de quase 30% no país nas eleições municipais assustou muita gente e despertou no Tribunal Superior Eleitoral a necessidade de se fazer um estudo profundo para saber as razões dessa acentuada ausência do eleitor.

Se somadas as quantidades de sufrágios em branco e nulos, a conta beira os 40% e, em números absolutos, mostra que vários candidatos perderam para o não voto.

Pela relevância dos dados e das motivações implícitas, a recusa à participação ativa foi um dos assuntos mais comentados nos balanços dos chamados recados das urnas.

Eleição municipal mostra força da política clientelista - Silvio Cascione

O Estado de S. Paulo

Pleito municipal serve para entender engrenagens da política, não para prever eleição presidencial

Nas eleições municipais de 2024, o “sistema” venceu. O Centrão, montado em bilhões de reais em emendas parlamentares, elegeu mais de 3.500 prefeitos pelo País, com a maior taxa de reeleição da história do Brasil (82%).

Políticos experientes, empolgados com o enorme sucesso, têm afirmado que esse resultado demonstra a viabilidade de um projeto nacional de perfil moderado, centrista, sem a polarização dos últimos anos. Trata-se de um grave erro de avaliação, parecido com o que foi cometido em 2020. Na época, prefeitos moderados venceram em grandes capitais, e o mesmo diagnóstico foi feito. Dois anos depois, não havia oxigênio para nenhum candidato além de Bolsonaro e Lula.

Poesia | Fernanda Torres - Necrológio dos desiludidos do amor, de Carlos Drummond de Andrade

 

Música | Arthur Moreira Lima - Apanhei-te, cavaquinho ( Ernesto Nazareth)