sexta-feira, 4 de abril de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Brasil pode se beneficiar de tarifaço de Trump

O Globo

Mundo todo perde com guerra comercial, mas país perderá menos se aproveitar oportunidades

Apesar dos inevitáveis efeitos nocivos, o tarifaço de Donald Trump também poderá criar oportunidades aos exportadores brasileiros. Elas estão em vendas tanto ao próprio mercado americano quanto a outros países que deixarão de comprar produtos dos Estados Unidos. Não é coincidência que a Bolsa brasileira tenha se mantido estável diante do derretimento de outras mundo afora.

Usando uma fórmula bizarra, Trump determinou as tarifas adicionais que cobrará com base no saldo comercial. Como os Estados Unidos têm superávit no comércio com o Brasil, impuseram a tarifa adicional mínima a produtos brasileiros: 10%. A União Europeia ficou com 20%, Índia com 26%, China com 34% e Vietnã com 46%. Dada a magnitude das diferenças, mercadorias brasileiras ficarão mais competitivas no mercado americano. Outro efeito positivo tende a vir das retaliações dos países afetados pelo tarifaço. Exportações americanas para esses mercados ficarão mais caras, e produtos do Brasil poderão ganhar espaço.

Lula mantém favoritismo apesar da perda de popularidade - Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

Num cenário em que a popularidade de Lula está em queda, a pesquisa preserva uma expectativa de poder sem a qual o líder petista seria um “pato manco”

O filósofo e general chinês Sun Tzu (544-496 a.C.) foi um estrategista militar do Rei Hu Lu, que escreveu A Arte da Guerra, um tratado militar no século IV a.C. O primeiro imperador da China unificada, Qin Shi Huang, inspirou-se na obra para pôr fim ao Período dos Reinos Combatentes. O livro foi introduzido no Japão por volta do ano de 760, sendo adotado pelos daimyos (senhores feudais) Oda Nobunaga (1534-1532) e Toyotomi Hideyoshi (1537-1598) e pelo shogun Tokugawa Ieyasu (1543-1516).

O famoso almirante Togo Heihachiro, que liderou a vitória do Japão na Guerra contra a Rússia, de 1904 e 1905, era ávido leitor de Sun Tzu. Mao Tsé-Tung atribuiu parte da sua vitória sobre Chiang Kai-shek e o Kuomintang em 1949 à Arte da Guerra. O livro também foi adotado por Vo Nguyen Giap na Guerra do Vietnã, depois de traduzido por Ho Chi Min. Não por acaso os generais Norman Schwarzkopf e Colin Powell puseram em prática os princípios de Sun Tzu na Guerra do Golfo: engano, velocidade e ataque aos pontos fracos do inimigo. O livro é estudado nas academias militares norte-americanas.

Quaest: Lula lidera cenários de 2º turno para 2026 mesmo sob crise de popularidade

Ana Gabriela Oliveira Lima / Folha de S. Paulo

Vantagem de petista em relação a rivais cai; diferença para Tarcísio, que era de 26 pontos em dezembro, agora é de 6

O presidente Lula (PT) lidera as intenções de voto em todos os cenários de segundo turno das eleições de 2026 testados pela Genial/Quaest e divulgados nesta quinta-feira (3).

Os resultados favoráveis ao petista ocorrem mesmo com a popularidade de seu governo em queda. A mesma pesquisa da Genial/Quaest, que teve parte dos dados divulgada na quarta (2), mostrou que 41% dos brasileiros avaliam negativamente o governo, contra 27% que têm avaliação positiva.

A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A Genial/Quaest realizou 2.004 entrevistas com brasileiros de 16 anos ou mais de quinta (27) até segunda-feira (31).

Lula repetirá o feito de 20 anos atrás? - Andrea Jubé

Valor Econômico

No mega evento dessa quinta-feira, em novo esforço para recuperar popularidade, Lula anunciou bondades

“Os políticos parecem seres de outra natureza, que lhes endurece o couro”. A observação é do jornalista Ricardo Kotscho em seu livro de memórias, onde relatou fatos do período em que foi secretário de Imprensa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro mandato. Ao relembrar os meses de turbulência da crise do mensalão, afirmou que Lula sempre tirou forças para reagir em momentos desafiadores, como nas greves no ABC paulista, e após as sucessivas derrotas eleitorais.

Há duas décadas, no segundo semestre de 2005, Lula vivia uma realidade de terra arrasada. O então deputado federal Roberto Jefferson, presidente do PTB, acusara o governo de pagar um mensalão aos deputados, deflagrando uma crise materializada em duas comissões parlamentares de inquérito (CPIs) e na cassação do próprio delator e do ex-todo-poderoso chefe da Casa Civil José Dirceu. Mais do que ameaçar a reeleição de Lula, estimulou um movimento pelo impeachment do petista, que não prosperou.

Em 2005, em razão da conjuntura dramática, Lula era a imagem da desesperança. Kotscho narra que em julho, na tradicional festa junina na Granja do Torto, Lula, reconhecido pela disposição para falar, contas piadas e dançar, estava amuado. “Em vez de sorrindo querer dizer alguma coisa com os olhos, parecia perguntar com um jeito triste ‘o que aconteceu com a gente’”.

Invisíveis e ausentes no julgamento - José de Souza Martins

Valor Econômico

Muitos dos que foram presos e interrogados disseram que foram a Brasília orar pelo Brasil no 8 de Janeiro, mesmo as velhinhas com Bíblia nas mãos

Os aspectos mais retrógrados e sombrios da sociedade brasileira vieram à tona com a subversão olavo-bolsonarista em aspectos que nos perturbam e nos colocam diante daquilo que somos e não julgamos ser. Da cabeleireira ao general, todos expressam o fato de que o país está à beira do abismo de sua história. Ao menos um dos brasis que conhecemos está chegando ao fim. Resta saber qual deles.

O caso da cabeleireira sugere que uma inocente mãe de família, por ter participado de uma alegre excursão a Brasília e açulada por circunstantes movidos pelo mesmo espírito, depredou uma obra de arte, a escultura “A Justiça”, do artista plástico mineiro Alfredo Ceschiatti. Escrevendo-lhe no peito “Perreu, Mané” (sic).

Nem mesmo o óbvio – Flávia Oliveira

O Globo

Ministros concluíram que a revista íntima vexatória é inconstitucional, por humilhante, desumana, ilícita

O Supremo Tribunal Federal (STF) demorou meia década para deliberar sobre o óbvio. Parcialmente, falhou. Na quarta-feira, em decisão conjunta, os 11 ministros concluíram que a revista íntima vexatória é inconstitucional, por humilhante, desumana, ilícita. Para quem não está ligando a denominação à prática, trata-se de procedimento aplicado em penitenciárias Brasil afora que obriga visitantes de detentos — incluindo crianças e idosos, muitas vezes em grupo — a se despir completamente, agachar três vezes sobre um espelho, tossir, contrair os músculos e abrir com as mãos as partes íntimas diante de agentes do Estado, não raro, do sexo oposto. Ontem, também num voto construído em consenso, a Corte listou medidas complementares ao plano de redução da letalidade policial exigido do governo do Rio de Janeiro, após a explosão de mortes por agentes do Estado em favelas, em plena pandemia da Covid-19. Pelo caminho, ficaram a proibição de fazer helicóptero de plataforma de tiro e usar escolas e unidades de saúde como base de operações pelos órgãos de segurança.

Arrogância e teimosia não viram votos - Vera Magalhães

O Globo

Insistir na leitura de que a população só não aprova o governo porque não sabe o que ele faz pode ser erro fatal para Lula

O evento de balanço dos dois anos de Lula 3 já estava marcado quando, na véspera, a mais recente rodada da pesquisa Genial/Quest mostrou uma terra arrasada para o presidente. Mas não é possível dissociar a decisão de reembalar o que foi feito desde 2023 da tentativa de convencer o eleitor de que ele está muito enganado quando avalia negativamente o governo. O risco é não convencer ninguém e ainda soar teimoso ou arrogante.

Quando 80% dos entrevistados em todo o país dizem que Lula precisa fazer diferente do que vem fazendo, o mais prudente parece ser ouvir e entender, e não dizer que o problema é de comunicação — que há algo de maravilhoso que ninguém consegue entender ou valorizar como deveria.

Bernardo Mello Franco – Governo no palanque

O Globo

Ato “Brasil dando a volta por cima”

A um ano e meio das urnas, Lula entrou de vez em modo reeleição. Na quarta-feira, o presidente disse a senadores que será candidato em 2026. Na quinta, fez um evento oficial para exaltar os feitos do governo e apresentar uma nova campanha publicitária.

Comandado pelo ministro e marqueteiro Sidônio Palmeira, o ato teve forma e conteúdo de propaganda eleitoral. No telão, um vídeo exibiu cenas de crianças correndo, famílias sorrindo, praia lotada e Cristo Redentor. No palanque, locutoras recitaram números e anunciaram novas benesses, como a ampliação do Minha Casa, Minha Vida e a antecipação do 13º dos aposentados.

Dia da libertação ou da ruína? Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Se fosse ‘reciprocidade’, Trump deveria reduzir, não aumentar tarifas para o Brasil

Se apalavra de ordem de Donald Trump é “reciprocidade”, ele deveria diminuir, não aumentar as tarifas para Brasil, Austrália e Reino Unido, com os quais os Estados Unidos têm seus maiores superávits comerciais do mundo. Portanto, não é justo e “não reflete a realidade”, como diz anota brasileira, impor uma tarifa linear de 10% amais para produtos brasileiros e dos dois outros países, soba alegação de restabelecer equilíbrio e reciprocidade.

Lula exibe ações do governo

Por  Victor Correia / Correio Brasiliense

Presidente faz, em Brasília, evento de divulgação dos resultados dos dois anos de mandato, com a intenção de contornar impopularidade. Sidônio afirma que responsabilidade de superar má avaliação da gestão petista é de todos os ministérios

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apostou, nesta quinta-feira, em um evento curto de autopromoção do governo e focado na divulgação de resultados para tentar reverter o derretimento de sua popularidade, medido por pesquisas. Organizada pela Secretaria de Comunicação Social (Secom), a solenidade dispensou a presença de ministros no palco e os costumeiros — longos — discursos de integrantes do Executivo e aliados. Deu destaque a vídeos institucionais e depoimentos de pessoas que se beneficiaram de programas sociais. Mesmo Lula, afeito a discursar de improviso, leu sua fala e ficou menos de nove minutos no púlpito.

"O Brasil era uma casa em ruínas. Uma terra arrasada. Em apenas dois anos de muito trabalho, nós arrumamos a casa", declarou o presidente. Ele destacou dados como o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), de 3,4% no ano passado; o nível de desemprego de 6,2% em dezembro, o menor em 12 anos; e os resultados de programas como Bolsa Família e Pé-de-Meia.

Lula também assinou novas medidas, como o repasse de R$ 18 bilhões do Fundo do Social do Pré-Sal para ampliar o Minha Casa Minha Vida e a antecipação do pagamento do 13º para aposentados e pensionistas do INSS.

Crime e violência no Brasil: uma nova interpretação - José Pastore*

Correio Braziliense

Pesquisadores do FMI mostram que uma situação fiscal equilibrada contribui para o Estado proporcionar serviços essenciais de boa qualidade, em especial, o de segurança

 Os brasileiros não têm mais sossego. O crime e a violência estão em toda parte. O Brasil já tem territórios e setores econômicos perdidos para o crime organizado. O medo domina todos nós.

Os estudos convencionais que focalizam esse assunto apontam para várias causas: desemprego, desigualdade, impotência das instituições policiais, lassidão das autoridades judiciais etc. Mas uma nova abordagem foi adotada pelos pesquisadores do Fundo Monetário Internacional (Hannes Mueler et. alt., The urgency of conflict prevention - a macroeconomic perspective, Washington, 2024). Trata-se de uma análise fundamentada em vasta documentação de conflitos de vários tipos, desde os crimes das cidades até as confrontações entre países. 

Efeito Trump e dólar e juros no Brasil - Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

Efeito ruim do tarifaço de Trump nos EUA poderia conter juros no Brasil, diz tese no mercado

Um adulto razoável teria receio de dar até um vago chute informado a respeito de como o mundo do comércio e da política vai se reconfigurar depois do tarifaço de Donald Trump. Mas já há quem pense na tese de dólar mais barato e de inflação e juros menores.

Era possível ouvir na praça até o chute de que o dólar cairia para perto de R$ 5,40 no final do ano, com o que a moeda brasileira quase voltaria ao nível do início de 2024, em termos reais. Por ora, o dólar está em R$ 5,62. As taxas de juros caíram bem no atacadão no mercado de dinheiro do Brasil.

Qual a tese? A economia americana cresceria menos, com juros menores (estão caindo, na praça). Parte da riqueza lá estacionada procuraria ativos mais rentáveis no restante do mundo. Pingaria dinheiro por aqui.

Ato expõe Lula perdido ante impopularidade - Raphael Di Cunto

Folha de S. Paulo

Evento que marcaria retomada do prestígio do presidente mostra governo sem saber como reagir

Quando você coloca o marqueteiro da eleição como o responsável pela comunicação do governo, o que acontece? O governo vive em constante campanha eleitoral.

O presidente Lula alugou o maior auditório de Brasília nesta quinta-feira (3), instalou um enorme telão no palco e reuniu congressistas, militantes, servidores e todos os seus ministros para um "grande evento": assistir às novas propagandas que serão lançadas para divulgar os feitos do seu terceiro mandato.

Trump tarifa e partilha mundo com autocratas - Marcos Augusto Gonçalves

Folha de S. Paulo

Paralelamente às barreiras, presidente divide zonas de influência com Rússia e China, tendo Groenlândia, Ucrânia e Taiwan na mesa

Ao mesmo tempo em que ataca a ordem liberal com investidas variadas, entre as quais o recém-anunciado tarifaço para transações comerciais, o presidente dos Estados UnidosDonald Trump, vai dando sinais de que, na nova ordem mundial que pretende presidir, os interesses americanos estão em primeiro lugar, mas não a ponto de desrespeitar as zonas de influência das grandes potências.

Sob a crença de que o sistema internacional é injusto e prejudica os americanos, o presidente republicano adotou taxações em série, inspirando previsões pouco animadoras de economistas e governos de diversas tendências.

Como reagir ao tarifaço de Trump? - Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Nossos instintos recomendam responder na mesma moeda, mas essa pode não ser a melhor estratégia

Sociedades humanas só se viabilizaram porque desenvolvemos meios de evitar que indivíduos pudessem tirar vantagem do grupo sem dar sua cota de contribuição. Um dos mecanismos com que a evolução nos dotou para lidar com isso é o sentimento de indignação com injustiças e a correspondente vontade de punir aproveitadores, mesmo que tenhamos de incorrer em custos pessoais.

É interessante notar que isso já existe em algum grau entre outros mamíferos sociais e mesmo aves. Viralizou na internet anos atrás o vídeo de um macaco capuchinho revoltado por ter recebido uma recompensa pior do que a dada a seu colega símio que havia desempenhado a mesma tarefa que ele.

Musk, meu bilionário favorito - Ruth de Aquino

O Globo

O homem mais rico do planeta acaba de provar que nem todo o dinheiro do mundo compra uma eleição

Loser. Loser. Loser. Essa é a pior ofensa para um empresário como Elon Musk, que Trump transformou no gênio da “eficiência da América Grande”. O homem mais rico do planeta. Está prestando enorme serviço ao mundo livre. Musk conseguiu, com a derrota fragorosa de seu candidato conservador para a Suprema Corte do estado de Wisconsin, provar que nem todo o dinheiro consegue comprar uma eleição.

Seria uma semana de holofotes apenas para Trump e seu tarifaço delirante. Mas Musk quis dar a seu patrão na Casa Branca uma vitória. A de um juiz patriota contra uma juíza “progressista de esquerda radical”, num estado decisivo. Musk gastou US$ 23 milhões (mais de R$ 130 milhões) nessa campanha de uma corte estadual. Deu, publicamente, cheque de US$ 1 milhão por um voto em seu juiz. Em jogo, entre outras coisas, estará o julgamento do direito ao aborto.

Perdeu, mané. E foi pelo voto de eleitores republicanos arrependidos. Desconfortáveis com os ataques trumpistas a todos os aspectos da vida real da classe média. E da lucidez. Não falo só de educação e universidades. Saúde. Emprego. Liberdade de expressão. Deportação ilegal. Agora, o fantasma da recessão e da inflação. Um isolacionismo típico de ditaduras, de esquerda e direita. O contrário da ideologia liberal que orgulha os americanos.

Poesia | O Amor antigo, de Carlos Drummond de Andrade

 

Música | Carlos Lyra - Sambalanço