O Globo
Ato “Brasil dando a volta
por cima”
A um ano e meio das urnas,
Lula entrou de vez em modo reeleição. Na quarta-feira, o presidente disse a
senadores que será candidato em 2026. Na quinta, fez um evento oficial para
exaltar os feitos do governo e apresentar uma nova campanha publicitária.
Comandado pelo ministro e marqueteiro Sidônio Palmeira, o ato teve forma e conteúdo de propaganda eleitoral. No telão, um vídeo exibiu cenas de crianças correndo, famílias sorrindo, praia lotada e Cristo Redentor. No palanque, locutoras recitaram números e anunciaram novas benesses, como a ampliação do Minha Casa, Minha Vida e a antecipação do 13º dos aposentados.
Para humanizar o falatório,
o evento apresentou três beneficiários de programas federais como
“representantes desse Brasil da reconstrução”. Eles subiram ao palco com uma
âncora da TV Brasil, em nova mistura imprópria de comunicação pública com
publicidade estatal.
Num momento constrangedor,
um repentista exaltou o “Brasil de Luiz Inácio” e arriscou rimas como
“meia-luz” e “homens nus”, “força no arranque” e “Lei Aldir Blanc”. Se já
ficaria ruim no horário eleitoral, ficou pior na solenidade oficial.
O pretexto do evento era
apresentar um balanço dos primeiros dois anos de governo. Em dezembro, isso
faria algum sentido. Em abril, soou como desculpa esfarrapada para botar a
campanha na rua.
Para azar do Planalto, o ato
“Brasil dando a volta por cima” coincidiu com a pesquisa Quaest que apontou
nova baixa na popularidade presidencial. Os números deveriam lembrar os
ocupantes do poder que comunicação ajuda, mas não faz milagre. Depois da posse
do novo ministro, Lula continuou a perder pontos em todos os segmentos do
eleitorado.
Em discurso lido para evitar
novas gafes, o presidente elogiou o próprio desempenho, mas reconheceu que
“ainda há muito a ser feito”. Não fez nenhuma referência à inflação de
alimentos, que corrói sua imagem desde o fim do ano passado.
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