Em vez de 25, governo deveria ter duas prioridades
O Globo
Executivo e Legislativo precisam se unir para
conter gastos públicos e limitar emendas parlamentares
O ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, apresentou ao novo presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB),
uma relação com 25 projetos que considera prioritários para a economia. Ora,
quem tem 25 prioridades, na realidade, não tem nenhuma. O problema é ainda mais
grave. Estão fora da lista de Haddad as duas — apenas duas — prioridades a que
Executivo e Legislativo deveriam se dedicar neste ano e no próximo. Primeira:
um ajuste fiscal capaz de estabilizar a dívida pública em horizonte tangível.
Segunda: impor transparência e limites à farra das emendas parlamentares, as
maiores do mundo quando medidas em proporção ao Orçamento.
A dívida pública brasileira cresce sem parar. Neste governo, deverá aumentar entre 12 e 14 pontos percentuais pelas previsões. À medida que o tempo passa, fica mais caro financiá-la. Prova disso são as atuais ofertas de títulos públicos indexados à inflação, com taxas de retorno real próximas de 8% ao ano. Até agora, o governo finge que o problema não existe. Insiste em dizer estar cumprindo as metas do arcabouço fiscal, sem reconhecer que as atuais regras, cheias de buracos e exceções, são insuficientes para estancar o endividamento. Diante do tsunami em formação, se gaba de erguer uma mureta de 30 centímetros.