Folha de S. Paulo
Eleição de Hugo Motta aponta para mais
fiascos no Congresso
Sai a República das Alagoas, entra a da Paraíba. A chegada de Hugo Motta à
Presidência da Câmara muda o cenário, mas o fundo permanece o mesmo. Um fundo
de buraco negro e sem fim que sugou mais de R$ 148,9 bilhões em emendas
parlamentares em cinco anos. Um big bang de dindim.
Em 2024 cada deputado levou ao menos R$ 38 milhões em emendas, a maior parte
delas de execução obrigatória aprovada pelo Congresso. A eleição de Motta, com apoio da bancada do PT,
representa o consenso em torno do projeto de poder que enfraquece os
ministérios. Mais verba para obras em redutos eleitorais. Com transparência
zero.
O novo presidente é escolado no assunto. O repórter Fabio
Victor mostrou que, em 2011, ele destinou uma emenda de R$ 2 milhões para
a construção do Teatro Municipal de Patos, no sertão paraibano. O prefeito da
cidade era o pai dele, que soma quatro mandatos e ocupa o cargo hoje. O teatro
não ficou pronto. A construção foi paralisada diversas vezes e enfim abandonada
por falta de pagamentos às empresas e outras irregularidades.
Motta é gente de Eduardo Cunha e Arthur Lira.
Este, para elegê-lo, pôs de lado outro cupincha, Elmar Nascimento, de Campo Formoso, na Bahia, cidade
beneficiada com R$ 63 milhões para obras de pavimentação —um asfalto tão bom
que se desfaz na mão. Com tanto dinheiro rolando, quantas histórias semelhantes
existem Brasil afora?
O que parecia impossível aconteceu. A falsa fidelidade do "toma lá, dá
cá" acabou. Só ficou o "dá cá". Lula 3 terminou seu segundo ano
com número recorde de vetos derrubados no Congresso: 32. O desempenho das
medidas provisórias foi o pior da história: de 133, só 20 foram aprovadas. Com
Motta, nada muda. São esperados mais vetos no âmbito da reforma
tributária e muita pressão para votar o projeto de anistia aos terroristas de 8/1 e a PEC que limita as decisões
monocráticas do Supremo.
Com popularidade em baixa entre os mais pobres e pressionado pelo preço dos
alimentos, Lula lembra um personagem de Polanski. Vive num cul-de-sac.
Nenhum comentário:
Postar um comentário