Por Victor Correia / Correio Brasiliense
Presidente faz, em Brasília, evento de
divulgação dos resultados dos dois anos de mandato, com a intenção de contornar
impopularidade. Sidônio afirma que responsabilidade de superar má avaliação da
gestão petista é de todos os ministérios
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
apostou, nesta quinta-feira, em um evento curto de autopromoção do governo e
focado na divulgação de resultados para tentar reverter o derretimento de sua
popularidade, medido por pesquisas. Organizada pela Secretaria de Comunicação
Social (Secom), a solenidade dispensou a presença de ministros no palco e os
costumeiros — longos — discursos de integrantes do Executivo e aliados. Deu
destaque a vídeos institucionais e depoimentos de pessoas que se beneficiaram
de programas sociais. Mesmo Lula, afeito a discursar de improviso, leu sua fala
e ficou menos de nove minutos no púlpito.
"O Brasil era uma casa em ruínas. Uma
terra arrasada. Em apenas dois anos de muito trabalho, nós arrumamos a
casa", declarou o presidente. Ele destacou dados como o crescimento do
Produto Interno Bruto (PIB), de 3,4% no ano passado; o nível de desemprego de
6,2% em dezembro, o menor em 12 anos; e os resultados de programas como Bolsa
Família e Pé-de-Meia.
Lula também assinou novas medidas, como o repasse de R$ 18 bilhões do Fundo do Social do Pré-Sal para ampliar o Minha Casa Minha Vida e a antecipação do pagamento do 13º para aposentados e pensionistas do INSS.
"Novos anúncios estão chegando. O Minha
Casa Minha Vida passará a beneficiar também a classe média. Com a atualização
do programa Celular Seguro, o governo vai aumentar a proteção dos cidadãos
contra o roubo desses aparelhos e fortalecer o enfrentamento ao crime
organizado. Vem aí a TV 3.0, sistema que vai fazer o casamento definitivo da TV
aberta com a internet", frisou. O evento contou com a participação de
quase todos os ministros de Estado, líderes do governo no Congresso e
parlamentares aliados, assim como representantes de movimentos sociais.
O governo federal busca soluções para
reverter o derretimento da popularidade de Lula. Pesquisa Genial/Quaest,
divulgada na quarta-feira, mostrou que a reprovação do presidente atingiu 56%,
ultrapassando pela primeira vez a marca dos 50%. É o pior índice dos três
mandatos.
O Planalto aposta que melhorar a divulgação
dos programas sociais ajudará a reverter a tendência de queda, mas o governo
enfrenta problemas estruturais com a alta inflação dos alimentos, o preço dos
combustíveis e a adoção de medidas impopulares, como a taxação sobre compras
importadas de até US$ 50.
Responsabilidade
Em coletiva de imprensa após a solenidade, o
ministro da Secom, Sidônio Palmeira, chegou a desviar de perguntas sobre a
queda de popularidade do presidente, mas depois atribuiu a responsabilidade de
revertê-la a todos os ministérios, não apenas à Comunicação.
"Não tem nada de eu me isentar da
impopularidade. Zero. Acho que a impopularidade tem responsabilidade de todos
os ministros, de todas as áreas, a área política, gestão, comunicação, todo
mundo", respondeu, ao ser questionado sobre a queda na avaliação de Lula.
"E que isso já vem de algum período, ou de agora, isso não tem
absolutamente nenhum problema. Estou ministro para demonstrar e fazer para a
população", acrescentou.
O ministro também negou que o evento de
autopromoção do governo tenha adotado um tom eleitoral. "Acho que é uma
leitura errada. O principal objetivo é divulgar as ações do governo, mostrar
para a população quais são os serviços que têm pela frente, que ela possa usar
os serviços, tem alguma coisa de errado nisso? Tem alguma coisa a ver com
campanha política?", indagou Sidônio, que fez carreira como marqueteiro
fora do poder público.
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