terça-feira, 15 de julho de 2025

Opinião do dia – Ulysses Guimarães*

“A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca.

Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério.

Quando após tantos anos de lutas e sacrifícios promulgamos o Estatuto do Homem da Liberdade e da Democracia bradamos por imposição de sua honra.

Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo. (Aplausos)

Amaldiçoamos a tirania aonde quer que ela desgrace homens e nações. Principalmente na América Latina.”

*Do discurso de Promulgação da Constituição, 5 de outubro de 1988

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Tarifaço de Trump traz prejuízo a toda a economia

O Globo

Além do impacto imediato nos setores exportadores, dólar tende a subir pressionando inflação e juros

É difícil estimar o prejuízo para a economia brasileira do tarifaço de Donald Trump. O Brasil não é o único alvo da política comercial insana de Trump. Depois da primeira rodada de aumento em abril, ele reavivou a guerra tarifária enviando cartas ameaçando novas altas a países da Ásia, África, Europa e Américas. É impossível saber de antemão a tarifa final que cada país pagará ou a capacidade americana de dar conta da demanda interna. Ainda que não se confirme o aumento anunciado de 50% no caso do Brasil, uma coisa é certa: empresas e setores que dependem das exportações para os Estados Unidos têm mais a perder.

O setor industrial brasileiro é um dos mais vulneráveis. Os Estados Unidos são um dos principais mercados para produtos brasileiros de maior valor agregado. Como mostrou reportagem do GLOBO, as exportações de manufaturados bateram recorde no primeiro semestre e chegaram a US$ 16 bilhões, aumento de quase 9% na comparação com os primeiros seis meses do ano passado. Entre as empresas com forte presença no mercado americano estão Embraer (aviões), Weg (equipamentos elétricos), Suzano (papel e celulose), Tupy (metalurgia) e Alpargatas (calçados). No setor de commodities, os mais afetados são as indústrias petrolífera, metalúrgica e siderúrgica.

A íntegra da carta de Luiz Roberto Barroso, presidente do STF

Em 9 de julho último, foram anunciadas sanções que seriam aplicadas ao Brasil, por um tradicional parceiro comercial, fundadas em compreensão imprecisa dos fatos ocorridos no país nos últimos anos. Cabia ao Executivo e, particularmente, à Diplomacia – não ao Judiciário – conduzir as respostas políticas imediatas, ainda no calor dos acontecimentos. Passada a reação inicial, considero de meu dever, como chefe do Poder Judiciário, proceder à reconstituição serena dos fatos relevantes da história recente do Brasil e, sobretudo, da atuação do Supremo Tribunal Federal.

As diferentes visões de mundo nas sociedades abertas e democráticas fazem parte da vida e é bom que seja assim. Mas não dão a ninguém o direito de torcer a verdade ou negar fatos concretos que todos viram e viveram. A democracia tem lugar para conservadores, liberais e progressistas. A oposição e a alternância no poder são da essência do regime. Porém, a vida ética deve ser vivida com valores, boa-fé e a busca sincera pela verdade. Para que cada um forme a sua própria opinião sobre o que é certo, justo e legítimo, segue uma descrição factual e objetiva da realidade.

Fator Trump: uma segunda chance para o governo Lula - Paulo Fábio Dantas Neto*

Tenho sentido, nos últimos dias, mais do que uma intensa simpatia, uma solidariedade autointeressada, como colunista, por esforços de análise que tentam abrir caminho para temas políticos de fundo, num momento em que se tem um fato que parece encerrar em si mesmo o poder de revogar o tempo e tudo o que ele vinha ensinando. O tarifaço que o presidente norte-americano ameaça impor ao Brasil é um fato espaçoso que, além de parecer ocupar todo o presente, parece também explicar o passado e prever o futuro. Ideias e personagens do nosso cotidiano político são relidos e reinterpretados com lentes de curto alcance, que o impacto instantâneo do acontecimento nos fornece. Todo e qualquer assunto antes importante torna-se irrelevante ou, no máximo, um tópico daquilo que supostamente mais interessa, isto é, o que acontecerá com a suposta disputa entre Lula e Bolsonaro depois do tarifaço de Trump. Quem dos dois ganha ou perde com ele tornou-se questão cuja resposta selaria a sorte do país.

Mas o conhecimento antecipado do resultado dessa contenda interessa a quem? Parte da parcela politizada do país (aquela parte que iguala politização e engajamento) assegura que o desfecho interessa a todos e de preferência, já. Mesmo que se argumente que Bolsonaro já está virtualmente fora da disputa, essa realidade não é admitida em público pelos engajados em qualquer dos polos. Num deles afirma-se a certeza de que será bolsonarista qualquer candidato da oposição e o outro lado segue crendo, como se viu claramente nos últimos dias, numa reabilitação espúria do seu líder para a disputa, através de uma ingerência infame de Trump.  Daí a convicção dos engajados de que o grande efeito do fator Trump é atuar diretamente sobre essa disputa da qual, ao fim e ao cabo, dependeria nosso futuro.

O patriotismo e a canalhice - Merval Pereira

 Globo

Nada justifica uma intervenção de Trump: chantagem barata na forma e cara nas consequências

É temerário afirmar em política que fulano está perdido ou que beltrano não tem mais chance de recuperar a popularidade. Faltando pouco mais de um ano para as eleições presidenciais, é difícil prever quem vencerá, ou até quais serão as alianças políticas. Mas o momento político não é nada bom para fulano e ajuda beltrano a se recuperar. No caso, fulano pode ser o ex-presidente Bolsonaro ou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Beltrano é, sem dúvida, Lula, que até há pouco tempo estava no desvio e hoje voltou à trilha principal.

Erros políticos crassos como os cometidos por Bolsonaro e seus filhos são previsíveis, mas reforçam a ideia de que são arrivistas políticos e se meteram em enrascada na tentativa de escalar alturas não compatíveis com seus talentos. Unir-se a Trump é uma jogada abusada, que foi além de suas capacidades. Intuir que a intervenção dele seria capaz de dobrar a espinha institucional brasileira, um erro crucial.

Tarifas e o teste das lideranças - Míriam Leitão

O Globo

Na hora das crises, os líderes se revelam. O governador de São Paulo tem errado desde o começo no caso das tarifas de Trump

A qualidade de uma liderança se vê na primeira reação, não naquela em que tenta consertar o estrago. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, num primeiro momento aprovou a ameaça feita por Donald Trump. Quando foram anunciadas as tarifas ele ficou em silêncio e só depois tem tentado corrigir. Ele governa o estado que terá o maior prejuízo com as tarifas de 50% imposta pelos Estados Unidos. As exportações brasileiras podem ficar inviáveis e isso afeta muito as indústrias, as empresas do agronegócio e os exportadores, muitos deles de São Paulo.

Quando Tarcísio colocou o boné ele já estava errando, porque a ideia de Trump (Make America Great Again) era crescer em detrimento dos outros países. Ele havia ameaçado guerra tributária e impor sua força, inclusive militar, contra outras nações. Um líder assumir o bordão do nacionalismo alheio é sempre ruim, mas quando nele se embute uma ameaça aos outros países, inclusive ao nosso, é ainda mais temerário.

Trump, tarifas e o Vale do Silício – Pedro Doria

O Globo

É irônico que alguns setores mais atingidos pelo tarifaço de Trump sejam os mais ligados ao financiamento do bolsonarismo

A carta do presidente Donald Trump anunciando tarifas de 50% para as exportações brasileiras tornou-se o principal assunto no país faz uma semana. Claro — o impacto já se faz sentir em inúmeros setores. Vendas já acertadas vêm sendo canceladas. Muito de nossa conversa vem se concentrando no primeiro parágrafo da explicação que Trump oferece para a decisão: ou a Justiça suspende o julgamento de Jair Bolsonaro ou as sanções virão. Mas falamos pouco do segundo parágrafo — a queixa, também dirigida ao STF, sobre decisões contra as grandes plataformas digitais.

Pressões de Trump não vão barrar o julgamento de Bolsonaro no Supremo - Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

Ontem, o ex-presidente Bolsonaro recorreu, mais uma vez, à retórica de autovitimização. Em postagens nas redes sociais, denunciou um suposto “sistema podre” de perseguição e ameaças à sua vida

As tentativas de o ex-presidente norte-americano Donald Trump interferir nos assuntos internos do Brasil, por meio de declarações e medidas retaliatórias, como a imposição de tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras, não vão desviar, muito menos interromper, o curso das investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro e, sobretudo, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).

Apesar da grave crise diplomática e comercial provocada pela decisão de Trump, essas pressões não anulam os fundamentos constitucionais e jurídicos que orientam as decisões do Supremo. O processo contra Bolsonaro segue em conformidade com o devido processo legal, baseado em provas materiais, delações homologadas e evidências documentadas, como a famosa “minuta do golpe”, que ontem foi objeto de nova confirmação do ex-ajudante de ordens da Presidência tenente-coronel Mauro Cid.

Tríplice aliança pela reeleição tem contrapartida de Lula - Maria Cristina Fernandes

Valor Econômico

Reação interna de Lula para recompor forças passou por um encontro com Alexandre de Moraes

Donald Trump, Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas uniram-se para reeleger Lula, mas a atuação da tríplice aliança teve contrapartida nacional. O pacote da reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao tarifaço Brasil envolveu um freio de arrumação na sua relação com os Poderes que teve início algumas horas depois do anúncio do tarifaço de Trump.

Lula tratou de recompor o eixo depois do estranhamento provocado pela suspensão do decreto do IOF por Alexandre de Moraes. O ministro do Supremo Tribunal Federal foi recebido no Palácio do Alvorada, encontro sobre o qual nenhuma das partes se pronuncia.

Chegara aos ouvidos de Lula que sua opção pela ministra-substituta do TSE, Vera Lúcia Santana, para uma das duas vagas de titular em disputa, atendendo ao movimento negro, ao Prerrogativas e ao gabinete da primeira-dama, havia deixado o STF em polvorosa e o ministro Flávio Dino, ausente de Brasília na semana passada, particularmente preocupado.

Extorsão, azáfama, mendacidade... - Jorge J. Okubaro

O Estado de S. Paulo

O mundo mostrará a Trump que a convivência internacional exige um mínimo de respeito a regras aplicáveis a todas as nações

Serão poucas – muito poucas, na verdade – as pessoas familiarizadas com o mundo diplomático e as modernas relações entre as nações em tempos de paz que já tenham visto algo tão rasteiro e vulgar como a carta que o presidente norteamericano, Donald Trump, pretendeu ter enviado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na verdade, a carta não foi endereçada por um chefe de governo a outro, como costuma ocorrer quando padrões de respeito são obedecidos. Foi postada por Trump em sua rede social, chamada Truth Social.

Centrão: pausa para pensar - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Lula sai das cordas, Bolsonaro se enrola nelas e o Centrão está de olho no ringue dessa briga

O Centrão, ou boa parte dele, vinha impondo derrotas para o governo e articulando a entrega de ministérios até setembro, para cerrar fileiras com o bolsonarismo a um ano da eleição presidencial, mas estancou o movimento diante do sucesso da campanha “pobres contra ricos” e agora, com os ataques de Donald Trump, em vez de marchar contra o governo, recolhe as armas, faz meia-volta volver e entra na onda de defesa da soberania nacional.

Depois de momentos graves e humilhações no Congresso, Lula tem expectativa de resgatar pontos nas pesquisas e começa a recuperar condições de governabilidade – ou seja, o diálogo e as negociações com Câmara e Senado. Como se sabe, o Centrão ora vai para um lado, ora para outro, e acaba de ser empurrado por Trump para Lula, querendo distância prudente de Jair Bolsonaro.

Lá em Madureira - Carlos Andreazza

O Estado de S. Paulo

Antes e acima de tudo, a sanção anunciada por Trump será ruim para o Brasil. É o que importa. O cronista se desculpa pela obviedade. Se afinal materializada, péssima para a produção brasileira e o emprego no País. Medida divulgada em carta que tem fundamento comercial falso, evidência de descompromisso com os fatos. Urge que os adultos se apresentem.

Perde-se tempo dando centralidade ao secundário – o custo do tarifaço para Bolsonaro, donde o quanto beneficiaria Lula. São exercícios prematuros. Falar de 2026, à luz de impulsos trumpistas, é tentador e inútil. Há ainda longo mar, desconhecidas as ondas, a atravessar, uma eternidade em termos de condicionamento do eleitor. Nenhum dos dois navega em maré favorável.

É o fim do bolsonarismo moderado? - Joel Pinheiro da Fonseca

Folha de S. Paulo

Ou adere-se ao clamor pela supressão do nosso Judiciário em subserviência aos EUA ou rompe-se com Bolsonaro

Um nome de direita pode chegar ao segundo turno das eleições de 2026 sem o apoio de Bolsonaro? Por mais que isso me entristeça, sou obrigado a admitir: "provavelmente não". A não ser que uma revolução do sentimento popular ocorra, o candidato que disputará o segundo turno com Lula será aquele ungido por Bolsonaro.

É claro que o melhor para o Brasil é ter uma direita democrática e que rejeite o bolsonarismo. A criação dessa direita, contudo, é um trabalho de mais longo prazo. No horizonte previsível, o ex-capitão segue incontornável em 2026.

Para o Brasil —e sem expressar aqui preferência por qualquer lado que seja—, seria muito importante que o candidato de direita em 2026 não reproduza as condutas antidemocráticas de Bolsonaro em 2022, o mais grave ataque à nossa democracia na Nova República.

Moraes defendeu resposta rápida contra Trump - Mônica Bergamo

Folha de S. Paulo

Magistrados da Corte preferiam deixar a reação à crise nas mãos de Lula

O ministro Alexandre de Moraes defendeu internamente que o Supremo Tribunal Federal (STF) desse uma resposta rápida e firme aos ataques de Donald Trump ao Judiciário brasileiro.

Outros magistrados achavam melhor que a Corte deixasse a condução da crise exclusivamente com Lula e com o Itamaraty.

Eles entendiam que o ataque de Trump não se restringia ao STF, mas a todo o país: além de citar o que define como "caça às bruxas" sofrida por Jair Bolsonaro na Justiça, o presidente norte-americano invocou razões econômicas para aplicar ao Brasil uma sobretaxa de 50% sobre os produtos brasileiros vendidos nos EUA.

Cadê o slogan 'Brasil acima de tudo'?- Alvaro Costa e Silva

Folha de S. Paulo

Defesa do tarifaço prova que o slogan 'Brasil acima de tudo' era mais uma mentira

As duas frases, citadas nem sempre ao pé da letra, se tornaram virais e, coisa rara, o crédito dos autores é respeitado, embora às vezes surja um H a mais no nome do semiólogo italiano. "O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade" —Umberto Eco. "Os idiotas vão dominar o mundo"— Nelson Rodrigues.

A de Eco se confirma a cada checada no dispositivo do celular. A de Nelson, escrita antes do advento da internet, é ainda mais abrangente, pois mira o mundo real, a vida como ela é, na figura do burro sublimado pela própria ignorância, que se entrega ao rebanho de ódio e frustração das redes.

Sorte de Lula volta a atacar - Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Tarifaço de Trump pode ajudar petista numa campanha de reeleição que se desenhava como desafiadora

A proverbial sorte de Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atacar. O cenário que se desenhava para sua reeleição em 2026 era desafiador. A popularidade da administração vinha em queda e não se via no horizonte nenhum projeto que poderia converter-se em marca eleitoral muito poderosa.

Não dava, é claro, para considerar Lula carta fora do baralho. Incumbentes, salvo raras exceções, costumam ser candidatos pelo menos competitivos. A situação do petista, contudo, estava longe de confortável.

Congressistas na mira da polícia – Dora Kramer

Folha de S. Paulo

No lugar de reclamar, os deputados deveriam estar atentos à razão de a PF fazer buscas nos gabinetes

Os deputados reclamam das operações policiais nas dependências da Câmara, quando deveriam estar mais atentos ao que motiva a Polícia Federal em fazer buscas e apreensões nos gabinetes dos colegas.

A razão é a existência de indícios de que ali possam ser encontradas provas importantes para investigações sobre desvio de dinheiro público por parte de quadrilhas formadas em municípios com o conluio de prefeitos, parlamentares e até braços do crime organizado.

Poesia | Celina de Holanda - Circuito da Poesia do Recife

 

Música | Diogo Nogueira, Chico Buarque, Ivan Lins e Hamilton de Holanda - Sou Eu

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segunda-feira, 14 de julho de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Reação ao tarifaço deve proteger soberania e economia brasileiras

Valor Econômico

A resposta à agressão do presidente Trump deve, na medida do possível, sempre resguardando a nossa soberania, ser calibrada de forma a preservar nossas cadeias de valor

O Brasil é uma economia fechada, e nossas exportações para os Estados Unidos representam menos de 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Mas não há  engano: o conflito tarifário desencadeado pelo presidente Donald Trump pode ter repercussões negativas de curto, médio e longo prazos sobre nossa economia.

Por isso, as negociações e eventuais medidas de reciprocidade adotadas pelo Brasil devem ser, ao mesmo tempo, firmes na defesa da soberania nacional, diante da inaceitável carta do presidente dos EUA, Donald Trump, e inteligentes  para resguardar os interesses econômicos do país.

Reportagem publicada pelo Valor nesta sexta (11/7) mostra como, a essa altura, é difícil avaliar o prejuízo potencial ao Brasil. Do ponto de vista macroeconômico, as estimativas dos especialistas são muito amplas. De um lado,  indicam uma perda, em termos de crescimento do PIB, de até 0,3% em 2025 e de até 0,5% em 2026. De outro,  apontam  impacto mais moderado, de 0,05% do PIB em 2026.

STF: Barroso divulga carta sobre tarifaço de Trump e faz defesa da democracia

Guilherme Pimenta / Valor Econômico

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, divulgou uma carta na noite deste domingo sobre o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump ao Brasil, ao fazer uma longa defesa da democracia brasileira e do Poder Judiciário. Segundo ele, as sanções impostas "por um tradicional parceiro comercial" foram "fundadas em compreensão imprecisa dos fatos ocorridos no país nos últimos anos".

O republicano, ao anunciar a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos, afirmou que o Brasil faz uma "caça às bruxas" ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é réu no Supremo, acusado de tentativa de golpe de estado em 2022, quando perdeu as eleições para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O presidente americano também criticou decisões do Judiciário brasileiro contra big techs. Barroso afirma no início do documento que "cabia ao Executivo e, particularmente, à Diplomacia – não ao Judiciário – conduzir as respostas políticas imediatas, ainda no calor dos acontecimentos".

Passada a reação inicial, pontuou, "considero de meu dever, como chefe do Poder Judiciário, proceder à reconstituição serena dos fatos relevantes da história recente do Brasil e, sobretudo, da atuação do Supremo Tribunal Federal".

O fim dos honorários e o ajuste fiscal sem impostos - Bruno Carazza

Valor Econômico

Advogados públicos têm a receber fundo bilionário da União, e o fazem sem nenhuma transparência

Desde que a discussão sobre os supersalários ganhou manchetes e editorais na imprensa brasileira, muito se tem criticado juízes e membros do Ministério Público por estarem recebendo centenas de milhares de reais a mais do que estabelece a Constituição. Mas eles não estão sós.

Existem outras categorias que também burlam as regras constitucionais e estão ganhando tanto que chegam a provocar inveja dos togados do sistema judiciário.

Depois de uma intensa campanha de lobby, os advogados públicos conseguiram inserir no novo Código de Processo Civil (CPC) um dispositivo que lhes garantem, além do pagamento da remuneração básica, também honorários de sucumbência - uma verba paga pela parte derrotada numa ação judicial, até então restrita aos advogados privados.

BC precisa de socorro para lutar contra as fraudes - Alex Ribeiro

Valor Econômico

A realidade preocupante é que faltam ao Banco Central funcionários em número suficiente e o dinheiro necessário para investir em tecnologia, o que deixa o sistema vulnerável e sob risco de gerar crises bancárias

O delegado de crimes cibernéticos da Polícia Civil de São Paulo, Paulo Barbosa, disse ao repórter do Valor Álvaro Campos que algumas das fintechs envolvidas na fraude que permitiu o roubo de dinheiro em contas de reservas bancárias, que já chega a mais de R$ 1 bilhão, estão em nomes de laranjas, com os reais donos vivendo em outros países.

Isso significa que o Banco Central terá que fazer um saneamento nas instituições de pagamento que fazem parte do ecossistema do Pix, retirando de circulação aquelas que agiram diretamente em práticas criminosas ou que foram negligentes na aplicação dos controles legais.

Mais: será preciso uma revisão completa na regulação de pagamentos, que criou os incentivos errados ao privilegiar a competição em detrimento da segurança do sistema, abrindo flancos.

As lições do tarifaço - Diogo Schelp

O Estado de S. Paulo

Tarcísio demorou para entender o significado da medida de Trump e de suas motivações

Sempre existiu incompatibilidade entre a pretensão de se mostrar um gestor pragmático e o papel de fiel escudeiro de Jair Bolsonaro, mas Tarcísio de Freitas costumava agir como se fosse possível conciliar as duas coisas. Até que, na semana passada, a realidade cobrou o seu preço.

O “gestor pragmático” descobriu — surpresa! — que as empresas, os agropecuaristas e os trabalhadores de São Paulo, o Estado que ele tem a responsabilidade de governar, serão os mais afetados pelo tarifaço de Donald Trump, a punição coletiva aos brasileiros pela qual a família do seu padrinho vinha trabalhando ativamente.

Sanções para o Brasil “de Lula”, esse era o desejo declarado dos Bolsonaro, a ponto de um deles ter se instalado nos Estados Unidos para realizá-lo.

Trump e o Brasil - Denis Lerrer Rosenfield

O Estado de S. Paulo

O País não pode se curvar a tais mandamentos, seja por dignidade nacional, seja por suas próprias instituições

Agem os Estados politicamente em relação aos outros países, defendendo seus interesses econômicos, seus privilégios e suas posições geopolíticas, seja por meios diplomáticos, seja pela força militar. Não há anjos nesse meio, mas utilizando uma fórmula de Maquiavel, são centauros, metade homens, metade bestas, isto é, entidades racionais e selvagens, fazendo uso da força quando melhor lhes aprouver. Devem, portanto, medir suas palavras – que são modos da ação –, pois delas produzem consequências que podem ou não ser desejáveis. Seguem preceitos de ação que lhes assegurem posições estratégicas, que lhes parecem como defensáveis. Discursos mal colocados e narrativas ideológicas certamente suscitarão reações, frente às quais cada Estado deverá saber como agir. Se não o souber, será refém de suas impropriedades.

Três vias para fazer Trump recuar - Oliver Stuenkel

O Estado de S. Paulo

Incerteza decorrente da ameaça tarifária enfraquece presença americana no Brasil e fortalece a chinesa

A ameaça tarifária de Donald Trump representa o maior desafio da política externa do Brasil desde que Lula voltou ao poder. Tem o potencial de abalar a economia brasileira e a relação bilateral com os EUA, principal fonte de investimento estrangeiro direto no País.

Três fatores complicam qualquer possível resolução. Em primeiro lugar, duas demandas-chave da carta publicada por Trump, escrita em tom altamente ofensivo, não estão sujeitas a negociação com governos estrangeiros e não têm a mínima chance de avançar. Afinal, tanto o julgamento de Bolsonaro quanto os processos contra as plataformas digitais são decisões do Judiciário brasileiro. É impossível saber se assessores de Trump o alertaram de que, no Brasil, o presidente não controla o Judiciário. De qualquer forma, a ênfase na política interna brasileira reflete o estado precário da relação entre as administrações Trump e Lula.

O que aprender com as meninas do Texas – Fernando Gabeira

O Globo

Economia de fato é investir na prevenção. Perdas humanas e a destruição material são um preço muito mais alto

Escrevo sobre o que me impressiona e confesso que não consegui tirar da cabeça essa história das 27 meninas e monitoras que morreram no Rio Guadalupe, no Texas. As enchentes mataram mais de 120 pessoas. As meninas estavam num acampamento, algumas talvez tenham feito sua primeira viagem na vida. Os celulares estavam guardados para que interagissem melhor entre elas e com a natureza. Muitas devem ter morrido sem saber exatamente o que acontecia.

Parece que o Guadalupe enche muito rápido com as tempestades. Um sistema de alarme mais sofisticado poderia ter salvado mais gente. Leio nos jornais americanos que ele foi discutido, mas descartado por economia. Leio também que Trump fez inúmeros cortes de pessoal no serviço de meteorologia. Coisas que não compreendo: como economizar em sistemas de alarme no auge das mudanças climáticas? Como cortar pessoal da meteorologia? Como negar o aquecimento global num país com tanto acesso a informação de qualidade?

Vermelho de ódio – Miguel de Almeida

O Globo

Não lembro ao certo, mas acho que aprendi sobre ódio com Lula. Sob seus discursos, exercitei minha raiva contra o PSDB, contra o ex-presidente Fernando Henrique e vi o Brasil cindido em dois na grotesca oposição Nordeste x Sudeste. Com olhos ensandecidos, ouvi sobre a herança maldita dos tucanos.

Enfim, não sei se agradeço, mas Lula me instruiu no ódio. Não nasci assim, era apenas um rapaz que amava Noel Rosa e Tom Jobim. Com ele, tudo mudou: o ódio passou a ser valor moral. Meu pote de amargura agora é abastecido pela campanha de pobres x ricos. Consumo os posts, os vídeos do “BBB” e reenergizo o coração de negatividade com as mensagens assopradas pelo guru Sidônio. Infelizmente, não fui avisado pela galera do MST para invadir a sede do Itaú-BBA — embora, naquela hora, eu estivesse com o trabalho em atraso.

Uma aposta ruim - Irapuã Santana

O Globo

Tudo bem que o brasileiro gosta de fazer uma fezinha. Mas recentemente o país registrou salto muito além do histórico nas apostas

Um novo estudo surgiu sobre o desastre que tem ocorrido no Brasil em relação às bets: muita gente tem deixado de estudar por causa do vício em apostas esportivas on-line. Dos apostadores entrevistados na pesquisa O Impacto das Bets 2, da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior, 34% dizem que precisarão parar de apostar para entrar na faculdade.

Ainda é cedo para servir o café frio a Lula - Lara Mesquita

Folha de S. Paulo

Faltando mais de um ano para a eleição, ninguém deveria se arriscar a vaticinar seu desfecho

Nas últimas semanas, tornou-se comum encontrar articulistas anunciando o fim da era Lula (PT).

Matérias sobre desempenho do governo na aprovação de sua agenda legislativa e sobre as disputas em torno do Orçamento da União corroboraram essa leitura, sugerindo que a carreira eleitoral do presidente estava próxima do fim, que Lula não teria chances de reeleição e, por isso, já seria tratado com certa desconsideração na corte política de Brasília. Chegou-se a dizer que o café do presidente já era servido frio.

Não sei se é ansiedade ou se, nesses casos, fala mais alto a simples aversão ao governo, mas a experiência e a prudência indicam que, faltando mais de um ano para a eleição presidencial, ninguém deveria se arriscar a vaticinar seu desfecho.

'Graças a Deus, o presidente é fraco!' - Marcus André Melo

Folha de S. Paulo

Para parlamentar que não é parte da base, o principal problema da democracia é o poder excessivo dos presidentes

Consistente com minha expectativa, a insatisfação com a democracia, entre eleitores, no Brasil subiu 5 pontos percentuais de um ano para cá (passou de 54% para 59% na nova pesquisa Pew). De 2023 para 2024, a insatisfação havia diminuído. Estamos abaixo de EUA (62%), França (66%), Espanha (69%) e Itália (67%) e acima de Alemanha (39%) e Suécia (25%). As evidências confirmam a importância do hiato vencedores x perdedores (o eleitorado que apoia o incumbente melhora sua avaliação, e vice-versa). Os dados para o Brasil não estão disponíveis, mas em 2024 o hiato era de 25%.

O verdadeiro inimigo do Brasil é a polarização - Lygia Maria

Folha de S. Paulo

Petistas e bolsonaristas tensionam o campo político e desviam o foco dos reais problemas do país com suas peripécias quixotescas

A política brasileira virou a paródia de um romance de cavalaria. Petistas e bolsonaristas se enfrentam a partir da criação de inimigos e paixões imaginárias. São como Dom Quixote, que luta contra moinhos de vento e vê numa camponesa rude, sem nenhum afeto por ele, sua amada e nobre dama Dulcinéia.

Por óbvio, o jogo do poder envolve embates entre opostos, mas a natureza fantasiosa dos objetos em disputa e a incitação ao medo tensionam ainda mais o campo político, desviam o foco dos verdadeiros problemas do país e implicam graves desvios éticos.

A Democracia, os Três Poderes e a Sociedade - Ricardo Marinho*

A crispação inesperada envolvendo Decretos do Poder Executivo (12.499, 12.467 e 12.466) e Decreto Legislativo (176) do Poder Legislativo (Congresso Nacional) pode ter muitas causas imediatas, mas elas não explicam completamente o desastre. Nenhuma dessas medidas possui qualquer condão carismático, como costuma ser dito de forma descuidada. Max Weber (1864-1920) nos ensinou que existem diferentes tipos de carisma. Em tempos de dificuldades para a razão democrática e de ascensão do populismo (como nos recordou a pouco Pierre Rosanvallon estaríamos no seu século), onde as decisões de voto tendem a ser moldadas muito mais por emoções, identificação e proximidade empática (positiva e/ou negativa), as medidas em tela clamam possuir essas adjetivações, juntamente com a liderança, a inteligência e o caráter para aspirar ser a liderança que as adotou em prol do Brasil.

Casta Intocável - Manfredo Oliveira*

O Povo (CE)

A desigualdade persistirá enquanto deixarmos de taxar, adequadamente, o topo da pirâmide subtributada

O anúncio da elevação do Imposto sobre Operações Financeiras foi acompanhado por protestos generalizados e por acusações de que a única preocupação do governo atual é aumentar os tributos. Isso já é costume no Brasil e, como afirma M. Solano, escancara um fato extremamente preocupante: o setor financeiro e alguns segmentos da elite de nosso país continuam a exigir que sejam tratados como uma "casta intocável".

Nossa situação tributária é uma das piores do mundo: enquanto a maioria da população paga impostos, regressivamente, sobre consumo e renda, o grande capital e as operações financeiras, de altíssimo valor, gozam de privilégios escandalosos. Procura-se, através da mídia, convencer a população de que se trata de uma tentativa, por parte do governo, de cobrir gastos descontrolados e de interesses políticos em função das eleições do próximo ano_ mentiras propagadas, justamente, pelos setores interessados em manter seus benefícios. Escondem da população que se trata, acima de tudo, de um problema ético gravíssimo: problema da Justiça Tributária.

Poesia | Carlos Pena Filho - Circuito da Poesia do Recife

 

Música | Carlos Lyra - Sabe você? com Miúcha

 

domingo, 13 de julho de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Corrupção com emendas corrói Orçamento

O Globo

Estão em curso no Supremo 80 investigações para apurar suspeitas de desvio de recursos por parlamentares

A explosão das emendas parlamentares nos últimos anos veio acompanhada de uma consequência nefasta: investigações e denúncias de corrupção. Há cerca de 80 inquéritos e procedimentos em curso com o objetivo de apurar suspeitas de desvio das emendas, conduzidos sob sigilo por nove ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) — pois os parlamentares desfrutam a prerrogativa de ser julgados lá.

A dimensão do escândalo é proporcional às cifras distribuídas pelo Parlamento, em patamar inédito entre as democracias. Em 2015, as emendas somavam R$ 5,4 bilhões (em valores atualizados). De 2019 a 2025, saltaram de R$ 18,5 bilhões para R$ 50,4 bilhões, mais de 170%. Em participação na Receita Líquida da União, cresceram de menos de 1% para cerca de 2,5%, aumentando mais que a arrecadação.

O fortalecimento do Congresso como definidor de despesas já seria problemático pelas distorções intrínsecas (ganham o dinheiro localidades com melhor relacionamento no Congresso, não as que mais precisam). Torna-se ainda mais preocupante com as evidências crescentes de que recursos têm sido desviados ao caixa dois de campanhas eleitorais. Degrada-se, assim, a qualidade da democracia.

Governadores aliados de Bolsonaro são os mais prejudicados pelo tarifaço - Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

A crise diplomática e comercial entre o Brasil e os EUA alimenta a polarização entre Lula e o ex-presidente, porém, agora, com a balança pendendo a favor do governo e contra a oposição

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros é uma sanção política sem precedentes, que viola não apenas as regras do jogo do comércio mundial, mas também as leis norte-americanas, como apontou o prêmio Nobel Paul Krugman. Politicamente, está sendo um tiro pela culatra, porque desestabiliza e divide internamente as forças de direita e prejudica sobretudo a economia dos principais estados governados por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Mais do que uma represália econômica, houve uma intervenção explícita na política interna do Brasil, conforme admitido na própria carta do republicano ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao condicionar a suspensão das tarifas ao arquivamento dos processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Justiça tributária na hora do debate - Míriam Leitão

O Globo

Cobrar mais de quem ganha mais não é dividir o país, mas sim elevar a justiça tributária e a qualidade da democracia

Em um país profunda e historicamente desigual é um bálsamo ouvir no discurso do cineasta Walter Salles que a democracia exige justiça, e parte desse objetivo se atinge buscando a justiça tributária. Houve uma distorção deste debate recentemente. O tema foi tratado como, se de um lado, houvesse um Congresso virtuoso, a favor de todos os contribuintes e, do outro lado, a sanha de um governo cobrador de impostos de todos os cidadãos. Cobrar mais impostos de quem tem renda maior não é dividir o país.

Os fatos estão bem distantes das mistificações feitas na guerra política. É preciso ter sempre em mente que o peso dos impostos é distribuído desigualmente no Brasil e de forma meio anárquica. Os grupos de interesses conquistaram ao longo do tempo o direito de que setores, áreas, produtos, aplicações, atividades pagassem menos impostos do que a maior parte da sociedade. Os pesos da carga tributária são mal distribuídos.

Patriotas contra a pátria - Bernardo Mello Franco

O Globo

Governador usou tarifaço de Trump como pretexto para viabilizar ida de aliado para os EUA, mas ministros da Corte não nasceram ontem

Na quarta-feira, Donald Trump anunciou uma sobretaxa de 50% sobre produtos do Brasil. Em nota lida nas redes sociais, Eduardo Bolsonaro agradeceu e comemorou. “A carta do presidente dos Estados Unidos apenas confirma o sucesso na transmissão daquilo que viemos apresentando”, gabou-se.

Eleito por brasileiros, o deputado reivindicou participação numa medida que causará prejuízo e desemprego no país. “Thank you, president Trump”, tuitou, no idioma do Pateta. O Zero Três já havia provado não ter medo do ridículo. No governo do pai, tentou atropelar a diplomacia profissional para ser embaixador em Washington. Questionado sobre as credenciais para o cargo, disse que fez intercâmbio e fritou hambúrgueres “no frio do Maine”.

A roda da sorte - Merval Pereira

O Globo

Abre-se espaço para a famosa terceira via que quebre essa polarização que nos leva a um beco sem saída

Não fossem Trump e Bolsonaro quem são, seriam surpreendentes os erros que cometem, um atrás do outro, na tentativa de evitar a punição deste último, que parece inevitável. Teria também o mesmo fim Trump, mas uma questão de prazo técnico, não de culpabilidade, o livrou da cadeia, pois foi eleito presidente, e com isso suspendeu o processo que pende sobre ele pelo mesmo crime, o de tentativa de golpe para impedir a posse do seu sucessor.

A Justiça brasileira, vejam só, foi mais ágil e mais eficaz que a americana, e Bolsonaro perdeu o direito de se candidatar por outro crime, cometido com a intenção de justificar perante os embaixadores dos principais países do mundo o golpe que se preparava para dar. O timing político-eleitoral não foi favorável a Bolsonaro, pois ele foi condenado à inelegibilidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em junho de 2023, enquanto Trump ainda não vencera a eleição americana, o que só veio a acontecer em janeiro de 2025.