PL que enfraquece desarmamento deve ser barrado
O Globo
Senado precisa rejeitar — ou presidente vetar
— texto que permite a condenados comprar armas
Em mais um revés para o já combalido Estatuto
do Desarmamento, a Câmara aprovou na quarta-feira um Projeto de Lei que permite
a compra de armas por quem é investigado ou condenado por certos crimes, desde
que o caso não tenha transitado em julgado. Na tentativa de tornar a proposta
descabida mais aceitável, os deputados mantiveram a proibição para homicídios
dolosos, crimes hediondos, contra a dignidade sexual, feminicídios, contra o
patrimônio com emprego da violência ou
contra vítimas sob medida protetiva. Mas isso não resolve. Acusados de crimes
como corrupção, delitos cibernéticos e golpe de Estado poderão comprar armas
normalmente.
Não é a única insensatez do texto, que reflete posições defendidas pela Frente Parlamentar de Segurança Pública, conhecida como bancada da bala. Ele abre prazo de um ano para regularizar armas consideradas ilegais desde o Estatuto do Desarmamento (o prazo oficial expirou em 31 de dezembro de 2008). Ainda acaba com a necessidade de declarar uma razão que justifique o pedido de registro e aumenta de três para cinco anos sua validade.
Não houve grandes dificuldades para o projeto
avançar na Câmara. Ele não enfrentou resistência nem da base do governo. Depois
de incluída no texto a lista de condenações para as quais a compra continuaria
proibida (no projeto original nem isso havia), os deputados selaram um acordo
para votação simbólica. É verdade que, segundo o deputado Alencar Santana
(PT-SP), não há compromisso do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva em sancionar o projeto. Por que aprová-lo então?
Vai-se desmontando aos poucos a anunciada
política de desarmamento do governo Lula. Ao assumir em 2023, ele revogou
acertadamente decretos da gestão Jair
Bolsonaro que facilitavam a compra, a posse e o porte de armas
e munições. Apesar disso, pelas beiradas vai-se minando o Estatuto do
Desarmamento, sancionado por Lula em 2003.
Paralelamente, o governo age para afrouxar
normas que ele mesmo criara. Um exemplo é a proibição de clubes de tiro a menos
de 1 quilômetro de escolas. Pressionado pelos parlamentares, que ameaçavam
derrubar a restrição, o governo refez as regras. Permitiu que os clubes já
existentes passem a funcionar de segunda a sexta-feira das 18h às 22h e
livremente nos fins de semana, para não haver conflito com o horário escolar.
Novos clubes terão de respeitar a distância de 1 quilômetro. Também será
permitida a compra de carabinas, hoje de uso restrito, por colecionadores,
atiradores desportivos e caçadores (CACs).
O governo deveria ser o primeiro a defender o
Estatuto do Desarmamento e as normas que dificultam o acesso a armas e
munições. É um contrassenso, além de um retrocesso, que condenados por crimes —
por qualquer crime — sejam autorizados a se armar. Armas provocam tragédias que
comovem o Brasil diariamente. Nesta semana, uma médica da Marinha morreu depois
de atingida por uma bala perdida dentro de um hospital, situação inimaginável.
O Senado, para onde voltará o projeto, deveria rejeitá-lo. Se passar, Lula deveria
vetá-lo. Nada justifica aumentar a quantidade de armas no país. Todas as
medidas deveriam ser tomadas na direção contrária: reduzir o arsenal que
cresceu assustadoramente no governo passado.
Diferença entre população e eleitorado
levanta suspeita de fraude em votações
O Globo
Em Mangaratiba, os eleitores cresceram para
46,8 mil, enquanto habitantes caíram para 41,1 mil
A reação enérgica e necessária das
autoridades à campanha de desinformação contra a urna eletrônica pode ter dado
a impressão de que as eleições brasileiras estão à prova de fraudes, mas não é
bem assim. Embora o sistema digital de votação esteja comprovadamente blindado,
outras modalidades de burla podem subverter a vontade do eleitor. É no mínimo
espantoso que haja no Brasil 845 cidades com mais eleitores que habitantes. Em
511 delas, enquanto o eleitorado se expandia, a população encolhia. É evidente
que todos esses municípios despertam suspeita de fraudes eleitorais.
O caso de Mangaratiba
(RJ) é o mais gritante. O município da Costa Verde tem, pelos
últimos dados do IBGE, 41,2 mil moradores e 46,8 mil eleitores, quase 9 mil
deles inscritos a partir de 2020, período em que o município perdeu 1.596
habitantes. De acordo com denúncias à Justiça Eleitoral, parte dos novos
inscritos vendeu o voto na última eleição. A vitória de Luiz Claudio Ribeiro
(Republicanos) por 125 votos sobre Aarão de Moura Brito (PP) foi questionada na
Justiça. Ribeiro, como revelou O GLOBO, recebeu votação maciça em seções abertas
para acolher novos eleitores. O processo na Justiça Eleitoral precisa de um
desfecho exemplar para desestimular fraudes.
A legislação não impede que o domicílio
eleitoral seja diferente do residencial. Mas é preciso comprovar alguma relação
com o local em que se opta por votar. A própria lei prevê esse tipo de fraude
ao estabelecer que a Justiça pode determinar checagem de votos se as
transferências de domicílio eleitoral excederem em 10% as da eleição anterior
ou se o número de eleitores for maior que 65% da população local estimada pelo
IBGE. Em Mangaratiba, apenas nos primeiros cinco meses do ano, 5,5 mil pediram
registro eleitoral, mais de 10% da população.
Há diversos casos semelhantes espalhados pelo
país. Maracanã (PA), com 27,4 mil eleitores em 2024, ganhou 3.848 novos a
partir de 2020, enquanto a população perdeu 2.309 habitantes. Terra Alta, no
mesmo estado, com eleitorado de 13.325, registrou 2.761 novas inscrições desde
2020, período em que a população perdeu 1.032 habitantes. Ferreira Gomes (AP)
passou a ter 8.288 eleitores depois da transferência de 2.810 domicílios
eleitorais, apesar de a população ter retrocedido em 822 pessoas. Em Ocara
(CE), houve a chegada de 2.821 eleitores, e a população sofreu queda de 615
habitantes.
Pequenas cidades interioranas costumam passar
por esvaziamento demográfico, com a saída dos mais jovens para centros urbanos.
Isso torna inexplicável a ampliação do eleitorado. Mangaratiba, por estar perto
de um grande centro, chama mais a atenção. Nos estados e municípios menores,
esse tipo de burla só será detectado em uma análise acurada das estatísticas
eleitorais e demográficas. É fundamental que o Ministério Público Eleitoral
cuide disso.
Inflação para de cair nos países ricos e pode
afetar corte de juros
Valor Econômico
Não é só a inflação brasileira que está sendo
coagida pela combinação de estímulos fiscais, aumento do consumo e mercado de
trabalho apertado
A inflação resiste e parou de cair nos países
desenvolvidos. Ao contrário, subiu um pouco nos Estados Unidos, enquanto os
núcleos, tanto ali quanto na Europa, se mantêm muito acima das metas
perseguidas pelos bancos centrais. Havia um movimento sincronizado de recuo
inflacionário global, mas ele foi interrompido. A China, por outro lado,
enfrenta uma real ameaça deflacionária e tem contribuído, via exportações, para
amenizar pressões de preços nos demais países.
Não é só a inflação brasileira que está sendo
coagida pela combinação de estímulos fiscais, aumento do consumo e mercado de
trabalho apertado. Os Estados Unidos, embora em situação muito mais
confortável, apresentam sintomas semelhantes. O índice de preços ao consumidor
de novembro (CPI) subiu a 2,7%, ante 2,6% em outubro, que por sua vez foi maior
do que os 2,4% de setembro. Os preços foram puxados pelos gastos com habitação.
O núcleo de inflação, que expurga variações dos preços de energia e da comida,
subiram 0,3%, para 3,3% anuais.
A pouco mais de um mês da mudança de
diretrizes econômicas com a posse, na presidência, do republicano Donald Trump,
a economia americana se mantém em boa forma. O temor de uma desaceleração grave
da oferta de empregos, consubstanciada nos números fracos de outubro, que
incorporou greves nas montadoras e efeitos de furacões no golfo do México, se
dissipou. A criação de vagas retomou seu ritmo de 220 mil em seguida, e as
estimativas apontam que o PIB americano poderá crescer acima dos 2,5% este ano.
O Federal Reserve (Fed, o banco central
americano), diante do bom desempenho econômico, indicou que a redução dos juros
deverá ser mais lenta do que poderia se esperar quando o ciclo de baixa se
iniciou. Jerome Powell, presidente do Fed, disse na semana passada que o ritmo
econômico atual retirava a urgência do ajuste monetário e que poderia a partir
daí adotar um “passo mais cauteloso nos cortes”.
A prudência, que ao que tudo indica não
impedirá o Fed de reduzir os juros em mais 0,25 ponto percentual na reunião da
próxima semana, é reforçada pela troca de comando no governo americano. Trump
ameaça uma guerra tarifária contra o mundo, começando com China (e seus
parceiros de acordo comercial), México e Canadá, três principais fornecedores
de bens e mercadorias aos Estados Unidos. Levada a cabo, seus efeitos
inflacionários são certos e esperados. O Fed não terá outro caminho a não ser
pausar a redução dos juros e, dependendo da pressão dos preços, voltar a
aumentá-los.
A rota dos preços é mais ou menos parecida na
zona do euro, embora em um contexto diferente. Enquanto nos Estados Unidos o
crescimento robusto não deixa que a inflação caia rapidamente, mas aos poucos,
na União Europeia é a ausência de expansão que recomenda uma receita diversa da
americana: corte de juros. Em outubro, o índice de preços ao consumidor voltou
a 2%, depois de ter recuado a 1,7% no mês anterior. A meta do Banco Central
Europeu é de inflação perto, mas abaixo de 2%. O núcleo da inflação, porém,
está bem distante disso, 2,7%, e o dos serviços, que dificultam a queda dos
preços também no Brasil e EUA, roda perto dos 4%.
O crescimento na zona do euro continua
anêmico, 0,8% este ano, com recessão ou estagnação em sua principal economia, a
Alemanha. O BCE reduziu a projeção para o PIB em 2025, de 1,3% para 1,1%. A
ameaça de nova guerra tarifária de Trump pode reduzir um dos polos dinâmicos da
economia europeia, as exportações. A menor expansão da economia chinesa vai na
mesma direção negativa, afetando em especial o comércio alemão, que tem no país
um de seus principais mercados. Embora ontem o BCE tenha cedido aos apelos de moderação
e cortado os juros em 0,25 ponto percentual, para 3%, a expectativa ainda é que
se estabeleça uma cadência de cortes maiores nos próximos meses.
Na contramão dos países ricos ocidentais, a
China vive clara ameaça deflacionária. A inflação anual em novembro foi de
apenas 0,2%, e o núcleo da inflação foi menor ainda, 0,1%. O índice de preços
ao produtor caiu pelo 26º mês consecutivo, com ênfase em máquinas e
equipamentos elétricos, computadores e produtos eletrônicos. A aceleração da
exportação desses produtos a todos os mercados contribui para reduzir a
inflação nos países importadores.
Para o Brasil, importa mais a possível
retranca americana nos juros que os cortes na zona do euro. Um ritmo mais
intenso de aumento dos juros pelo Copom poderia favorecer a valorização do
real, o que não tem ocorrido até agora, mas não está descartado no futuro
próximo. O principal fator em ação é a fragilidade fiscal do governo Lula,
embora o cenário externo com Trump seja o de dólar forte. Ações mais
consequentes para colocar em ordem as contas públicas poderiam ter um efeito
significativo em reduzir pressões e expectativas inflacionárias. Sem isso, a
alta dos juros internos contribuirá cada vez mais para ampliar os déficits
nominais e a percepção de que o país possa não ser capaz de honrar sua dívida.
BC faz o que é preciso, mas sozinho não
impedirá crise
Folha de S. Paulo
Choque de juros mostra disposição para buscar
a meta de inflação; sem ajuda de Lula, custos fiscais e sociais crescerão
O Banco Central autônomo,
mais uma vez, precisa carregar nas costas a política econômica sob Luiz Inácio
Inácio Lula da
Silva (PT).
Com a decisão contundente de promover um choque de juros,
o Comitê de Política Monetária enfrenta uma onda de incerteza gerada pela
política fiscal insustentável do governo, que lançou a cotação do dólar acima
dos R$ 6.
A taxa Selic foi elevada
em 1 ponto percentual, de 11,25% para 12,25% ao ano, e o comunicado
do Copom indicou
que haverá altas dessa magnitude em suas próximas duas reuniões —que ocorrerão
em janeiro e março sob o comando de Gabriel
Galípolo, indicado ao posto por Lula.
Até poucos dias atrás, a expectativa
predominante era de um aumento de 0,75 ponto, que já significaria uma
aceleração. Em setembro, a taxa básica subira 0,25, e em novembro, 0,5 ponto.
Diante da disparada do dólar após o pífio
pacote de contenção de gastos do governo, o BC teve de optar por uma
medida mais drástica.
De acordo com o comunicado oficial, todos os
nove membros do Copom votaram juntos —a ata da reunião deverá esclarecer na
próxima semana se houve alguma divergência durante as discussões. De todo modo,
trata-se de um passo importante para reforçar a credibilidade do novo comando
da política monetária.
Mais controverso foi o
anúncio de que haveria vendas de até US$ 4 bilhões no mercado.
Afinal, num regime de câmbio flutuante
como o brasileiro, não é papel do BC controlar cotações, e eventuais
intervenções devem ser pontuais e destinadas a resolver problemas momentâneos
de oferta.
Nas palavras do próprio Galípolo, a
instituição "não segura no peito" o dólar —que, neste momento de
tensão, varia até ao sabor das notícias sobre a saúde do presidente da
República.
Fato é que nada afastará o risco de uma crise
econômica enquanto o governo não conseguir restabelecer a confiança em suas
contas. Apontar que o déficit orçamentário caiu neste ano é de pouca valia
quando a base de comparação é o rombo exorbitante produzido no ano passado.
Há que indicar providências efetivas capazes
de sustar, num horizonte visível, a escalada da dívida pública, que desde o ano
passado saltou de 71,7% para 78,6% do Produto Interno Bruto.
A política fiscal, ademais, precisa ajudar o
BC na dura missão de levar a inflação de
2025, ora projetada em 4,6%, para a meta de 3%. Hoje, a alta contínua dos
gastos públicos, com a qual a administração petista impulsiona um crescimento
econômico de duração duvidosa, pressiona também o consumo e os preços.
Se toda a tarefa ficar com os juros, a Selic
nas alturas arruinará ainda mais as contas do Tesouro Nacional; dúvidas quanto
à solvência do Estado manterão o dólar em alta, e com ele mais inflação e
juros, até o ponto em que empregos serão destruídos e a pobreza voltará a
crescer. Essas são as contas que todos fazem, ou deveriam fazer, no momento.
Faixa de Gaza puxa a alta global de
morticínio
Folha de S. Paulo
Resposta brutal de Israel ao ataque do Hamas
ultrapassa limites e ajuda a elevar cifra nefasta de óbitos em guerras
Ao longo desta quinta (12), ao menos 36
pessoas morreram em dois ataques aéreos de Israel na Faixa de Gaza.
O Estado judeu afirma que as ações visavam
comboios humanitários sob ataque do Hamas,
já palestinos dizem que havia membros do grupo terrorista entre os mortos mas
também inocentes.
Isso não interessa aos cadáveres, que serão
incorporados à conta a ser debitada da sangrenta guerra em curso no exíguo
território, com área equivalente a um quarto da cidade de São Paulo.
O gatilho do conflito foi o bárbaro ataque do
Hamas em 7 de outubro de 2023, por evidente, porém a continuidade da guerra por
conveniência do governo de Binyamin
Netanyahu ultrapassou
os limites da razoabilidade há bastante tempo.
O ente terrorista já foi dobrado, enquanto os
israelenses tiveram tempo para dizimar a
estrutura de seus aliados libaneses do Hezbollah,
acuar o Irã e ver o fim da ditadura síria que azeitava a roda do horror na
região.
Ainda assim, Netanyahu segue com o dedo no
gatilho em Gaza. Sem surpresa, o embate foi responsável pela alta global no
número de óbitos oriundos de guerras e conflitos, segundo estudo do Instituto
Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres,
divulgado nesta mesma quinta.
A Pesquisa de Conflitos Armados aponta que as
mais de 40 mil mortes no território palestino entre julho de 2023 e junho de
2024, além das 1.170 em um único dia em Israel, ajudaram a puxar o aumento
global da contabilidade.
Em comparação
com o mesmo período de 2022 a 2023, a alta foi de 37%. Há lacunas
assumidas no estudo, como o fato de que o segundo lugar no mórbido ranking, a
Guerra da Ucrânia,
não computa as milhares de baixas russas.
Entretanto o impacto da carnificina na Faixa
de Gaza é enorme, o que levou o Oriente Médio e
o Norte da África ao
segundo posto nominal em óbitos.
O primeiro, de 14 nações africanas
subsaarianas em guerra, empalidece com a comparação proporcional: nelas, há 8,2
vítimas por 100 mil habitantes; em Gaza, mais de 2.100 por 100 mil.
Ao Brasil, que tem lugar na análise devido ao
poder do crime organizado, o estudo concedeu uma boa notícia: o país caiu de 6º
para 10º no ranking. Ainda assim, é algo a relativizar, dado que muitas das
cerca de 50 mil vítimas anuais no país tombaram de forma indireta pela ação de
milícias e do tráfico de drogas.
O que é certo, e evidente com a tragédia em
curso no Oriente Médio, é que o mundo vive uma de suas eras mais violentas
desde a Segunda
Guerra Mundial.
A pancada do Banco Central
O Estado de S. Paulo
Ao elevar os juros em 1 ponto, o BC fez sua
parte para tentar conter as expectativas do mercado e cumprir sua missão, que é
segurar a inflação. Falta o governo fazer a parte dele
Solitário na tarefa de conter a inflação e
segurar as expectativas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco
Central (BC) decidiu aumentar a taxa básica de juros em 1 ponto porcentual,
para 12,25% ao ano. Mais do que isso, explicitou que fará mais duas elevações
de mesma magnitude, que levarão a Selic a 14,25% ao ano em março.
Além de elevado, é um marco simbólico, por
dois motivos. Primeiro, é o mesmo nível dos juros do início do segundo mandato
de Dilma Rousseff, que antecedeu à grande recessão legada pela presidente
petista. E é um patamar que superou a máxima observada durante o governo Jair
Bolsonaro, de 13,75%, alcançada nos últimos meses de sua gestão.
Juros altos, como se vê, são apartidários.
Não são exclusividade de governos de direita ou de esquerda, tampouco um
fenômeno aleatório da natureza. São apenas a face mais visível de
administrações que menosprezam a importância da responsabilidade fiscal e sua
relação direta com a inflação para priorizar medidas populistas que facilitem
sua permanência no poder.
Por óbvio, o BC não teria como desconsiderar
a péssima repercussão do ajuste fiscal anunciado pelo governo no fim do mês
passado. As medidas, além de insuficientes para conter a trajetória da dívida
pública, ainda foram eclipsadas pela ideia de isentar do Imposto de Renda quem
ganha até R$ 5 mil mensais. Depois disso, o dólar rompeu a barreira dos R$ 6 e
os juros futuros superaram 14% ao ano.
O tom do comunicado do Copom foi realista ao
reconhecer o quanto as expectativas dos agentes econômicos sobre o cenário
fiscal têm afetado, e de forma relevante, os preços dos ativos, especialmente o
prêmio de risco e a taxa de câmbio – o que, por consequência, impacta a
condução da política monetária.
O mercado já contava com um aumento nos
juros, mas a maioria dos analistas esperava uma alta de 0,75 ponto porcentual.
Essa era a aposta de 26 das 38 instituições consultadas, segundo pesquisa
realizada pelo Projeções Broadcast, enquanto 11 delas projetavam a
elevação de 1 ponto. Apenas uma das instituições consultadas apostava numa
elevação mais tímida, de meio ponto.
Mais do que a decisão em si mesma, o que
surpreendeu foi a sinalização de que a mesma pancada virá nas próximas duas
reuniões do Copom, a serem realizadas em janeiro e março. O BC abandonou essa
prática em maio, quando a diretoria se dividiu, por cinco a quatro, entre
aqueles que preferiam uma redução de 0,50 ponto e os que votaram em uma queda
de 0,25 ponto.
Desta vez, todos os diretores parecem ter
concordado sobre a orientação futura a ser adotada na condução da política
monetária, uma sinalização importante às vésperas de Roberto Campos Neto deixar
o BC. Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula da Silva, iniciará seu
mandato como presidente da instituição com decisões amarradas nas próximas duas
reuniões, o que ajuda a vencer eventuais desconfianças sobre suas intenções no
cargo.
Com maioria de nomes indicados por Lula da
Silva no Copom a partir do ano que vem, o governo e o PT terão de achar outro
bode expiatório a quem culpar. Nada, no curto prazo, indica que o cenário com
que o Banco Central trabalha deva melhorar.
No comunicado, o BC reiterou que os
indicadores sobre a atividade econômica e o mercado de trabalho continuam a
apresentar dinamismo e destacou que o resultado do PIB do terceiro trimestre
reforçou essa tese. Tanto a inflação quanto seus núcleos seguem acima da meta e
as expectativas mantêm trajetória de alta para este e os próximos dois anos.
O câmbio não ajudará na tarefa de perseguir a
meta de inflação. Além da pancada nos juros, o Copom aproveitou o ensejo para
anunciar leilões cambiais e injetou US$ 4 bilhões no mercado. Como resultado, a
moeda norte-americana recuou e abriu a sessão perto de R$ 5,90 na quinta-feira,
mas voltou a fechar em R$ 6,00 ao fim do dia.
Em suma, os riscos que marcavam o cenário
doméstico se materializaram, fazendo com que as incertezas se transformassem em
adversidades que já não podem mais ser ignoradas. O BC fez sua parte para
tentar conter as expectativas e não parece disposto a abdicar nem de sua
autonomia nem de sua missão. Falta o governo fazer a parte dele.
Professores que não sabem ensinar
O Estado de S. Paulo
Estudo do Todos Pela Educação revela que os
concursos públicos para seleção de professores não testam a capacidade dos
profissionais de efetivamente saber dar aula
No Brasil, concursos públicos voltados à
contratação de professores praticamente não avaliam a capacidade dos docentes
de dar aula, aponta estudo recém-divulgado pelo Todos Pela Educação. De acordo
com a ONG, que analisou concursos de 23 Estados e 19 capitais, apenas 3% das
questões das provas de seleção avaliam a capacidade dos candidatos de ensinar
temas específicos, o chamado Conhecimento Pedagógico de Conteúdo. Essa
habilidade fundamental não é cobrada nos concursos de seleção de docentes para
os anos finais (6.º ao 9.º) do ensino fundamental.
Os dados são preocupantes porque a principal
função do professor é, obviamente, saber ensinar – o que presume não apenas o
domínio do conteúdo, mas a capacidade de estimular os alunos a refletir sobre o
conhecimento transmitido. Quando falham em aferir esta competência, os
concursos acabam funcionando mais como um mero vestibular, como bem definiu
Ivan Gontijo, gerente de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação.
Grandes especialistas em suas áreas nem
sempre são capazes de explicar as ideias que tão bem conhecem, os conceitos que
formularam ou os mistérios que destrincharam, o que só reforça a necessidade de
que o professor, ao contrário do vestibulando, não se limite a repetir
conceitos consagrados.
Ao examinar 76 provas de diferentes bancas de
avaliação e cerca de 5 mil questões objetivas, o Todos pela Educação chegou à
conclusão de que tanto nas redes estaduais (66%) quanto nas municipais (70,2%)
predominam questões que testam os aspectos teóricos das disciplinas. Provas que
cobram o aspecto prático do ensino são aplicadas em apenas quatro redes
estaduais e cinco municipais.
Diante deste cenário, é urgente que o
processo de seleção de professores seja aprimorado. O ministro da Educação,
Camilo Santana, defendeu há poucos dias, em evento promovido pelo Estadão, a
criação de uma prova nacional de ingresso na carreira docente, medida que, se
implementada, pode aperfeiçoar o processo de seleção de professores e
racionalizar custos.
De acordo com Gontijo, é muito mais fácil
produzir uma única prova que sirva como um filtro nacional de seleção do que
aprimorar 5 mil concursos diferentes Brasil afora. Um teste nacional também
permitiria que Estados e municípios passassem a ministrar provas para avaliar a
capacidade de dar aulas daqueles professores que já tivessem passado pelo
filtro do conteúdo no teste nacional, o que, além de garantir que os
professores contratados saibam ensinar, ainda permitiria a economia de recursos
públicos.
Nessa fase de avaliação prática, sugere o
Todos pela Educação, o professor poderia, por exemplo, simular uma aula,
permitindo aos examinadores uma análise da capacidade de planejar atividades
pedagógicas e da gestão do ambiente de aprendizagem.
A avaliação do “saber dar aula” também é
necessária para que cursos de Pedagogia aperfeiçoem suas próprias práticas de
ensino. Não faltam indícios de que a formação dos professores brasileiros é
deficiente, sendo o mais trágico deles o desempenho dos alunos do País em
exames nacionais e internacionais de aprendizagem, como o Ideb e o Pisa, no
qual o Brasil tem desempenho vexatório.
A falta de prática em cursos de formação de
professores, por sinal, já havia sido demonstrada pela pesquisadora Bernardete
Gatti há mais de 15 anos. Tempos depois, em 2018, em entrevista à revista da
Fapesp, ela chamava a atenção para o fato de que “os professores de futuros
professores” ou não tinham formação pedagógica ou a receberam em condições
bastante genéricas.
Os estudos do Todos Pela Educação e da
professora Gatti deixam claro que há um círculo vicioso: professores não
recebem formação para dar aulas, realidade mascarada pelo fato de que esta
habilidade não é testada nos concursos.
Para o bem de alunos, de professores e do
sistema de ensino brasileiro, é preciso que os processos de seleção sejam
urgentemente aperfeiçoados. O País já dispõe de estudos suficientes para saber
qual é o problema e tomar providências.
Saúde de Lula requer transparência
O Estado de S. Paulo
Tem faltado o que, por ora, é só promessa:
clareza do governo sobre a condição do presidente
O presidente Lula está “neurologicamente
perfeito”, evolui bem após o procedimento complementar feito na quinta-feira e
deve ter alta no início da próxima semana, informou a equipe que o atende,
chefiada pelo médico Roberto Kalil. Segundo ele, desde a internação, que levou
Lula duas vezes à sala de cirurgia devido a um hematoma provocado por
hemorragia intracraniana, o presidente tem “exigido transparência total”. Não
há razão para duvidar da palavra do médico e de sua equipe, um nome reconhecido
por sua capacidade técnica e pelo vasto trânsito que tem com personalidades
políticas. Mas, se quiser converter tal exigência em verdade factual e “total”,
será preciso bem mais do que palavras e boletins médicos diários. Tem faltado o
que, por ora, está no plano da promessa: transparência.
O País assistiu a uma sucessão de
desencontros, ausência de porta-vozes e métodos claros na divulgação das
informações referentes à saúde do presidente. Inclusive no caso do procedimento
complementar. Na primeira entrevista coletiva sobre a cirurgia do presidente,
os médicos foram questionados se havia a possibilidade de novos sangramentos e
garantiram que não, uma vez que, segundo se disse, o hematoma havia sido
drenado.
No dia em que Lula precisou ser levado ao
hospital, houve omissão deliberada de informação. Naquela noite, integrantes da
Secretaria de Comunicação Social da Presidência e do Hospital Sírio-Libanês
negaram que o presidente tivesse sido hospitalizado. A declaração oficial só
viria na madrugada, quando Lula já estava em São Paulo. Dois dias depois,
assessores pareciam incapazes de prestar esclarecimentos adicionais ao boletim
médico que informou sobre o segundo procedimento. Soube-se que esses assessores
só tiveram informações após a divulgação do boletim, isto é, juntamente com os
jornalistas. A falta de transparência tem sido recorrente em episódios
envolvendo a saúde de Lula – quando ele caiu no Palácio da Alvorada, em
outubro, a informação tornou-se pública só um dia depois, em reportagens
jornalísticas, sem informes oficiais. Ora, a transparência sobre a saúde de
Lula não pode se restringir aos boletins e entrevistas coletivas dos seus
médicos. É um dever da própria Presidência.
O Brasil é ressabiado com boletins médicos
desde os episódios envolvendo a agonia de Tancredo Neves, então presidente
eleito, há quase 40 anos. Na época, o primeiro boletim oficial foi otimista,
informando que Tancredo passara por uma cirurgia para remover “aderências”
intestinais. A farsa prosseguiu, com a informação de que Tancredo tivera uma
diverticulite, quando ele jamais apresentou tal quadro. As razões de sua morte
geram controvérsias até hoje. Foi um calvário que começou com um diagnóstico
errado, aprofundou-se com uma bagunça generalizada na equipe médica que o
atendeu no Hospital de Base de Brasília e seguiu com informações desencontradas
e pouco transparentes em São Paulo, onde Tancredo morreria dois meses mais
tarde.
Hoje são evidentes as debilidades na divulgação das informações sobre a saúde de Lula. Este jornal deseja uma pronta e rápida recuperação do presidente, como prometeu seu médico nesta semana. E o País exige uma transparência total e absoluta sobre um tema que deveria ser tratado como uma questão de Estado.
Pauta prioriza polêmicas
Correio Braziliense
Ao articular por mais poder no orçamento
público, o Congresso voa textos da chamada "pauta de costume" e
desgasta sua imagem perante a opinião pública
Na reta final do seu mandato como presidente
da Câmara dos Deputados, Arthur Lira estendeu o tapete vermelho para pautas
polêmicas. Entre quarta e quinta desta semana, os parlamentares aprovaram em
plenário propostas que flexibilizam o acesso às armas no Brasil e permitem a
castração química de pessoas condenadas por pedofilia em trânsito em julgado —
sem possibilidade de recurso.
Os acenos de Lira aos parlamentares
conservadores acontecem em um contexto de pressão do Legislativo contra o
governo federal. Com o Orçamento de 2025 travado há cerca de uma semana para o
fim do ano útil e diante dos impasses sobre o pacote de corte de gastos e a
Reforma Tributária, fechou-se os olhos para a ordem do dia e investiu-se na
pressão para obter a liberação de R$ 10 bilhões em emendas.
Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ),
a principal da Câmara, a bancada da bala articulou e conseguiu a aprovação de
duas outras propostas com viés conservador — essas ainda precisam passar pelo
plenário. O primeiro texto permite que produtores rurais acionem a polícia para
retirar invasores de suas terras. Hoje, é necessária uma decisão judicial. O
segundo determina a recontagem de votos no sistema eleitoral brasileiro a
partir da adoção do voto impresso.
Chama a atenção o fato de os dois textos
passarem na CCJ quando, na análise de juristas, são claramente
inconstitucionais. Na prática, as matérias dificilmente chegarão ao papel
timbrado. Funcionam, de fato, para a chamada "lacração". É munição
para gerar conteúdo em rede social e engajar os seguidores. Em termos de
política pública, até por suas inconstitucionalidades, as propostas pouco têm
efeito sobre o cotidiano do cidadão, ao contrário da atrasadíssima pauta
econômica barganhada a cada minuto da reta final do ano legislativo.
Aprovados em plenário, a proposta que
flexibiliza o acesso às armas e o projeto que permite a castração química de
pedófilos ganham outro caráter em termos de relevância. Por já estarem nas mãos
do Senado Federal, esses textos têm chance de chegar à mesa do presidente Lula.
A sanção ou não, porém, é incerta.
No caso das armas, a ideia dos deputados
federais é permitir o registro de itens hoje considerados ilegais, seja por
registro vencido, seja por nunca emitido. Trata-se de mais uma suavização do
Estatuto do Desarmamento, em vigor desde 2003 e que passou por retrocessos nos
últimos anos. O proprietário desses objetos, pelo projeto aprovado, terá um ano
para regularizar a situação.
Vale observar que a bancada da federação
PT-PCdoB-PV liberou os deputados para votarem como bem quisessem sobre o PL que
flexibiliza o acesso às armas. O governo, por sua vez, deu parecer favorável à
proposta. Pouco adianta o Planalto se portar como desarmamentista quando, na
prática, não se coloca no caminho de textos tão criticados por especialistas em
segurança pública.
Quanto à castração química de estupradores, o
texto prevê que o procedimento se dará a partir do consumo de comprimidos que
inibem a libido. Se a proposta tem validade ou não cabe à análise de
especialistas, mas é certo que não há o mesmo empenho dos congressistas
brasileiros para combater a violência sexual contra crianças e mulheres quando
a política proposta tem menor potencial de espetacularização.
Inevitavelmente, ao articular por mais poder no orçamento público por meio das emendas, o Congresso tem um desgaste da sua imagem perante a opinião pública. Votar textos da chamada "pauta de costumes" gera conteúdo para os perfis do Instagram ao mesmo tempo que retira o toma lá, dá cá dos holofotes. Afinal, qual deveria ser a prioridade em prol do interesse público?
7 comentários:
Enquanto isso :
" No Brasil, 51% das crianças do 4º ano do ensino fundamental não dominam habilidades básicas de matemática, como fazer tabuada, interpretar gráficos simples ou somar e subtrair números de três algarismos (200 - 150, por exemplo). Elas sequer alcançam o nível de conhecimento considerado "baixo".
É o que mostram os resultados do Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (Timss, em inglês), divulgados nesta quarta-feira (4) pela Associação Internacional para a Avaliação do Desempenho Educacional (IEA). As provas são aplicadas a cada 4 anos, desde 1995 — mas esta é a primeira participação brasileira no exame. "
( G1 )
😏😏😏
E vc não domina o "brasileiro", pois usa o "sequer" errado. MAM
kkkkkkkkkkkk Marcos MAM (Muito Asno Mesmo) quer corrigir o que SEQUER está errado... kkkkkkkkk
Rapá! Anônimo, notório analfabeto além de covarde, não sabe que sequer é sinônimo de ao menos ou pelo menos, dando à palavra um sentido negativo que não tem, pois exigiria "nem" antes.. Dizer o quê? O Jumento, tremendo mau caráter, também é metido a engraçado. Mas é apenas um FDP². MAM
Sequer = NEM MESMO! Pra que vai precisar de "nem" antes??? Falta Educação de vários tipos pro Marcos MAM (ou MJM).
É com este tipo de gente que discutimos aqui. O desgraçado é um tremendo FDP, daí não ter nome para apresentar. Além disso, é um tremendo FDP², ou seja, farsante da politica e filho de putin. Por último, analfabeto. Sequer para ele é sinonimo de nem mesmo! Em qual dicionário esse vagabundo conseguiu essa explicação?
A IA do Google explica assim:
"A expressão "nem sequer" é a forma correta de indicar negação, enquanto "sequer" sozinho não tem sentido negativo.
"Sequer" é um advérbio de intensidade que significa "pelo menos" ou "ao menos". Para indicar negação, deve ser acompanhado de uma partícula negativa, como "nem", "nunca" ou "sem". Por exemplo:
"O pai nem sequer foi avisado"
"Partiu sem sequer nos avisar"
"Por vezes, vemos quão limitada pode ser a linguagem verbal, pois nem sequer conseguimos expressar integralmente nossos pensamentos e/ou sentimentos"
No entanto, no português moderno, é cada vez mais frequente o uso isolado do advérbio "sequer" em construções que explicitam uma negação. "
O que, sô! Português moderno? Sim, esse que é falado pelos petralhas e boçalnaristas, como os dois anônimos que aqui se apresentam.
Já o dicionário online explica que:
"Para indicar negação, a forma mais correta é nem sequer. Apesar disso, a utilização isolada do advérbio sequer indicando uma negação é frequente entre os falantes.
Segundo a gramática normativa, o advérbio sequer necessita de uma palavra que lhe confira um sentido negativo para indicar negação, como nem, não, nunca, sem,… Apesar disso, pela força do uso, o sentido negativo do advérbio sequer já se encontra reconhecido e dicionarizado.
Dicionarizado? Bem que usa tal expressão arrepia até os cuelhos! O diabo é que é cada vez mais comum gerar verbos com subtantivos.
A confusão para os que são analfabeto ( assim, como bastardos) vem do uso em frases negativas. Veja o exemplo do Michaelis:
A confusão para os analfabetos, assim como para os que tem QI de ameba tetraplegica, como o imbecil que se chama anônimo, vem do uso do "seuqer" em frases que negam uma situação qualquer. Avalie o exemplo do Michaelis?
sequer
se·quer
adv
1 Ao menos, pelo menos: Não havia sequer cadeiras.
2 Nem mesmo: Não tem sequer uma casa e se diz rico.
Ou seja e respondendo a pergunta do jumento: precisa-se do "nem" quando a frase é afirmativa, como a do texto em questão:
"Elas sequer alcançam o nível de conhecimento considerado "baixo"."
O animal aqui presente resolveu fazer graça e se fodeu. Aliás, ele escreve "se fudeu-se"... MAM
MAM
Postar um comentário