Repúdio ao 8 de Janeiro é fator de união dos
brasileiros
O Globo
Tentativas de partidos de esquerda de se
apropriar da defesa da democracia é jogo falso e perigoso
Quando a invasão das sedes dos Três Poderes
em Brasília completa dois anos, é um alento para a democracia brasileira a
constatação de pesquisa Quaest de que a maioria esmagadora da população
brasileira (86%) repudia os ataques do 8 de Janeiro. A reprovação é
avassaladora. Acontece em todas as faixas de renda, escolaridade, idade e em
todas as regiões do país. Embora esse percentual tenha recuado 8 pontos em
relação à pesquisa realizada em fevereiro de 2023, quando era de 94%, o
resultado mostra que, na questão central da democracia — se ela deve ser
preservada ou atacada —, o Brasil permanece unido, um resultado notável em
tempos de alta polarização.
Eventos diversos deverão celebrar a vitória da democracia sobre as aventuras golpistas. Mas é preciso cautela. Tentativas do PT e de outros partidos de esquerda de se apropriarem dos atos de repúdio são contraproducentes. A pesquisa mostra que o percentual de eleitores de Jair Bolsonaro em 2022 que desaprovam as invasões (85%) é quase o mesmo entre os de Luiz Inácio Lula da Silva (88%). Apenas a franja radical e inconsequente do bolsonarismo foi a Brasília ou apoiou o vandalismo na Praça dos Três Poderes. É falsa e caluniosa a ideia de que todos os apoiadores de Bolsonaro nas eleições presidenciais são golpistas. A cada 8 de Janeiro, os defensores da democracia nos campos conservador e progressista devem exaltar a comunhão de ideias. Esse é o maior seguro contra tentativas futuras de golpe de Estado.