sexta-feira, 11 de abril de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Efeito do tarifaço não se dissipa com recuo de Trump

O Globo

Guerra comercial com a China mantém risco de recessão global, mas choque pode trazer aprendizado

Com Donald Trump na Casa Branca, são vãs as tentativas de prever qualquer coisa. É uma incógnita se o pior da guerra comercial deflagrada por ele já passou. Uma semana depois de anunciar o maior choque tarifário na História dos Estados Unidos, Trump se viu forçado a dar meia-volta. Na quarta-feira, suspendeu por 90 dias as tarifas mais altas, mantendo a cobrança mínima de 10% de todos os países, com exceção da China, cuja taxa foi alçada a 145%. A Casa Branca fez grande esforço para vender uma versão segundo a qual tudo corria como previsto, pois o plano era forçar os países a negociar cortes nas próprias tarifas cobradas de produtos americanos. Pura lorota. A convulsão financeira chegou a ponto de lançar os mercados num precipício insondável.

Fernando Abrucio - Extrema direita leva o mundo ao abismo

Valor Econômico

Se muitos estão cegos para os impactos do extremismo, os dois últimos meses da loucura americana mostraram como é perigoso ignorar seu real significado

Os piores pesadelos estão se realizando neste início do governo Trump. Antes de sua posse, boa parcela do mercado financeiro, empresários de toda parte e políticos brasileiros que se dizem moderados sem conseguirem ter autonomia em relação a Bolsonaro acreditaram que o pragmatismo venceria. Naturalizaram o extremismo, e o mundo vai passar pela tempestade política mais terrível desde o nazismo. Para sairmos dessa desgraça, é preciso entender a perversidade e o desastre contidos no modelo político e de políticas públicas da extrema direita.

A extrema direita hoje abarca grupos de várias partes do mundo, crescendo na Europa, mas não tendo ainda vencido as eleições por lá, e está no poder na Hungria, na Argentina e nos EUA, como já esteve no Brasil. Há diferenças entre partidos e lideranças extremistas por conta de características locais - os imigrantes não são um tema no caso brasileiro, por exemplo. De todo modo, em todas essas experiências há uma característica central: uma liderança populista, carismática, iliberal e com um projeto autocrático. Seus seguidores e asseclas obedecem caninamente ao chefe.

José de Souza Martins - Pesquisa eleitoral extemporânea

Valor Econômico

É inútil e imprudente, num cenário de incerteza, considerar as pesquisas eleitorais fora de época como expressões de quais serão os resultados da votação

Passado pouco mais de metade do mandato do atual presidente da República, políticos e partidos já se lançaram na disputa por sua sucessão como se a eleição fosse na semana que vem. E como se aqui, costumeiramente, mesmo nos poucos dias anteriores ao de uma eleição, a decisão do eleitor já estivesse tomada.

Todos nós sabemos que um número grande de brasileiros só se preocupa com o ato de votar quase em cima da hora. É inútil e imprudente, portanto, num cenário de incerteza, indecisão e improvisação, considerar entre nós as pesquisas eleitorais fora de época como expressões objetivas e prováveis de quais serão os resultados da votação bem lá adiante.

Essas considerações resultam da observação confirmada de que o bolsonarismo introduziu na cultura política brasileira o uso da incerteza como forma de desordenar a lógica própria do processo político. E desse modo reduzi-lo àquilo que não é: expressão da opinião superficial e manipulável, antipolítica, mais resultado do acaso e do “chute” do que de uma consciência crítica fundamentada e propriamente política.

Tarcísio entre ser um 'líder' ou um 'episódio' - Andrea Jubé

Valor Econômico

Em meio às especulações sobre seu destino, governador de São Paulo avança tentando conciliar imagem de herdeiro do bolsonarismo com a de político moderado

“Quantos Napoleões a França teve?”, questionou o interlocutor, em conversa com a coluna, a propósito de um dos possíveis cenários para a eleição presidencial de 2026.

O mote era a estratégia pela qual o nome “Bolsonaro” poderia despontar na urna eletrônica na sucessão presidencial, mesmo com o ex-presidente inelegível. Para a hipótese se consumar, Jair Bolsonaro (PL) teria de reverter a inelegibilidade junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Nos bastidores, ele tem afirmado a aliados que considera factível uma vitória na Justiça Eleitoral, mas reconhece a possibilidade de derrota no STF. Ele se tornou inelegível até 2030 por decisão do TSE, por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação por ter realizado uma reunião no Palácio da Alvorada, com embaixadores, quando atacou o sistema eleitoral, em ato transmitido pela TV Brasil.

O estardalhaço que mobiliza - Vera Magalhães

O Globo

Políticos como Trump e Bolsonaro conseguem catalisar as atenções da imprensa e das demais instituições com base em agendas personalistas

Enquanto o governo Lula abre a caixa de ferramentas de políticas públicas e lança uma nova campanha publicitária, tudo para tentar estancar a sua queda de popularidade, o espetáculo promovido por Donald Trump e o showzinho de Jair Bolsonaro para pressionar pela anistia aos condenados do 8 de Janeiro são os assuntos que mais mobilizam a imprensa e as instituições aqui e no mundo.

Em outras palavras: nos tempos atuais, é o espalhafato, o estardalhaço que gera engajamento e, muitas vezes, continua vencendo eleições, a despeito das evidências de quanto essa maneira de fazer política é deletéria para a democracia e para a economia.

Como sair da armadilha e retomar algum grau de previsibilidade em governos e relações entre países é uma pergunta cada vez mais difícil de responder de forma taxativa e aceita pela maioria de populações cada vez mais divididas e intolerantes.

Teatro da cassação - Bernardo Mello Franco

O Globo

Deputado entrou na mira ao se lançar em cruzada contra Arthur Lira e o orçamento secreto

Em cartaz em Brasília com o monólogo “Traidor”, Marco Nanini passou a quarta-feira no Congresso. Foi assistir à sessão do Conselho de Ética que discutiria a cassação do deputado Glauber Braga. “Como estou na cidade, me senti no dever de ir”, explica o ator, que enfrentou seis horas de falatório e gritaria numa sala cheia e abafada.

Glauber é acusado de quebrar o decoro ao agredir um militante do MBL que xingou sua mãe de “safada”. Não foi seu único entrevero com o provocador, que costuma se infiltrar em atos da esquerda para causar tumulto e viralizar nas redes sociais. Em 2024, ele usou a tática para se candidatar a vereador pelo Novo. Coincidentemente, o partido apresentou a representação contra o deputado do PSOL.

A era da desconfiança – Flávia Oliveira

O Globo

A falta de confiança pavimenta caminhos e baliza estratégias

Existe um motivo para argentinos preferirem guardar dinheiro dentro de nichos em paredes a depositar a poupança no banco; para brasileiros tremerem ao menor sinal de inflação, ainda que os preços hoje subam em um ano menos do que escalavam em uma semana no passado. Ou para países emergentes pagarem a investidores taxas de juros infinitamente maiores e verem reservas internacionais evaporar ao menor sinal de instabilidade. Desconfiança é o sentimento que ajuda a compreender o comportamento de consumidores, famílias, empresas, investidores e nações em reação aos traumas da História. Numa economia global ferida pelo tarifaço intempestivo e inconsequente imposto por Donald Trump, a falta de confiança pavimenta caminhos e baliza estratégias.

Ainda que o presidente americano, noutro rompante, recue de todas as sanções já anunciadas (ou temporariamente suspensas), a guinada terá deixado cicatrizes em seu próprio país. E no mundo. A variável desconfiança passou a integrar equações de análise de risco e planejamento de quem quer que se relacione com os Estados Unidos. Parceiros e desafetos sabem que Trump — e, por conseguinte, o país que preside — é capaz de rasgar acordos firmados, romper parcerias seculares. Não poderão desconsiderar o que é fato.

Sem Argentina e Paraguai – Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Mercosul racha ao meio e Lula amplia para América Latina e Caribe a reação a Trump

O Mercosul racha ao meio na pior hora, com o Brasil e o Uruguai de um lado, articulando uma reação ao tarifaço de Donald Trump, e a Argentina e o Paraguai de outro, alinhando-se ao imperador norte-americano, justamente quando Trump implode o multilateralismo e a Europa, Ásia e África intensificam sua integração e seus blocos por autoproteção e o acordo Mercosul-União Europeia ganha, ou ganharia, oportunidade e tração.

Se havia dúvidas sobre a divisão, elas acabam de ruir na cúpula da Celac, que reuniu países da América Latina e do Caribe em

Tegucigalpa, Honduras, nesta quarta-feira. A declaração final foi apoiada por 30 dos 33 países, sob a liderança, entre outros, do Brasil. Quem ficou de fora? Argentina e Paraguai, além da sangrenta Nicarágua. Com um detalhe: os três presidentes não foram nem enviaram seus chanceleres, foram representados pelo terceiro escalão.

O dedo de Trump no mapa da fome - Fernando Gabeira

O Estado de S. Paulo

Correndo por fora da batalha das tarifas, a grande pauta global dos alimentos precisa vir à tona

O centro das discussões mundiais são as tarifas de Trump. Não poderia ser diferente: envolvem a economia do planeta e a sorte de bilhões. No entanto, há uma decisão de Trump que foi pouco discutida, com efeito arrasador sobre os mais pobres do mundo. Trata-se do corte de 83% dos programas norte-americanos de ajuda humanitária e ao desenvolvimento. O balanço do estrago dessa decisão foi feito nas primeiras semanas após o anúncio, mas ainda assim ele pode surpreender pela sua carga negativa.

O jornal Le Monde cita a primeira avaliação de março, divulgada na revista Nature: a suspensão da ajuda arrisca privar 1 milhão de crianças de acesso ao tratamento vital contra a desnutrição e a provocar 160 mil mortes anuais. Essas análises se apoiam no fluxo de financiamento e na mortalidade constatada quando não se combate a desnutrição.

A reação negativa dos EUA ao novo Sputnik - Simon Schwartzman

O Estado de S. Paulo

Igual à antiga União Soviética e os EUA, a China desenvolve uma ciência estatal de grande porte na área militar, espacial e de infraestrutura

Em 1957, os Estados Unidos tomaram um susto quando souberam que a União Soviética havia lançado o primeiro satélite ao espaço, indicando que o sistema de ciência e tecnologia soviético poderia ter superado o americano. A superioridade americana que havia se consolidado depois da Segunda Guerra se apoiava em pelo menos três pilares. Primeiro, na big science, a capacidade de investir e coordenar conhecimentos, recursos humanos e materiais em grande escala, no projeto da bomba atômica e, mais amplamente, na tecnologia militar. Segundo, na política de apoio às ciências em todos os seus aspectos, estabelecida no documento que ficou conhecido como Science, the Endless Frontier, que incluía desde o apoio à pesquisa básica nas ciências naturais, sociais e humanidades, sem objetivos imediatos, com destaque à pesquisa universitária e instituições como a National Science Foundation, até a ciência aplicada na área da saúde e outras. E terceiro, no fortalecimento da cooperação entre universidades, governo e indústria, que consolidou os Estados Unidos como o país mais avançado na pesquisa, na produtividade econômica e na educação superior, atraindo talentos de todo o mundo.

Radicalização aumenta e pode paralisar as votações da Câmara – Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

O catalisador de um grande confronto é a cassação do deputado Glauber Braga (PSol-RJ), aprovada pelo Conselho de Ética. O parlamentar resolveu fazer greve de fome

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, está tendo crescentes dificuldades para manter sua agenda, inclusive a pauta prioritária que anunciou no decorrer desta semana: a Proposta de Emenda Constitucional da Segurança Pública. Segundo ele, há uma convergência entre as lideranças de partidos para dar urgência aos debates sobre o tema. Entretanto, as articulações para aprovação de uma anistia aos condenados pelo envolvimento na tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023 prosseguem, e o clima de radicalização na Casa pode esquentar ainda mais devido à aprovação do pedido de cassação do deputado Glauber Braga (PSol-RJ) pelo Conselho de Ética da Câmara.

O carvalho e a couve - José Sarney*

Correio Braziliense

Examinem os carvalhos que foram plantados, porque as couves têm um período muito curto de vida. Somos uma democracia de massa, a sétima economia do mundo, o que por si só afirma a grandeza do nosso país

Nós, brasileiros, temos o hábito de cultivar o pessimismo em relação ao nosso país. O nosso olhar é um pouco o de ver a árvore, e não a floresta, como no apólogo que Rui Barbosa invocou quando discutia uma lei de anistia: ele citou a diferença entre plantar couve e plantar carvalhos e concluiu: nós gostamos sempre de olhar a couve sem ver os carvalhos. 

Quero fazer uma reflexão sobre a satisfação e a alegria de ser brasileiro, alegria de termos construído uma sociedade de convivência sem problemas de fronteira, que o Barão do Rio Branco resolveu no princípio do século; de religião, pois temos no Brasil liberdade de consciência e, sobretudo, convivência entre crenças e convicções; de raça, pois aprendemos a não ter preconceitos raciais e a conviver com alegria. De tal sorte que dizia Gilberto Amado ser a expressão carinhosa que usamos em relação a uma mulher de qualquer cor "ó, minha neguinha" uma referência a uma mulher linda e inteligente, por quem temos admiração, afeto, carinho e amor. 

Milei e a temerária aposta de sair do Mercosul - Arlindo Chinaglia

Correio Braziliense

O Mercosul oferece escala, proteção e previsibilidade — elementos que, uma vez perdidos, não são facilmente substituídos. Seu fortalecimento é essencial para a prosperidade e estabilidade da região

O Mercosul acaba de completar 34 anos de existência, consolidando-se como um dos principais instrumentos de integração regional, com impactos positivos expressivos para Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Criado em 1991 pelo Tratado de Assunção, o bloco foi concebido para promover a integração econômica, física, cultural, política e comercial entre seus membros, além de fortalecer a democracia e contribuir para a estabilidade política na América do Sul.

Ao longo das últimas três décadas, tem proporcionado avanços concretos, como o funcionamento do Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), com recursos investidos superiores a US$ 1 bilhão em projetos de infraestrutura energética, transporte rodoviário e ferroviário e obras de saneamento básico nas fronteiras; a possibilidade de viajar entre os estados-partes apenas com a cédula de identidade, sem necessidade de passaporte; e os Acordos de Residência e Seguridade Social, que facilitam a livre circulação de pessoas e garantem direitos sociais aos cidadãos do bloco, entre outros benefícios.

Trump, eleição nos EUA e o mundo - Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

Ainda vai levar tempo para tarifas afetarem inflação, mas economia já dá sinais de estresse

Pessoas que perderam seus parentes para a Covid votaram em indivíduos que não davam a mínima para a epidemia mortífera, como Jair Bolsonaro. Também votaram em Jair Bolsonaro tantas pessoas que padeceram na grande miséria de 2021, a maior em décadas, pois haviam perdido o auxílio emergencial, cortado ainda durante o desastre epidêmico. Temos visto muito surto de servidão voluntária, por assim dizer, piorado pelas redes insociáveis.

Assim, é temerário dizer que americanos vão se revoltar quando sentirem os efeitos da guerra comercial de Donald Trump. Quem sabe se invente um meme de dourar pílula ou um veneno algorítmico ou uma alquimia virtual capaz de transformar sofrimento em ouro. No caso do governo de Joe Biden, a possibilidade de vitória do Partido Democrata foi para o vinagre muito também porque os salários perderam a corrida da inflação por quase três anos. Desta vez vai ser diferente?

Câmara erra dosimetria dos próprios pares - Raphael Di Cunto

Folha de S. Paulo

Deputados salvam acusados de corrupção e assassinos enquanto perseguem quem não entra no jogo

Congresso que se arvora em criticar a dosimetria do STF sobre golpistas é o mesmo que não sabe diferenciar as condutas de seus próprios pares.

O quão indecoroso é um congressista chutar alguém no meio de uma discussão? Com certeza é grave, mas certamente não mais deplorável do que ordenar assassinato, formar quadrilha para desviar dinheiro público, espancar a esposa ou perseguir alguém com um revólver na rua.

O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) agrediu, dentro da Câmara, um militante de direita que o ofendia. Errou e deve ser punido, com censura pública ou até suspensão. A cassação, porém, é abusiva e avança apenas por ele não abaixar a cabeça para os poderosos do Congresso.

Virilidade tarifária de Trump não dura muito - Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Presidente americano volta atrás em tarifas recíprocas, mas isso não apaga dano causado aos EUA

Não durou muito tempo a virilidade tarifária de Donald Trump. Assim que ele percebeu que seus desatinos político-econômicos estavam afetando negativamente até os "treasuries", os títulos do Tesouro americano, até aqui vistos como uma das aplicações financeiras mais seguras do mundo, recuou.

As "tarifas recíprocas" anunciadas com pompa no Dia da Libertação, das quais Trump jamais recuaria, foram reduzidas à alíquota de 10% pelos próximos 90 dias, exceto para a China que peitara o Agente Laranja. Vou agora elogiar Trump. Ainda bem que ele é covarde. Se insistisse em suas desmedidas, a situação econômica do planeta, que já não é muito promissora, ficaria ainda pior. Mas o surto de sensatez não apaga o principal dano já causado aos EUA, que é a perda de credibilidade.

Recuo de Trump é alívio, mas crise segue azeda - Marcos Augusto Gonçalves

Folha de S. Paulo

Sob pressão externa e interna, presidente dos EUA foi forçado a mudar de rumo, mas polarização com chineses persiste

O recuo no tarifaço de Donald Trump anunciado na quarta-feira deixou claro que o presidente norte-americano acabou se vendo sob forte pressão numa posição de crescente isolamento tanto no cenário externo quanto interno. A combinação desses dois aspectos levou a uma alteração inesperada de rumos e abalou a imagem de valentão do populista americano.

O acirramento da guerra tarifária a partir do momento em que a China decidiu peitar a escalada das barreiras, apresentando-se como polo desafiador da guerra comercial, azedou de vez o clima já de forte volatilidade dos mercados. Wall Street despencou e se aproximou do que os americanos chamam de "mercado urso", quando se registra uma queda de pelo menos 20% em relação ao pico anterior.

Poesia | Não me peçam razões, de José Saramago

 

Música | Xande canta Caetano - Qualquer coisa com Hamilton de Holanda