Por Raymundo Costa | Valor Econômico
BRASÍLIA - O presidente Michel Temer aposta que poderá bancar uma candidatura competitiva na eleição presidencial graças à recuperação da economia. Para isso, criou uma agenda pós-denúncia, para consolidar e ampliar os ganhos econômicos.
Pelo menos até onde a vista alcança, Temer, cuja avaliação nas pesquisas de opinião é muito ruim, não pensa em re eleição, mas sim na organização de um polo de centro a partir do núcleo partidário que apoia as reformas em tramitação - basicamente oito partidos.
Para ter um ano eleitoral mais tranquilo, o governo precisa aprovar a reforma da Previdência. Nos cálculos do Palácio do Planalto, o governo conta com 280 votos - são necessários 308. À medida que se aproxima a eleição, são maiores as dificuldades para aprovação da reforma. Assim, embora diga o contrário, o mais provável é que o Planalto aceite votar uma proposta menor, só com uma idade mínima e regras de transição.
Temer vê chances de eleger seu sucessor
O presidente Michel Temer aposta que poderá bancar uma candidatura competitiva de centro às eleições presidenciais de 2018, graças à gradual recuperação da economia. Para tanto, o presidente estabeleceu uma agenda e um calendário para o "pós-denúncia", cujo objetivo é consolidar e amplificar os ganhos econômicos obtidos até agora. Pelo menos até onde a vista alcança, o presidente, que carrega uma popularidade rés ao chão, não pensa na reeleição, mas sim na organização de um polo de centro a partir do núcleo partidário que apoiou e apoia as reformas em tramitação - basicamente oito partidos que vão do PMDB ao DEM, passando pelo PP, PR, PSD, PTB e PRB. O candidato poderia ser do PSDB, mas não necessariamente.
Antes de mais nada, o governo precisa vencer o obstáculo da votação do pedido de licença para processar o presidente feito pelo Ministério Público Federal. Temer deve vencer, apesar do sobressalto causado pelo vazamento da delação do doleiro Lúcio Funaro. A segunda denúncia do ex-procurador-geral Rodrigo Janot é considerada mais fraca que a primeira, o que levou o Palácio do Planalto a acreditar que pode ter mais votos para rejeitá-la do que teve da primeira vez. Até o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que trabalhou contra Temer na primeira votação, se reaproximou e fez críticas aos termos do "Janot 2".
Alckmin não mudou por acaso: os números da economia indicam que Temer pode chegar a outubro de 2018 em condição bem melhor que a atual. O fato é que o PMDB no governo tem o que mostrar: comparado a 2016, o país entra no último trimestre com um crescimento em torno de 2% (todas as agências subiram as previsões de crescimento do PIB de 2017, hoje estimado em 0,7% no ano). O banco Itaú já trabalha com a hipótese de um juro de 6,5% no fim do ano, o que seria um percentual mais baixo até do que aqueles alcançados no governo Dilma Rousseff, mas "sem as canetadas" da ex-presidente, como fazem questão de ressaltar auxiliares do presidente.