Valor Econômico
Pesquisa verificou potencial de voto de dez nomes, no maior levantamento já feito pelo instituto
A notícia mais estratégica da pesquisa da
Genial/Quaest divulgada na manhã desta quinta-feira (12) está
no alto da primeira página, que, por tratar das especificações técnicas, poucos
se dão ao trabalho de ler. A rodada entrevistou 8.598 pessoas em todo o país,
com amostras mais substantivas em São Paulo, Minas, Bahia, Pernambuco, Goiás e
Paraná. É um quórum extraordinário, que permite uma margem de erro de apenas um
ponto percentual.
A Quaest nunca havia feito nada semelhante.
Ao longo de toda a campanha eleitoral, o instituto trabalhou com amostras de
até 2 mil questionários. É parte de um projeto que incluirá, ao longo do
próximo ano, mais três pesquisas do gênero, que visam a ter um detalhamento
maior em Estados de potenciais candidatos à Presidência.
A explicação, dada por Felipe Nunes, diretor do instituto, não impede que se constate também que o custo de uma pesquisa tão grande apenas se justifica se o contratante precisa posicionar suas fichas para a sucessão de 2026. Este não é o comportamento de um único banco, mas de todo o mercado financeiro na virada deste biênio.
O campo da pesquisa foi feito antes da
internação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A notícia de que passaria por
um segundo procedimento levou o dólar a cair abaixo dos R$ 6
pela primeira vez em dezembro. Isso pode acontecer por muitas razões, inclusive
a expectativa de que o presidente esteja fora do jogo de sua sucessão.
A informação sobre o
potencial de voto de Lula (52%), muito superior a todos os demais
pré-candidatos, desde o inelegível Jair Bolsonaro (37%), até Tarcísio de
Freitas (22%) e Ronaldo Caiado (14%), não converge, portanto, com as
expectativas dos donos do dinheiro.
Por isso, as informações claras e objetivas
sobre o estado de saúde do presidente não são apenas uma obrigação de um
governo inexplicavelmente sem porta-voz, mas também um dado decisivo para a
decisão de voto do eleitor e para o posicionamento dos agentes financeiros.
Nesta rodada, apesar da aposta majoritária na recondução de Lula em 2026, 40%
do eleitorado acham que o presidente não deveria se recandidatar. Eram 45% em
julho deste ano.
Até o surgimento desta pesquisa, a aposta
geral da nação financeira era no governador Tarcisio de Freitas, a despeito da
manutenção do secretário Guilherme
Derrite na Secretaria de Segurança Pública do Estado. O
governador de São Paulo não perde apenas para seu padrinho político mas também
para o ministro Fernando
Haddad (31%), para o ex-ministro Ciro Gomes (29%), que não
estava no cenário de ninguém, para Michelle
Bolsonaro (28%) e até para Pablo Marçal (25%).
Entre os governadores
da direita, Tarcísio permanece mais competitivo que Ratinho Jr. (19%) e Ronaldo
Caiado (14%), como pré-candidato à Presidência, mas a avaliação local de suas
políticas públicas é inferior à dos demais. Dos seis
Estados avaliados, a segurança pública paulista é a pior de todas. Tem uma
imagem positiva de apenas 27%, mais baixa que a de Pernambuco (30%), Bahia
(31%), Minas (37%), Paraná (50%) e Goiás (71%).
São Paulo também perde para todos os demais
na educação, na saúde e na habitação e é competitivo, sem liderar em nenhum
deles, na infraestrutura/mobilidade, geração de emprego e renda, e transporte
público. Se as políticas públicas adotadas em seu Estado são a base para uma
plataforma nacional, há um sinal indiscutivelmente amarelo para o governador
paulista.
A fragilidade de Bolsonaro, que Nunes vê como
um dos principais resultados da pesquisa e relaciona com o golpismo, ainda que
não tenham sido divulgados gráficos que o atestem, torna ainda mais premente
este comparativo entre as lideranças de direita.
A ex-primeira-dama tem sido a liderança mais
vocal do bolsonarismo em relação às mudanças propostas para o Benefício de
Prestação Continuada (BPC). O governo já aceitou voltar atrás na mudança da
elegibilidade proposta para o benefício, mas a notícia já foi suficiente para
provocar estragos.
Se Haddad tem razão em concluir que déficit
de atenção não pode ser passaporte para um benefício vitalício desde a
infância, é possível atestar o exagero por meio de perícia e cruzamento de
dados como o Ministério do Desenvolvimento Social fez com o Bolsa Família, que
cortou 3 milhões de beneficiários depois de detectadas irregularidades.
O corte era necessário mas, ao fazê-lo sem
alarde, teve um impacto menor, ainda que não desprezível. No Nordeste, região
em que, apesar de permanecer aquela em que sua aprovação é maior, o presidente
perdeu gordura. De abril para cá, o presidente perdeu oito pontos na sua
aprovação em Pernambuco.
A pesquisa também é um alerta para Fernando
Haddad, padrinho do ajuste fiscal. Sua competitividade é o ponto mais relevante
da pesquisa na avaliação de Felipe Nunes, que a atribui à força do governo. A
manutenção deste quadro de bons indicadores para o presidente e sua principal
alternativa, porém, depende da manutenção do crescimento econômico e das
políticas públicas. É o que está em jogo na curva ascendente de juros e no
ajuste fiscal em pauta no Congresso.
8 comentários:
Quem disse que o governo não tem porta-voz ? É a primeira-dama.
😏
A Janja conversa bastante com Tio Paulo
Ela compreende seus sussurros
Sempre por dentro do que se passa com o maridão
Nem um vídeo, nem uma foto real do Tio Paulo despachando da UTI
O Brasil anda tão sem rumo que ninguém está sentado falta do que segura o leme
Estamos sem comandante ,
Haddad é o cara,aliás,sempre foi.
Não ficarei surpreso se Lula despachar os próximos dois anos da UTI....
É o fantasma do Lula que está andando hoje pelos corredores do hospital, né, babaca?
Não ficarei surpreso se o papagaio bolsonarista inventar nova mentira ou outra suspeita infundada amanhã. Ou hoje de noite até...
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