Tarifas de Trump exigem cautela do Brasil
O Globo
Política comercial americana é péssima para o
mundo. Diplomacia brasileira deve tentar contornar efeitos negativos
A tarifa de 25% anunciada por Donald Trump sobre
importações de aço e alumínio afetará as exportações brasileiras, mas seus
efeitos ainda devem ser analisados de modo mais detido. No ano passado, o
Brasil exportou US$ 4,1 bilhões em aço aos Estados Unidos.
Com 15% do mercado local, ficou em segundo lugar entre os fornecedores
externos. No alumínio, as exportações e a participação brasileira são bem
menores, inferiores a US$ 800 milhões e a 1%. Embora medidas de retaliação
sejam a resposta natural a esperar em casos do tipo, o governo brasileiro
precisa primeiro avaliar as consequências antes de tomar decisões. Apesar de
Trump dizer que não haverá exceção às tarifas, o passado pode servir de guia.
Sob o pretexto de defender a segurança nacional, no início de 2018, ainda no primeiro mandato, Trump impôs tarifas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio importados. Duas semanas mais tarde, a Casa Branca informou que, para a União Europeia e para seis países, entre eles o Brasil, as tarifas seriam suspensas até o fim de negociações. Em maio, Trump impôs cotas às exportações brasileiras. Em agosto, nem mais isso estava em vigor. Se o importador americano comprovasse falta de matéria-prima no mercado interno, poderia comprar o produto brasileiro sem pagar 25% a mais em imposto.