Posse ilegítima de Maduro exige mais pressão do Brasil
O Globo
Em conjunto com a comunidade internacional,
país precisa reforçar a defesa da democracia no continente
A posse de Nicolás
Maduro como presidente da Venezuela nesta
sexta-feira confirma seu desprezo pela vontade popular. Diante de derrota
humilhante no pleito presidencial de julho do ano passado, escondeu os boletins
de urnas, se declarou vencedor e assumiu, sem disfarces, ser um ditador. Não
satisfeito em roubar as eleições, mandou a Justiça prender Edmundo González, o
oposicionista consagrado pelo voto que acabou saindo do país. De lá para cá, a
repressão sistemática se manteve intacta. Apoiado pelas Forças Armadas, Maduro
desistiu de parecer legítimo.
Como lidar com um vizinho desse tipo é um dos maiores problemas da política externa. A embaixadora brasileira em Caracas, Glivânia Oliveira, esteve na cerimônia de posse na presença de diplomatas de México, Colômbia e representantes de ditaduras como Cuba, Rússia e Nicarágua. Estados Unidos e União Europeia não compareceram. Se a participação da embaixadora representar a volta da fracassada política de apaziguamento, o Itamaraty estará cometendo um erro enorme. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recusou o convite, mas comitivas do PT viajaram para a Venezuela. Dois dias depois da defesa da democracia nos eventos do 8 de Janeiro, integrantes do partido festejaram a posse de um tirano.