Folha de S. Paulo
Discussão fecha ano em que comissão mais
importante da Câmara foi um playground do atraso
No início do ano, a bancada bolsonarista
recebeu as chaves do colegiado mais importante da Câmara. O grupo levou para a
presidência da Comissão de Constituição e Justiça suas especialidades:
desengavetou pautas ultraconservadoras, fez muito barulho político com poucos
efeitos concretos, produziu conteúdo raivoso para as redes e atropelou a
própria Constituição.
A extrema direita assumiu o controle da CCJ graças a um rodízio que favorece os maiores partidos da Casa. A escolha de Caroline de Toni (PL) para o posto se deu com o beneplácito do centrão de Arthur Lira (PP) e de uma ala do PL considerada menos radical. Todos sabiam que os bolsonaristas usariam a comissão como um playground do atraso.
A diversão da turma foi previsivelmente
sinistra. A comissão aprovou a proibição do aborto legal em caso de
estupro, um projeto inconstitucional que autoriza estados a
legislarem sobre armas, uma proposta para voltar ao tempo das fraudes da contagem
manual de votos e um punhado de retrocessos ambientais.
A maior parte da desgraça foi travada antes
de chegar à votação no plenário da Câmara, mas serviu para consumo interno do
bolsonarismo, sob a forma de vitórias morais e recheio para espantalhos
ideológicos. Quando o assunto era mais sério, os adultos do centrão assumiam o
controle das propostas ou faziam uma intervenção direta, como no caso da
anistia para os golpistas.
A maior contribuição dessa bancada foi
registrada na penúltima seção de 2024, na quarta-feira (11). Durante a votação
do projeto que barra o uso
de celulares em salas de aula, os bolsonaristas se dividiram. Os
mais radicais denunciaram a medida como uma armadilha da esquerda para proibir
alunos de gravarem vídeos da doutrinação nas escolas.
Uma deputada chegou a sugerir que os colegas
de direita que votavam a favor do texto eram "bundas-moles". Sobrou
até para Nikolas Ferreira (PL), insuspeito de ser um moderado. Outro
parlamentar bolsonarista retrucou, reclamando da acusação e ironizando a
necessidade de "pedir autorização para entrar no clubinho"
conservador. O episódio poderia servir como teste psicotécnico para futuras
comissões.
3 comentários:
Quando um esperto e um otário se encontram sempre sai negócio. Enquanto o orçamento é comido pelas beiradas pelas ratazanas, maluco goza nas calças no tribunal das redes sociais.
Depois reclamam das interferências do STF.
O Brasil não é para amadores.
😏😏😏
A direita-delirante e suas pantomimas...
Texto interessante, mas escorregou na penúltima seSSão com cedilha... Aí não dá, Bruno! Ainda existe revisor na Folha ou esta função já foi extinta?
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