Queda no desemprego traz sensação ilusória
O Globo
Apesar do número auspicioso de 2024, cenário
futuro não será bom para o Brasil nem para o governo
A taxa média de desemprego no Brasil em 2024
foi de meros 6,6%, a menor da série histórica iniciada pelo IBGE em 2012. A
medida do bom momento do mercado de trabalho no ano passado fica evidente
quando se constata que o menor índice até então eram os 7% registrados em 2014,
antes de a economia mergulhar em dois anos de recessão profunda. Entre os
avanços de 2024 estão o aumento no número de empregados com carteira assinada e
a alta no rendimento médio entre trabalhadores formais e informais.
A pesquisa Quaest divulgada no início desta
semana captou o efeito do mercado de trabalho aquecido na opinião pública. Em
agosto de 2023, a economia era o tema que mais preocupava 31% dos brasileiros.
De lá para cá, houve queda de 10 pontos percentuais, e a economia deixou de ser
apontada como o principal problema do país.
Mas tal quadro é ilusório e dificilmente será duradouro. Infelizmente, as análises mais confiáveis apontam para reversão dessa tendência. Olhando para a frente, é difícil acreditar que os números auspiciosos de 2024 serão mantidos neste ano. Se o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tiver um mínimo de responsabilidade, eles arrefecerão. Por ter crescido nos últimos dois anos acima do potencial, a economia brasileira está superaquecida. Um dos sintomas é a alta nos preços.