Folha de S. Paulo
Evento que marcaria retomada do prestígio do
presidente mostra governo sem saber como reagir
Quando você coloca o marqueteiro da eleição
como o responsável pela comunicação do governo, o que acontece? O governo vive
em constante campanha eleitoral.
O presidente Lula alugou o maior auditório de Brasília nesta quinta-feira (3), instalou um enorme telão no palco e reuniu congressistas, militantes, servidores e todos os seus ministros para um "grande evento": assistir às novas propagandas que serão lançadas para divulgar os feitos do seu terceiro mandato.
Fosse um balanço de dois anos, estaria
atrasado. Sendo a tentativa de retomada da popularidade do presidente, a
"grande virada rumo à reeleição", falhou. No máximo, serviu para que
os ministros saibam o que os colegas estão fazendo.
A aprovação do presidente despencou
desde dezembro. Há inúmeras suspeitas sobre os motivos (influência dos
algoritmos das redes sociais), alguns diagnósticos (inflação alta e percepção
de que o governo se empenha mais em taxar as pessoas do que em cortar despesas)
e muitas teses (comunicação ruim, falta de iniciativa do presidente, mudança
cultural).
O evento apresentou poucas soluções para
atacar essas causas. Não bastasse o problema no áudio que estragou a sessão de
cinema governamental, faltou conteúdo capaz de deixar uma marca, uma novidade a
atrair a atenção do eleitor que hoje se entedia com vídeos de mais de 15
segundos.
A cerimônia, com ações reempacotadas, teve
ares de propaganda eleitoral ao vivo. Beneficiários de programas sociais foram
entrevistados no palco e vídeos destacaram o papel do agro, das famílias e dos
autônomos, além de comparações diretas com o governo Bolsonaro.
A ideia de mostrar que Lula "reconstruiu
a casa em ruínas" e que o eleitor terá mais benefícios ao mantê-lo como
inquilino do Palácio do Planalto que se o antecessor voltar a morar lá falha no
formato engessado, que não furará a cada vez mais reduzida bolha simpatizante
ao petista, e ao mirar Bolsonaro como o adversário, quando tudo aponta que não
será ele o real candidato.
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