domingo, 2 de março de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Sociedade banca ações pouco transparentes de Itaipu

Folha de S. Paulo

Estatal gastou cerca de R$ 2 bilhões em convênios opacos e geridos por pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores

A conta de luz tem sido um dos principais fatores de pressão sobre a inflação neste início de ano. Segundo a prévia de fevereiro medida pelo IPCA-15, a alta do item alcançou impressionantes 16,3% —elevando o índice geral a 1,23%, o maior para o mês desde 2016.

O preço da energia sofre as mesmas consequências da alta carga tributária, como ocorre com combustíveis e alimentos. Mais de 40% do valor da conta são impostos indiretos e encargos. O restante corresponde a despesas com a geração e distribuição. Há, porém, custos nada transparentes, mas que acabam bancados por toda a sociedade em benefício de poucos.

Com desembolso de quase R$ 2 bilhões, a usina de Itaipu, por exemplo, firmou até julho passado mais de 120 convênios socioambientais desde a posse, há dois anos, do atual diretor-geral no Brasil da binacional, Enio Verri.

Reaprender a navegar é preciso - Carlos Melo

O Globo

Esperava-se um Lula capaz de compreender o espírito do tempo, vislumbrar o futuro, acelerar a História e dar o salto

O GLOBO publicou recente artigo — “Um governo navegado pelo mar” — em que apontei problemas no governo Lula. Dias depois, texto do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro — Kakay, amigo e apoiador do presidente — veio a público com diagnóstico constrangedor das dificuldades do presidente. Paralelamente, pesquisas apuraram maiores quedas na popularidade presidencial e explicitaram a tormenta no petismo.

Indiferente às críticas e apesar de alterações esperadas no ministério, Lula segue a delongar decisões que terá de tomar: definir as linhas de um projeto de futuro, realinhar o governo à maioria do Congresso e estabelecer vínculos efetivos com a sociedade do século XXI. A depender disso, encaminhar a estratégia da reeleição.

O rumo escolhido - Merval Pereira

O Globo

A escolha de Gleisi Hofmann mostra que a reforma ministerial anunciada por Lula não tem o objetivo de ampliar sua base

A escolha de Gleisi Hoffmann para o ministério das Relações Institucionais, que trata da relação política do governo com o Congresso, mostra claramente que a reforma ministerial anunciada por Lula não tem o objetivo de ampliar a base de apoio governista, nem de tornar realidade o governo de frente ampla prometido na campanha presidencial. Ao contrário, marca a confirmação de que o governo Lula 3 será mais do que nunca um governo de petistas, mesmo assim de uma parte dos petistas, não de todos.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não está contemplado nessa turma, pois tem sido frequente alvo de críticas de Gleisi. A explicação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, para justificar a escolha parece bizarra. Diz ele que colocar a ex-presidente do PT no ministério é uma maneira de “proteger” Haddad, pois Gleisi não terá mais liberdade para criticar o ministro da Fazenda.

A marca que o tempo dará - Míriam Leitão

O Globo

Governo Lula será reconhecido por ter evitado o risco à democracia, mas isso não abona os erros da administração diária do país

O que mais se diz sobre o governo Lula é que ele não tem marca. Se fosse outro o resultado da eleição, a democracia brasileira estaria em extremo perigo. E mais, se o presidente Lula, no dia 8 de janeiro de 2023, tivesse caído na armadilha de decretar uma GLO, o que teria acontecido? No dia 20 de janeiro, ele foi visitar os Yanomami com oito ministros. Eles viviam um ataque sistemático, incentivado pelo governo anterior. O desmatamento caiu nos dois últimos anos. A pauta da educação era o homescholling. A saúde era anticiência. No futuro, quando se olhar para esse período, essa será a marca, a de ter confrontado essa tragédia. Mas o que as pessoas querem, naturalmente, é um governo que tenha melhor desempenho, e isso não se consegue com truques de marketing.

Há uma diferença muito forte entre o que teria sido a continuidade do governo Bolsonaro, com o projeto de destruição da democracia, e o governo Lula. Isso não dá a Lula indulgência plenária, mas é preciso ter isso em mente. Até porque muito teve que ser reconstruído. Houve um deliberado desmonte da máquina.

Uma girafa no Supremo - Elio Gaspari

O Globo

Boa parte deste ano será consumida pelo julgamento, no Supremo Tribunal Federal (STF), do plano de golpe de 2022/2023. O inquérito está na mesa do ministro Alexandre de Moraes a partir de um critério que colocou o golpe no mesmo processo do 8 de Janeiro.

Entende-se que as invasões do Planalto, do STF e do Congresso foram parte de um plano golpista gestado meses antes. Os delinquentes de janeiro queriam a mesma coisa que os planejadores de um golpe logo depois da eleição de Lula, em novembro. É a velha questão: quem vem antes, o ovo ou a galinha? O planejamento do golpe seria a nascente e o 8 de Janeiro, a foz.

Apesar disso, no dia 8 de Janeiro Jair Bolsonaro estava nos Estados Unidos, e o grosso da documentação que instrui a denúncia dos golpistas refere-se a fatos ocorridos entre novembro e dezembro de 2022.

O bloco dos prefeitos-xerifes - Bernardo Mello Franco

O Globo

Orientados por marqueteiros, prefeitos criam fatos e factoides para se mostrar engajados na luta contra a criminalidade

Ricardo Nunes convocou a imprensa para inaugurar um “prisômetro”. O prefeito mandou instalar um painel digital no centro de São Paulo. Nele promete contabilizar, “minuto a minuto”, as prisões feitas pela Guarda Civil Metropolitana com o auxílio de câmeras de segurança.

O painel de lâmpadas de LED tem três metros de altura e um metro de largura. A pretexto de divulgar informações de interesse público, faz propaganda de uma vitrine do prefeito: o programa Smart Sampa, que espalhou 23 mil olhos eletrônicos pela cidade.

O projeto enfrenta críticas e questionamentos desde o lançamento. Seu primeiro edital foi suspenso pela Justiça por usar termos racistas e citar a cor da pele entre os critérios para identificar “suspeitos”. O documento também citava a “vadiagem” como motivo para prisões.

A cultura na era Trump - Dorrit Harazim

O Globo

Em seu primeiro mandato, nas noites de gala do Kennedy Center, Trump sempre deixara vazio o camarote reservado ao chefe da nação. Talvez por receio de ser vaiado, de não saber quando e se aplaudir ou por falta de apetite mesmo

Uma imagem gerada por inteligência artificial mostra Donald Trump em roupa de maestro e expressão enlevada, regendo uma orquestra de magnitude sinfônica. Foi postada recentemente por ele mesmo em sua plataforma Truth Social. Continha um anúncio: “Por unanimidade, o presidente Donald J. Trump foi eleito presidente do Conselho do prestigioso John F. Kennedy Center for the Performing Arts em Washington, D.C. Faremos [da instituição] um lugar muito especial e animado!”.

Somos todos venezuelanos - Sergio Fausto

O Estado de S. Paulo

Manter a mobilização da sociedade civil, quando o mais inofensivo ato de protesto pode levar à prisão, não é tarefa fácil

Antes do início de sua apresentação em evento online da Fundação Fernando Henrique Cardoso, em 13 de fevereiro, perguntei a María Corina Machado se ela se recordava da visita que nos havia feito em abril de 2014. A resposta surpreendeu a mim e a Celso Lafer, atual presidente da fundação, que fazíamos as honras da casa: sim, perfeitamente, foi a última vez que deixei a Venezuela, disse ela falando de lugar desconhecido em seu país, onde vive na clandestinidade desde agosto do ano passado, depois da colossal fraude eleitoral e da onda repressiva que se seguiu, quando a ditadura venezuelana se escancarou de vez.

Trump contra o Brasil - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Confronto entre empresas dos EUA e Moraes é parte da ingerência política de Trump no Brasil

Oque começou como embate entre duas empresas americanas e o ministro Alexandre de Moraes evoluiu para um ataque do Departamento de Estado à justiça e à democracia do Brasil e uniu os ministros do Supremo e também o Judiciário com o Executivo, em nome da soberania e da autodefesa nacional. Escalou, portanto, para um confronto político entre os dois países.

Quando a nota americana saiu, acusando o Brasil de decisões “incompatíveis com valores democráticos, incluindo a liberdade de expressão”, houve dois movimentos rápidos. O chanceler Mauro Vieira articulou uma nota do Itamaraty em resposta, enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro divulgava nas redes um texto a favor da nota de Washington e contra a posição brasileira.

O piloto vacila – Celso Ming

O Estado de S. Paulo

Se é verdade que no Brasil o ano político e econômico só começa depois do carnaval, é preciso ver se é para apertar os cintos, especialmente depois que Zelenski foi humilhado na Casa Branca; Gleisi Hoffmann foi para a articulação política do governo Lula, mesmo após avaliações negativas de aliados do presidente Lula; e que a cotação do dólar saltou aqui para os R$ 5,91.

Após a Quarta-Feira de Cinzas três coisas vão acontecer no Brasil na área econômica. Na sexta-feira, dia 7, sai o PIB de 2024; quarta-feira, dia 12, o IPCA de fevereiro; e, por esses dias, o governo promete decisões para tentar reduzir a inflação que contribui para o derretimento da aprovação da administração Lula.

Mulheres e sociedade democrática - Jaime Pinsky*

Correio Braziliense

Nenhuma mulher gostaria de fazer um aborto, da mesma forma que nenhum cidadão gostaria de fazer uma cirurgia, mas ele não pode ser proibido. O que cabe a um Estado moderno é permitir o aborto e fazer com que os hospitais públicos sejam autorizados a realizá-lo

Uma das características do Estado Democrático é a separação entre o poder político e a religião. Embora esse não seja um assunto completamente resolvido, pois ainda há ranços de diferentes religiões em vários Estados nacionais, é possível afirmar que a liberdade religiosa é uma característica da democracia e a interferência do universo das crenças na organização política tende a criar problemas que não deveriam aparecer nos dias de hoje. A separação beneficia um e outro, Estado e religião.

Não tem mais nenhum sentido, no atual estágio de desenvolvimento histórico, uma pessoa tentar obrigar outra a acreditar. Se for algo comprovado cientificamente, não é questão de fé, pois é racionalmente demonstrável; se for uma questão de fé, exige a adesão de cada indivíduo. São verdades com origens diferentes, uma da razão, outra da revelação. Confundir, embaralhar fé e razão, não é razoável, como não é razoável questionar, racionalmente, as intenções de uma divindade, uma vez que isso tem a ver com fé, não com razão. 

Ainda estou aqui e o carnaval do ninguém segura este país – Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

No ano em que o filme se passa, coube à Unidos de Padre Miguel abrir os desfiles de escolas de samba. Não havia Sambódromo, e a passarela era a Presidente Vargas

A arte existe porque a vida não basta, como dizia o poeta Ferreira Gullar. Em pleno domingo de carnaval, a arte brasileira pede passagem nos desfiles de escolas de samba e na sessão de premiação da 97ª edição do Oscar. Fernanda Torres e o filme do qual é protagonista, Ainda estou aqui, de Walter Salles Júnior, disputam três categorias do maior prêmio do cinema mundial: melhor atriz, melhor filme e melhor filme estrangeiro.

O Brasil vai sambar com um olho na Marques de Sapucaí e outro no tradicional Teatro Dolby, em Los Angeles, Califórnia, onde ocorrerá a cerimônia do Oscar. O tapete vermelho será exibido ao vivo, a partir das 20h30, na telinha, enquanto a Unidos de Padre Miguel abrirá a passarela às 22h, com o enredo Egbé Iya Nassô. O Brasil vai parar para assistir a tudo isso, assim como aconteceu na "corrente pra frente" da Copa do Mundo de Futebol de 1970, no México, transmitida pela tevê.

O que fica, com ou sem Oscar – Patricia Machado*

Correio Braziliense

Quando um filme brasileiro sobre a ditadura circula no exterior, ele escancara o fato de que a construção da democracia no Brasil ainda é frágil, que há feridas abertas e que a impunidade dos crimes cometidos pelo Estado segue sendo uma questão latente

Escrevo este texto antes da cerimônia do Oscar. Mais do que celebrar vencedores ou avaliar a dinâmica da premiação, interessa-me pensar no que já foi movimentado por Ainda Estou Aqui desde o momento em que sua indicação foi anunciada. Há momentos em que o cinema é visto como uma forma de transformar realidades, de agir diretamente sobre o presente e sobre a maneira como os espectadores enxergam o mundo. Podemos lembrar do chamado cinema militante dos anos 1960, assim como de Jean Luc Godard, em maio de 1968, segurando uma câmera sem película e mostrando que o ato de filmar era, em si, um ato político. Uma imagem bonita que, talvez, atribua ao cinema mais do que ele pode oferecer. Contudo, se um filme não muda o mundo por si só, ele certamente pode mudar percepções. Pode nos fazer ver o que antes passava despercebido. Pode deslocar narrativas consolidadas e reativar debates que pareciam adormecidos.

Hipermalvadeza acima da razão social - Muniz Sodré

Folha de S. Paulo

A personalização do poder é própria a sistemas em que a autoridade é alguém carismático que simboliza o Estado

Talvez sem relevância sociológica, é de interesse analítico uma curta frase em entrevista recente do ator Robert De Niro: Donald Trump não é um homem mau, e sim um malvado. A distinção fica mais clara em inglês, onde "bad character", mau, tem conotação diversa de "perverse person", "mean", "wicked", malvado, cruel. Faz sentido prático estabelecer diferenças dessa ordem, como quando se diz que a droga mata, mas o narcotráfico assassina. Por igual que seja o efeito danoso, na avaliação dos riscos sociais muda a estratégia preventiva.

De Niro já interpretou vários homens maus no cinema e bem sabe que a morfologia desse personagem comporta alguma coragem, capaz de ser aferida como virtude. Para enfrentar adversários, o mau precisa de um caráter, que pode oscilar entre o negativo e o positivo na percepção do público. Já o malvado está mergulhado em si mesmo, sem alteridade possível, como o Drácula lendário desprovido de reflexo no espelho, atuando como máquina humana tipo "idiot savant", o autista que incorpora um mecanismo computacional. Mas diferente deste, o malvado, agente ativo do caos, apenas destrói.

Lula mostra que não vai mudar - Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

Gleisi Hoffmann e plano Mais Petistas confirmam o que presidente faz desde o início do mandato

Gleisi Hoffmann vai liderar as negociações do governo com o Congresso e, parece, de alianças para a eleição de 2026. Vai para a Secretaria de Relações Institucionais (SRI). A nomeação causou desânimo e consternação entre adeptos, amigos e críticos do governo.

Não se sabe com base em quais razões, essas pessoas esperavam que Luiz Inácio Lula da Silva reorientasse políticas e programas, o que ficaria evidente na reforma ministerial. Gleisi na SRI significa mudar para que tudo continue na mesma, sob o lulismo-petismo de estrita observância, pelo menos. Ou poderia ser mais, como se especula. Seria sinal de que Lula 3 vai ser mais conflituoso e isolado. No limite, Lula jogaria mais gasto e crédito nas caldeiras econômicas a fim de se reeleger.

Opção preferencial pelo embate – Dora Kramer

Folha de S. Paulo

Lula falava sério quando disse que precisava de mais agressividade no governo

A escolha de Gleisi Hoffmann (PT) para comandar a articulação política mostra que o presidente Luiz Inácio da Silva (PT) não usou de força de expressão quando disse que precisava de "mais agressividade" no governo.

A menos que a nova ministra tenha uma identidade secreta a ser revelada na função, Lula parece ter desistido de aplacar ânimos e fez opção preferencial pelo enfrentamento.

À primeira vista não dá para entender, como, de resto no mundo político, ninguém entendeu qual é o plano do presidente para atender às seguintes urgências: desanuviar o ambiente no Congresso, garantir alianças para 2026, fortalecer o ministro Fernando Haddad (PT) e ampliar o governo ao centro.

A indicação de Gleisi sinaliza o oposto. Por óbvio, a repercussão no Parlamento foi negativa. Uma decisão surpreendente para o desenho de uma equipe palaciana onde Rui Costa (PT) já é objeto de desagrado explícito por parte do Legislativo e de outros ministros.

Gleisi comandará negociação das verbas com o Congresso - Raphael Di Cunto

Folha de S. Paulo

A decisão do presidente Lula (PT) de entregar a articulação política do governo à presidente do PT, Gleisi Hoffmann, deixa o partido na gerência do cofre de emendas, estabelece postura mais incisiva na relação com o Congresso e mira a construção de palanques regionais para 2026.

O movimento é um balde de gelo para políticos de centrão, mercado financeiro e integrantes da equipe econômica, ao deixar claro que a reforma ministerial não terá a abrangência e direção por eles desejadas.

As mudanças nos ministérios, na visão desses atores, seriam a chance de um chacoalhão no governo, com a saída de Rui Costa da Casa Civil e a "despetização" do Palácio do Planalto. A expectativa cresceu quando Lula despencou nas pesquisas de popularidade. Mas o presidente resolveu ir no sentido contrário.

O novo momento das emendas parlamentares, com mais transparência sobre os autores, dificultará a gestão de maiorias pelos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do SenadoDavi Alcolumbre (União Brasil-AP).

Trump se rende a Putin e demonstra sua 'energia masculina' - Celso Rocha de Barros

Folha de S. Paulo

Presidente dos EUA e seu cúmplice J.D. Vance tentaram humilhar presidente da Ucrânia no Salão Oval da Casa Branca

Em seu primeiro mês de mandato, Donald Trump demonstrou sua "energia masculina" ameaçando invadir o Panamá e se rendendo incondicionalmente à Rússia.

Na sexta-feira, Trump e seu cúmplice J.D. Vance tentaram humilhar o presidente da Ucrânia no Salão Oval da Casa Branca. Diante das câmeras, e como parte do acordo de rendição americana, trataram Zelenski como se ele fosse um puxa-saco traidor de sua pátria, um Pétain, um Quisling, um Jair Bolsonaro.

Zelenski fez bem em recusar o papel.

Ateliê Humanidades & IEPfD | Diálogos com Marco Aurélio Nogueira com Guilherme Casarões

 

Poesia |Tecendo a manhã, de João Cabral de Melo Neto

 

Música | Paulinho da Viola - Foi um Rio que passou em minha vida