Desabamento em igreja expõe descaso com patrimônio
O Globo
Não falta dinheiro, mas uma rotina de cuidado
com as relíquias históricas e com a segurança dos turistas
O desabamento do teto da Igreja da Ordem
Primeira de São Francisco, no Centro Histórico de Salvador, mostra o descaso
com que o Brasil trata os turistas e o patrimônio histórico.
A tragédia matou uma jovem de 26 anos, feriu cinco visitantes e destruiu uma
relíquia do barroco brasileiro. Era notória a precariedade do templo, conhecido
como Igreja de Ouro e considerado uma das sete maravilhas de origem portuguesa
no mundo.
Dois dias antes da tragédia, o frei Pedro Júnior Freitas da Silva, guardião-diretor da igreja, alertara o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) sobre a dilatação no teto e pedira vistoria. A inspeção estava prevista para esta quinta-feira, mas o desabamento não esperou os trâmites burocráticos. A fissura no teto era só uma das muitas carências da igreja. Em 2023, reportagem do portal g1 revelou o estado do edifício. Havia pilastras sem reboco, piso desnivelado, fiação exposta e, em alguns lugares do complexo religioso, o teto estava escorado em ripas de madeira. Um dos pátios fora parcialmente interditado devido ao risco de queda de um pináculo, depois removido.