Recuo no Pix expõe fragilidades da atuação do governo
O Globo
Campanha de desinformação reforça necessidade
de regulação das redes e autocrítica pela sanha arrecadatória
A decisão do governo federal de cancelar
norma da Receita Federal sobre o aumento da transparência das transações
via Pix é
constatação do estrago feito. Em setembro, o Fisco publicou nova regra avisando
que a partir de 1º de janeiro de 2025 as instituições financeiras conhecidas
como fintechs, como os bancos digitais, e as operadoras de cartões de crédito
passariam a notificar movimentações de pessoas físicas acima de R$ 5 mil por
mês. A medida não tinha nada de anormal. Os bancos tradicionais há muito têm
regra idêntica. É um instrumento para detectar grandes sonegadores.
Bem explicada e com uma estratégia de comunicação ampla, a decisão seria compreendida facilmente pela população. Não foi o que ocorreu. Com a divulgação relapsa do governo, o que se viu nas duas primeiras semanas do ano foi desinformação, confusão, medo e queda nas transações por Pix. O erro não se deu no mérito da questão, mas na execução.