quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais /Opiniões

Negar gravidade da atual crise fiscal é inadmissível

O Globo

Brasil tem segundo pior rombo nas contas públicas entre 23 países emergentes e desenvolvidos

Num grupo de 23 economias emergentes e desenvolvidas, o Brasil aparece com o segundo pior resultado nas contas públicas. No levantamento que considera receitas, gastos e também despesas com os juros da dívida, apenas Bolívia tem desempenho pior, segundo análise do banco BTG Pactual. Esse foi o quadro registrado nos dois últimos anos e deve se repetir em 2025.

A previsão para os próximos 12 meses é que os bolivianos continuarão em primeiro lugar no ranking dos piores, mas conseguirão reduzir o tamanho do déficit. Por aqui, o cenário é de elevação. Há metodologias diferentes para determinar o quadro fiscal de um país. A que determina a trajetória da dívida pública é justamente a que leva em conta o pagamento de juros. Quanto maior o rombo a cada ano, mais alto o endividamento. É essa a métrica acompanhada pelos investidores. Deveria ser também o principal ponto de atenção do governo federal e dos congressistas.

Tentativas de ilusionismo ou negação não mudaram nem nunca mudarão a realidade. O desempenho brasileiro é ruim sob qualquer ângulo. O resultado é pior que a média dos emergentes, dos desenvolvidos e da América Latina. A previsão do BTG Pactual para este ano é de um déficit de 8,6% do Produto Interno Bruto (PIB). No México, Colômbia, Peru e Chile, o percentual deverá ser inferior a 4%.

Fator Trump pesará na eleição de 2026 - Matias Spektor

Republicano constitui um fator de risco tanto para a situação quanto para a oposição no Brasil

O retorno de Donald Trump à Casa Branca em 2025 projeta uma sombra inquietante sobre o cenário político brasileiro, que se organiza para as eleições presidenciais de 2026. O risco principal não reside no antagonismo direto com Trump, mas em como sua Presidência pode afetar o ambiente político interno às vésperas da corrida eleitoral. Sua posse constitui um fator de risco tanto para a situação quanto para a oposição.

O primeiro e mais imediato desafio vem da economia. As políticas anunciadas por Trump são uma combinação adversa para o governo Lula: pressão inflacionária, fortalecimento do dólar e desaceleração do crescimento chinês. Esse cenário pode comprometer os planos da nova diretoria do Banco Central e dificultar a cambaleante gestão macroeconômica de um governo que já se prepara para o pleito do ano que vem. A deterioração do ambiente externo pode afetar não apenas setores estratégicos da economia brasileira, mas também o humor do eleitor.

Novas frentes para isolar o fascismo - Tarso Genro e Aloysio Ferreira

O Globo

Novo mundo não seria mais uma comunidade de vizinhanças contraditórias, mas uma totalidade do globalismo

Impressiona a naturalidade com que as sociedades das grandes economias do mundo recebem o que pode ser o fim das democracias gestadas nas revoluções Francesa e Americana. A postura fracassada do “apaziguamento” do Acordo de Munique, como filosofia diplomática na década de 1930, desarmou os espíritos para a resistência ao nazismo, tornando os povos dóceis ao pragmatismo e à traição. A docilidade leniente custou milhões de mortos no Holocausto, nos campos de batalha do mundo inteiro, nas cidades incendiadas da União Soviética e de toda a Europa.

Umberto Eco, em 1998, viu a emergência de um novo projeto fascista, presente nas fragmentações da pós-modernidade, que poderia transferir para os Estados dos países ricos o monopólio político das redes, para a construção de um novo mundo. Este não seria mais uma comunidade de vizinhanças contraditórias, mas uma totalidade — esta sim — do globalismo perfeito. Por meio dela, o modo de vida, a cultura e a política seriam uniformizados pela mentira, construções falsas da “verdade” perfeita e inquestionável.

Uma data que Lula não deveria esquecer - Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

O colégio eleitoral deu 480 votos a Tancredo e 180 a Maluf, apesar do boicote da bancada do PT — apenas três deputados participaram e votaram no político mineiro. A eleição representou o fim do regime militar

Após o golpe militar de 1964, que destituiu o presidente João Goulart, a esquerda brasileira se dividiu: uma cobrara mais radicalidade do governo Jango, outra recomendara moderação. A primeira avaliava que o golpe poderia ser evitado se houvesse uma reação armada; a outra, que isso seria inútil e provocaria um banho de sangue.

Na mesma linha de raciocínio, a primeira partiu para a luta armada, acreditava que derrubaria a ditadura com uma revolução. A segunda, considerava essa opção uma aventura fadada ao fracasso. A melhor alternativa seria unir as forças democráticas contra o regime, em defesa das eleições diretas e da convocação de uma Constituinte. Havia liberais que se opuseram ao golpe, entre eles os pessedistas Tancredo Neves (MG) e Amaral Peixoto (RJ).

Foi um longo caminho, que somente se concretizaria em 15 de janeiro de 1985, por uma via que ninguém tinha previsto: a eleição indireta de Tancredo Neves, no colégio eleitoral criado pelo próprio regime para institucionalizar a ditadura.

O velho político mineiro, liberal e conciliador, surfou a onda da campanha das Diretas Já, que mobilizou a opinião pública e promoveu grandes manifestações de protesto. O ponto de partida foi a apresentação de um projeto de emenda constitucional restabelecendo as eleições diretas para presidente da República, em fins de 1983, pelo deputado Dante de Oliveira (MDB-MT).

O que as tarifas podem ou não fazer - Dani Rodrik*

Valor Econômico

Se Trump insistir em seu ponto de vista, a boa notícia, pelo menos para o resto do mundo, é que os custos econômicos serão suportados principalmente pelos americanos

A economia mundial aguarda com pavor a chegada das tarifas comerciais de Donald Trump. Trump claramente adora taxas de importação e prometeu aumentá-las para produtos da China, Europa, México e até mesmo do Canadá. O tamanho do estrago que isso causará depende não só do escopo e da magnitude das tarifas, mas também da finalidade para a qual serão aplicadas.

Economistas não gostam de tarifas por vários motivos. Como toda barreira às trocas de mercado, elas criam ineficiência: impedem que você me venda algo que eu valorizo mais do que você, deixando-nos, a princípio, em pior situação. A teoria econômica reconhece que essa ineficiência pode ser compensada por ganhos noutras áreas. Por exemplo, as tarifas podem ser benéficas na presença de indústrias nascentes, transferência de conhecimento, poder de monopólio ou preocupações com a segurança nacional.

Mesmo assim, os economistas argumentam que as tarifas são um instrumento muito contundente. Afinal de contas, uma tarifa de importação é uma combinação específica de duas políticas diferentes: um imposto sobre o consumo do bem importado e um subsídio à produção para seu fornecimento interno, com taxas iguais. Qualquer objetivo econômico ou não econômico pode ser alcançado de forma mais eficaz com a implementação dessas políticas separadamente e com taxas personalizadas, direcionando-as de forma mais direta aos resultados desejados. Para os economistas, as tarifas são um revólver apontado para o próprio pé.

Um redesenho do mundo - Assis Moreira

Valor Econômico

Brasil precisa gerar outros méritos para se posicionar bem na nova ordem global que se desenha

Mais economistas dão ênfase à centralidade da geopolítica e impactos da fragmentação, em meio a inovação tecnológica, evolução demográfica e mudança climática.

Marcos Troyjo, ex-presidente do banco do Brics e, após um tempo como acadêmico-visitante em Oxford, é agora fellow do Insead, escola de negócios na França, e constata nova ordem que reorienta os investimentos globalmente.

Ele nota que até o advento dos trabalhos de John Maynard Keynes não havia distinção entre micro e macroeconomia. Só a partir de 1936, com a complexidade que ele estava observando e a necessidade de respostas sofisticadas, é que houve uma segmentação que gerou diferentes escolas de pensamento.

Para Troyjo, algo semelhante está acontecendo agora com a geopolítica. O fator geopolítico tornou-se -se de tal forma crucial para as decisões econômicas que cabe falar em eventos “microgeopolíticos” (de enorme impacto, mas ocorrendo em tempos mais curtos), e eventos “macrogeopolíticos” (os que transcorrem num arco cronológico mais amplo).

Perspectivas para o regime de metas de inflação - Benito Salomão

Correio Braziliense

A principal missão da nova composição do Copom é restaurar a confiança no RMI após quase meia década de descumprimento da meta de inflação

Há poucos dias, tomou posse o novo presidente do Banco Central do Brasil (BCB). O economista Gabriel Galípolo assume o lugar de Roberto Campos Neto em um momento bastante desafiador para a sequência do regime de metas de inflação (RMI). Isso porque a inflação brasileira vem performando acima do teto da meta desde a saída da pandemia em 2021 e, ao se concretizarem as estimativas mais recentes do Boletim Focus, o IPCA fechará em dezembro de 2025 em patamares superiores a 5%.

A dimensão do desafio pode ser notada quando o supracitado descolamento da inflação relativa à sua meta ocorre em meio a um dos mais agressivos ciclos monetários observados no país desde a implementação do RMI há 26 anos, em janeiro de 1999. Isso porque o mesmo Boletim Focus projeta Selic acima dos 15% no fim do ano. Esse patamar projetado não acontece há quase duas décadas. Nem nos momentos recentes mais críticos — como a saída da pandemia ou a debacle da Nova Matriz Macroeconômica em 2015, cujos efeitos inflacionários foram agravados por choques de oferta oriundos de um intenso período de estiagem —, a Selic chegou a 15%.

Os números do Orçamento de 2025 - Felipe Salto

O Estado de S. Paulo

O ajuste fiscal precisa ser permanente e, do lado do mercado, espera-se maior boa vontade com aquilo que de positivo acontecer

Os dados do Siga Brasil, sistema do Senado que reproduz a execução orçamentária do governo, apontam um déficit primário (sem juros da dívida pública) de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) ou R$ 44,6 bilhões em 2024. É uma cifra bem melhor do que a obtida em 2023, quando o rombo fora de cerca de 1,6% do PIB, já descontados os precatórios pagos extraordinariamente a partir do comando do Supremo Tribunal Federal (STF).

A meta fiscal de 2024 foi cumprida. Apesar de o compromisso legal ser o resultado zero, há uma banda inferior de déficit de R$ 28,8 bilhões (ou 0,25% do PIB). Como os gastos realizados para o Rio Grande do Sul são abatidos do resultado oficial, o déficit para fins de verificação da meta terminou 2024 em algo como 0,13% do PIB.

Meta de variação do PIB, além da de inflação - Roberto Macedo

O Estado de S. Paulo

Meta inicial de 4% para crescimento sustentável do PIB levaria à discussão dos fatores que hoje conduzem a taxas menores

A inflação brasileira ultrapassou o teto da sua meta em 2024, com o Índic e Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice de preços que pauta a meta da política monetária, subindo 4,83% no ano. A meta é de 3% ao ano, mas com margem de tolerância de 1,5% para cima ou para baixo, que considero alta. Ou seja, 4,5% é o limite superior que em 2024 foi ultrapassado pelos 4,83% citados.

Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula da Silva e que recentemente assumiu a presidência do Banco Central (BC), precisou escrever uma carta explicando o porquê dessa ultrapassagem indesejada. Citou o crescimento da atividade econômica, o dólar em alta e o clima, este prejudicando a oferta de alimentos. Por trás do crescimento da atividade econômica esteve também a política fiscal federal expansionista, que não mencionou explicitamente.

O poder digital - Merval Pereira

O Globo

Falta sensibilidade política à administração pública na divulgação de medidas burocráticas que podem afetar o dia a dia das pessoas

O governo tomou a decisão certa ao cancelar a resolução da Receita Federal sobre o Pix que resultou numa boataria desenfreada sobre a possibilidade de taxação dessa transação financeira que caiu no gosto popular. Isso quer dizer que a criação do Pix não deu votos a Bolsonaro na recente disputa presidencial, mas tirou de Lula, devido a uma mentira deliberada. Esse é um doloroso exemplo para o governo de que sua comunicação está falha, e numa área fundamental, que é a economia popular.

Falta sensibilidade política à administração pública na divulgação de medidas burocráticas que podem afetar o dia a dia das pessoas. Sobra malícia política à oposição para atacar os flancos abertos do governo. É evidente que a comunicação do governo era um setor falho, pois colocar num posto como a Secretaria de Comunicação, num momento em que a tecnologia avançou terrivelmente, um político que nunca fez esse tipo de trabalho foi uma demonstração de que o governo não dava importância para o cargo, para a força que tem hoje a comunicação, especialmente a digital.

O governo a reboque das redes sociais - Bruno Carazza

Valor Econômico

Recuo no caso da fiscalização das transações de pix gera dúvidas se agora a popularidade digital vai nortear a economia

A primeira polêmica econômica do ano é um indicativo de como pode ser a tônica do governo Lula na segunda metade de seu terceiro mandato: uma administração extremamente focada nas repercussões de suas ações nas redes sociais e, consequentemente, com uma alta tendência ao populismo.

A determinação de Lula para que se revogasse o ato normativo da Receita Federal sobre a fiscalização das transações realizadas por Pix, após as reações negativas nas redes e a onda de fake news que se formou, é mais um episódio de como a condução da política econômica parece estar a reboque dos objetivos políticos.

A regulamentação da Receita, em si, fazia todo o sentido econômico: apertava o cerco contra sonegadores, estendendo às operações via pagamentos instantâneos a mesma atenção dada a outras transações bancárias, imobiliárias, de moeda estrangeira, entre outras.

Pix e credibilidade - William Waack

O Estado de S. Paulo

Episódio que levou o governo federal a uma derrota é muito mais significativo do que a força de uma fake news

A derrota do governo na questão do monitoramento do Pix é grave não só pelo estrago causado por uma clara fake news. Mas, sim, pelo grau de desconfiança que ela revela no público em geral, especialmente em relação a autoridades e seu comportamento. O poder de fogo de uma fake news está associado a dois fatores. O primeiro é que seu conteúdo possa parecer verossímil. As pessoas acreditam num conteúdo falso pois consideram alto seu grau de plausibilidade.

O segundo é a ausência de referências – as instâncias tidas como guardiãs da veracidade objetiva dos fatos. Esse papel já foi representado por instituições (como a Receita Federal) ou mesmo a imprensa profissional.

O Pix e a revolta contra impostos - Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

Inimigos do governo exploram medos e a mudança econômica e ideológica contra o Estado

Inimigos e adversários do governo fizeram campanha contra a medida que permitiria à Receita Federal saber de transferências de valor superior a R$ 5.000 —apenas se ampliava o acesso do fisco a dados de movimentações de dinheiro. Venceram.

Por ora, a providência foi para a gaveta, outra derrota da "comunicação política" do governo, não importa a justeza da tentativa.

Alguns desafetos do governo cometeram crimes de informação, outros fizeram política mais ou menos baixa. Conseguiram disseminar o medo. O sucesso não se deve apenas à capacidade da direita e de desafetos do Estado de fazer política pelas redes sociais. Viu-se coisa assim na campanha contra o "imposto das blusinhas". Não são casos isolados.

Lula inicia 2025 tomando surra nas redes - Ranier Bragon

Folha de S. Paulo

Governo tentou aplicar a tática do avestruz ao tentar reduzir a crise do pix a uma mera onda de fake news

A segunda metade de Lula 3 não começou bem. Para quem no Palácio do Planalto vislumbrava um difícil fevereiro com o possível troco do Congresso à tentativa de revisão do modelo de emendas parlamentares, o caso do pix chegou para mostrar que a maré pode piorar.

O ano virou com as manchetes retratando as decisões de Flávio Dino sobre as emendas, o que em tese pode até ser bom para o Executivo ao lhe devolver a gerência de parte da bilionária verba.

O poder pelo poder - Ruy Castro

Folha de S. Paulo

Trump se reforçará nas instituições que o eternizem no cargo, mesmo sem saber o que fazer com ele

Que cansaço. Em 2025, Donald Trump, às vésperas do segundo mandato, lembra o Jair Bolsonaro de 2019, que, por sua vez, era a versão jeca do Trump de 2017. Mesmas mentiras, mesmas ameaças, mesmas frases para espantar, mesmas bazófias para otários. Uma coisa é a campanha que engabela os pascácios, outra é transportá-la para a administração. Talvez seja esta a estratégia: enquanto os factoides são discutidos com indignação, as medidas realmente importantes de seu projeto político vão sendo tomadas sem serem percebidas.

O que virá com Donald Trump - Maria Hermínia Tavares

Folha de S. Paulo

A volta ao governo do populista de extrema direita marca o início de um novo e longo ciclo político

Os professores estrangeiros contratados por Harvard receberam carta da administração sugerindo que, se tivessem passado os feriados de fim do ano no exterior, tratassem de voltar antes de 20 de janeiro. A influente universidade, considerada a melhor do mundo, teme as medidas anti-imigração prometidas por Donald Trump que, nessa data, assumirá a Casa Branca.

Nos Estados Unidos —e não só ali—, os especialistas especulam como será o segundo mandato que as urnas entregaram ao republicano. Em especial, o que se pergunta é se ele terá musculatura política suficiente para levar a cabo suas extremadas promessas de campanha depois de uma acachapante vitória eleitoral que lhe deu de uma só tacada a Presidência e o controle das duas Casas Legislativas.

O Destino da Conciliação - Vagner Gomes de Souza*

Fui instigado a escrever sobre os 40 anos da vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral. Aos leitores que agora estão se dando conta que a Ditadura Militar (1964 – 1985) não foi branda nem com aqueles que lhe faziam uma oposição pelas vias institucionais por conta do merecido sucesso do filme Ainda estou aqui, recomendo a leitura do breve artigo de Pablo Spinelli, “1974: a derrota vitoriosa”¹ para que se contextualize melhor um cenário que vai da abertura democrática até a Constituinte (1987/1988).

Muitas pessoas bem intencionadas ou desconhecedoras da história política brasileira assumem posturas que renegam a importância do centro político nas conquistas democráticas. Atribuem os atalhos como o melhor caminho, mas, em política, muitas das vezes seria a forma de abreviar a queda num precipício. O Brasil atravessava uma forte recessão econômica com taxas elevadas de inflação em 1983 (164,01%), 1984 (215,26%) e 1985 (242,23%). Essa era uma das heranças do autoritarismo brasileiro que nos permitiu modernizar com uma espiral de desigualdade social e a estabilidade econômica conciliada a um Estado de Bem Estar Social no arcabouço da Carta de 1988 é fruto dessa “engenharia política” conciliadora.

O trem já passou? - Alfredo Maciel da Silveira

Expressão popular, difundida em prosa e verso, “esse trem já passou” diz bem do que seja uma perda de oportunidade. Por ocasião do belo discurso de posse da Ministra Simone Tebet no Planejamento, escrevi um artigo esperançoso que trazia no título “Planejamento - o último trem para o Brasil”. Eu então parodiava título de livro do ex-Ministro do Planejamento Reis Velloso, numa de suas alegorias cinéfilas sobre a economia brasileira dos anos 70, “O último trem para Paris”.

Passados dois anos de Lula 3, enredados que estamos na economia e na política, um grande amigo economista me disse há pouco: “O trem já passou”...

Não discordo não.

Mas o mundo não para. As transformações globais estão à vista de todos. Gramsci, que viveu os horrores do Sec XX, já dizia em seu pensar dicotômico: “Pessimismo da inteligência, otimismo da vontade”.

E por que não lembrar também da nordestinidade teimosa, persistente, cantada por Sérgio Ricardo na saga alegórica de Corisco?

 _ “Se entrega, Corisco!

_ Eu não me entrego não!

Não me entrego ao tenente

Não me entrego ao capitão

Eu me entrego só na morte

De parabelo na mão”

Vizinhança incômoda, parceiro indigesto - Aylê-Salassié Filgueiras Quintão*

A Amazônia tem sido uma das vítimas da descontinuidade das atividades dos Governos brasileiros na região Norte. É bom ficar atento. Na medida em que se trata de uma área declarada “patrimônio da humanidade” corre o risco de ter sua gestão considerada insatisfatória para proteção de um bioma tido como fundamental para o equilíbrio climático no Planeta. O ano de 2025 será marcado no espaço do meio ambiente pela realização da   30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, novembro, em Belém, no Pará. Pode surpreender.

Parceira do Brasil na região, a Venezuela parece não se incomodar com o problema. Seu presidente, Nícolas Maduro, age no sentido de agitar a fronteira Norte, empurrando populações para a área, reclamando territórios da Guiana, e até do Brasil, e posicionando tropas na divisas. Para completar aderiu à "Rota da Seda" dos chineses. 

Poesia | Amor em paz, de Vinicius de Moraes

 

Música | Portela 2025 - Homenagem Milton Nascimento