Fatos justificam que Bolsonaro seja considerado réu
O Globo
Apenas as reuniões em que ele tentou aliciar
os chefes militares já bastariam para embasar acusações
Tendo usufruído amplo direito de
defesa, Jair
Bolsonaro é agora réu. Os cinco integrantes da Primeira Turma do
Supremo Tribunal Federal (STF)
foram unânimes em aceitar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR)
contra ele e os demais acusados de tramar um golpe de Estado. O caso é
histórico. Nunca antes um ex-mandatário foi acusado formalmente de tentar
acabar com o Estado Democrático de Direito. Há provas graves e contundentes. A
solidez delas é suficiente para que Bolsonaro seja julgado. Se condenado, a
pena máxima poderá chegar a 43 anos de prisão. Desde agora até o julgamento, é
preciso sobretudo haver esforço para descontaminar o processo da influência
política. O mais sensato é se ater às provas.
Basta rememorar a cronologia dos fatos apurados pela Polícia Federal (PF) para entender a gravidade dos crimes atribuídos ao ex-presidente e àqueles que a PGR incluiu no “núcleo crucial” do golpe — os oito declarados réus. A acusação de que houve tentativa de ruptura democrática está documentada e se apoia, sobretudo, na sequência de reuniões entre Bolsonaro e os então chefes militares em dezembro de 2022. O objetivo das reuniões, segundo a PGR, era convencer os comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica a participar da intentona.