É imoral e custoso restaurar quinquênio pago aos juízes
O Globo
Depois de fracasso de PEC, tribunais tentam
ressuscitar os aumentos automáticos por via administrativa
No momento em que o país precisa conter os
gastos públicos para equilibrar suas finanças, ministros do Superior Tribunal
de Justiça (STJ)
e do Tribunal Superior do Trabalho (TST)
ressuscitaram, a pedido da Associação dos Juízes Federais (Ajufe), o pagamento
de reajustes automáticos de 5% aos magistrados a cada cinco anos, conhecido
como quinquênio. Extinta em 2006, essa benesse não obedece a nenhum parâmetro
de mérito e deixa de considerar a situação fiscal crítica do país. O salário
dos magistrados — uma das categorias mais privilegiadas do funcionalismo
público — sobe por inércia com o passar do tempo, mesmo que a Justiça seja
conhecida por lentidão e burocracia.
A decisão deixa dúvida se será obedecido o teto salarial do setor público, estabelecido pela Constituição em R$ 44.088,52, remuneração de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). A bolada que juízes receberão com os atrasados e o próprio quinquênio, oficialmente chamado de Adicional por Tempo de Serviço (ATS), é considerada “indenizatória” e não se submete ao limite constitucional. Por enquanto, apenas o TST determinou o pagamento dos atrasados. É difícil, porém, que o STJ resista a pressões e não siga a Justiça do Trabalho. E é evidente que o sucesso incentivará juízes e desembargadores dos demais tribunais a tentar obter o mesmo privilégio.