Negar gravidade da atual crise fiscal é
inadmissível
O Globo
Brasil tem segundo pior rombo nas contas
públicas entre 23 países emergentes e desenvolvidos
Num grupo de 23 economias emergentes e
desenvolvidas, o Brasil aparece com o segundo pior resultado nas contas
públicas. No levantamento que considera receitas, gastos e também despesas
com os juros da dívida, apenas Bolívia tem desempenho pior, segundo análise do
banco BTG Pactual. Esse foi o quadro registrado nos dois últimos anos e deve se
repetir em 2025.
A previsão para os próximos 12 meses é que os
bolivianos continuarão em primeiro lugar no ranking dos piores, mas conseguirão
reduzir o tamanho do déficit. Por aqui, o cenário é de elevação. Há
metodologias diferentes para determinar o quadro fiscal de um país. A que
determina a trajetória da dívida pública é justamente a que leva em conta o
pagamento de juros. Quanto maior o rombo a cada ano, mais alto o endividamento.
É essa a métrica acompanhada pelos investidores. Deveria ser também o principal
ponto de atenção do governo federal e dos congressistas.
Tentativas de ilusionismo ou negação não mudaram nem nunca mudarão a realidade. O desempenho brasileiro é ruim sob qualquer ângulo. O resultado é pior que a média dos emergentes, dos desenvolvidos e da América Latina. A previsão do BTG Pactual para este ano é de um déficit de 8,6% do Produto Interno Bruto (PIB). No México, Colômbia, Peru e Chile, o percentual deverá ser inferior a 4%.