terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Déficit crescente impõe nova reforma da Previdência

O Globo

Levantamento mostra que pagamento de aposentadorias e pensões aumentou 60% entre 2015 e 2024

São eloquentes os sinais de que as contas da Previdência se tornam a cada dia mais insustentáveis. Um levantamento feito pelo Tesouro Nacional a pedido do jornal Valor Econômico mostra que o déficit com pagamento de aposentadorias e pensões da iniciativa privada, servidores federais e militares cresceu 60% nos últimos nove anos. Em 2024, foram pagos R$ 417 bilhões (3,45% do PIB ). Em 2015, eram R$ 261 bilhões, ou 2,64% do PIB (os dados foram corrigidos pela inflação).

Ventos conservadores - Merval Pereira

O Globo

O grave é que a extrema direita obteve votação histórica na Alemanha. A tendência para o centro é crucial para frear esse avanço

A vitória da centro-direita na Alemanha é um ponto importante na onda conservadora que vai dominando os principais países do mundo. A centro-direita está tomando conta da política europeia. Há uma convergência de pensamento e objetivos com Donald Trump nos Estados Unidos que isola a esquerda, mesmo a não radical. A direita ganhou a Europa quase inteira. É um dos resultados mais acachapantes desde a fundação da União Europeia: Grécia — Nova Democracia (centro-direita); Bulgária — GERB (direita); Hungria — Fidesz (direita); Finlândia — KOK (direita); França — RN (direita); Áustria — FPO (direita); Alemanha — CDU (centro-direita). Anteriormente, já ganhara na Polônia, na Hungria e na Itália.

Como entender a virada à direita – Míriam Leitão

O Globo

A economia é só um dos motivos do avanço da extrema direita na Alemanha. Já no Brasil, ela está nas cordas, mas de olho nos erros do governo

A relação entre economia e política sempre existirá, ainda que os determinantes do voto sejam cada vez mais múltiplos e complexos. O que leva a Alemanha a dar 20% dos votos a um partido de extrema direita? Isso nunca terá uma resposta simples. Desde o início da guerra da Rússia contra a Ucrânia, o país enfrenta duas pressões de preços: o gás que vinha da Rússia e que teve que ser substituído por outras fontes mais caras, e os grãos que vinham da Ucrânia. Como consequência, energia e pão encareceram na Alemanha.

Ministra da Saúde é a pobre menina rica da Esplanada – Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

Nesta segunda-feira, em rede nacional de tevê, o presidente Lula destacou o programa Farmácia Popular, enquanto a saída de Nísia Trindade já era anunciada nos telejornais como certa

Em 1963, Carlos Lyra e Vinicius de Moraes produziram o musical Pobre Menina Rica, para o qual compuseram uma dúzia canções, uma das quais intitulou a obra. "Eu acho que quem me vê, crê/ Que eu sou feliz, feliz só porque/ Tenho tudo quanto existe/ Pra não ser infeliz/ Pobre menina tão rica/ Que triste você fica se vê/ Um passarinho em liberdade/ Indo e vindo à vontade, na tarde/ Você tem mais do que eu/ Passarinho, do que a menina", diz a letra da música.

Convidada para ser a voz feminina da peça musical, foi nela que Nara Leão estreou sua carreira profissional em 1963. É uma história de amor de uma moça de classe alta carioca com um mendigo poeta. Muitos acreditam que a musa da bossa nova inspirou a criação da peça, porque nem Lyra nem Vinicius pensaram duas vezes em convidá-la para o musical. Em 1965, Carlos Lyra gravaria a trilha sonora de Pobre Menina Rica, em disco lançado pela CBS, que contou com a participação de Dulce Nunes, Moacir Santos, Catulo de Paula e Telma Soares, um clássico da bossa nova.

Gastança e rombo fiscal: calma, gente, calma! - Pedro Cafardo

Valor Econômico

Brasil deveria ter um plano de médio e longo prazo para estabilizar a dívida

Ao ler coluna publicada neste espaço 15 dias atrás, um leitor enfurecido a considerou “um louvor à política desenvolvimentista irresponsável do lulopetismo”. Razão aparente do furor: a afirmação de que a austeridade fiscal é importante, mas não pode ser remédio para todos os males.

Foi a única manifestação desse tipo entre outras civilizadas e favoráveis.

Há espaço para uma discussão mais séria dessa questão. O professor Luiz Gonzaga Belluzzo, em entrevista à TV Brasil, observou que ocorre no mundo inteiro, não apenas no Brasil, o domínio dos mercados financeiros e de suas visões sobre como deve ser a política econômica. E o refrão dessas forças dominantes é “risco fiscal”, em outras palavras, o risco de se gastar mais do que se arrecada.

Lula vai à TV divulgar programas 'vitrines' do governo

Jéssica Sant’Ana e Fabio Murakawa  / Valor Econômico

Presidente anuncia ampliação do Farmácia Popular e pagamento do Pé-de-Meia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pronunciamento na noite de segunda-feira (24), em rede nacional de televisão, para divulgar a ampliação da lista de produtos gratuitos oferecidos pelo Farmácia Popular e para anunciar o início do pagamento de R$ 1 mil aos alunos participantes do programa Pé-de-Meia aprovados em alguma etapa (1, 2 ou 3 ano) do ensino médio.

“Eu venho aqui para falar de dois assuntos muito importantes, uma dupla que não é sertaneja, mas que está mexendo com o Brasil: o Pé-de-Meia e o novo Farmácia Popular”, iniciou Lula.

Haddad: “Se o Brasil não crescer, não existe ajuste fiscal possível”

Alex Jorge Braga / Valor Econômico

Ministro da Fazenda deu as declarações durante evento em São Paulo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que não é possível fazer ajuste fiscal sem crescimento econômico. Ao criticar os dois presidentes anteriores, Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), ele disse que o país não cresceu e ainda teve déficit fiscal, mesmo com a regra do teto de gastos que congelava as despesas públicas.

Haddad disse ainda que o atual arcabouço fiscal, aprovado no atual governo, prevê uma cota mínima de investimentos. O piso de investimentos, segundo Haddad, parte da ideia de que “se o Brasil não crescer, não existe ajuste fiscal possível.” O ministro ainda afirmou que se o país perseverar no cumprimento do arcabouço fiscal, conseguirá chegar a um patamar de melhores resultados primários que vão acontecer junto com o crescimento econômico, o que, consequentemente, irá abrir espaço para investimentos.

Tudo junto e misturado na guerra às big techs e ao golpismo - Maria Cristina Fernandes

Valor Econômico

Entrelaçamento entre big techs e golpismo dará vida própria ao embate tupiniquim, o que não significa que seja mais fácil divisar o rumo que virá a tomar

Na sexta, 21, a Casa Branca soltou um memorando determinando a adoção de tarifas e sanções contra governos cuja estrutura regulatória imponha penalidades “discriminatórias e desproporcionais” a empresas americanas de tecnologia. O memorando tem como pressuposto a geração, pelos EUA, de um PIB digital maior do que toda a economia de quase todos os países do mundo. E considera que esta riqueza não é devidamente apropriada pelos americanos porque governos estrangeiros exercem autoridade “extraterritorial” indevida sobre essas empresas.

O memorando dá seguimento às ameaças feitas pelo vice-presidente J.D.Vance em dois discursos na Europa, o da Cúpula de Ação sobre a Inteligência Artificial (Paris) e o da Conferência de Segurança (Munique). Em ambos, fez dura condenação à Europa pela afronta da vanguarda regulatória à “liberdade de expressão”.

Trump quer um mundo seguro para os autocratas - Gideon Rachman

Financial Times / Valor Econômico

A dura verdade é que Vladimir Putin e Donald Trump estão unidos em seu desprezo pelas democracias europeias

"O mundo deve se tornar seguro para a democracia. Sua paz deve ser estabelecida sobre os comprovados fundamentos da liberdade política." Essas foram as palavras do presidente Woodrow Wilson em abril de 1917, às vésperas da entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial.

Mais de um século depois, Donald Trump embarcou em uma missão global muito diferente. O presidente dos EUA está tornando o mundo seguro para a autocracia.

A afirmação de Trump de que a Ucrânia foi responsável por sua própria invasão e que Volodymyr Zelensky é um ditador trouxe clareza.

Os saltos da extrema direita - Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Livro de cientista político português explica o padrão de crescimento de partidos como a AfD na Europa

"Natura non facit saltus", a natureza não dá saltos. Mas a política dá. Em pouco mais de dez anos, a Alternative für Deutschland (AfD), pulou de partido irrelevante, que não conseguia superar a cláusula de barreira, para ingressar no Parlamento alemão, a segunda força política do país. E o problema é que a AfD é um partido de extrema direita.

A melhor explicação que li para o fenômeno é a dada pelo cientista político português Vicente Valentim (Oxford) em "The Normalization of the Radical Right". O livro tem uma pegada bem mais acadêmica do que os que costumo recomendar aqui, mas é valioso para quem quer entender o que ocorre na Europa. O que mais chama a atenção é o padrão. Estamos falando de partidos extremistas que, em duas ou três eleições, passam da insignificância a votações expressivas. Países como EspanhaPortugal e Alemanha pareceram inicialmente imunes, mas também sucumbiram.

Papa Francisco vs J. D. Vance - Joel Pinheiro da Fonseca

Folha de S. Paulo

Pontífice é um contraponto cristão àqueles que dizem defender a 'civilização cristã'

É questão tempo até que o AfD vença na Alemanha e o RN na França? Espero que não. Espero que o mundo democrático adquira os anticorpos para o nacionalismo e a xenofobia e sei que isso só será possível se líderes com valores e ideias melhores conseguirem persuadir a população. Uma dessas lideranças, hoje, é o papa Francisco, cujo estado de saúde delicado tem ocupado o noticiário.

Francisco cumpre um papel importante no debate público: num mundo no qual a direita nacionalista cresce a passos largos, ele é um contraponto espiritual que propõe valores cristãos contra uma ideologia que se vende como defensora da "civilização cristã".

Um tribunal na berlinda – Dora Kramer


Folha de S. Paulo

Confiabilidade do STF também estará em julgamento na ação contra Bolsonaro & parceria

Não havendo dúvida de que a denúncia da PGR contra Jair Bolsonaro (PL) será aceita, o Supremo Tribunal Federal está na iminência de outra vez julgar ação envolvendo uma figura de proeminência-mor na República.

No caso do mensalão, o presidente Luiz Inácio da Silva (PT) não estava na lista dos processados, mas sua sombra pairava no ambiente que lhe foi desfavorável depois, quando o Supremo referendou as decisões de Curitiba na Operação Lava Jato.

O mistério da morte de JK - Alvaro Costa e Silva

Folha de S. Paulo

Tema de três livros de Carlos Heitor Cony, nova investigação busca um fato novo

Carlos Heitor Cony tinha uma caraminhola, uma ideia recorrente, uma quase obsessão na cabeça: a de que Juscelino KubitschekJoão Goulart e Carlos Lacerda, pela capacidade de aglutinar as forças de oposição, foram assinados durante a ditadura militar. "Somente um fato novo poderá descerrar o mistério", afirmava Cony, que abordou o tema em três livros: "Memorial do Exílio" (reeditado como "JK e a Ditadura"), "O Beijo da Morte" e "Operação Condor", os dois últimos com a jornalista Ana Lee.

Entrar ou não entrar na OCDE - Rubens Barbosa

O Estado de S. Paulo

Contrariando a política de governos anteriores, inclusive do PT, a atual gestão decidiu congelar as negociações

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), um dos principais centros de discussão e definição das agendas econômica, comercial, financeira, social e ambiental global, é integrada por 38 países, inclusive Chile, México, Colômbia (governos de esquerda) e Costa Rica. A Argentina busca acelerar seu ingresso na organização.

Ao Brasil, seria importante ingressar na OCDE para poder influir no exame de questões que afetam os interesses nacionais e que serão reguladas internacionalmente neste ou em outros fóruns. Iniciadas na década de 1990, as relações do Brasil com a OCDE foram intensificadas gradualmente nos governos Cardoso, Lula e Rousseff. Em 2007, junto com outros cinco países, o Brasil virou “parceiro prioritário” da organização. Em 2015, o então chanceler Mauro Vieira assinou acordo de cooperação com a organização. Em 2017, o Brasil submeteu pedido de adesão à OCDE, mas o seu processo de acessão só foi iniciado em 2022, no governo Bolsonaro, juntamente com Argentina, Peru, Indonésia, Tailândia, Croácia, Romênia e Bulgária.

Motosserra e o que resta de cooperação - Jorge J. Okubaro

O Estado de S. Paulo

Em nome do slogan de sua campanha, Trump vem perturbando as relações internacionais e enfraquecendo as organizações multilaterais

Acena foi curta, mas rendeu imagens marcantes. Durante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC, na sigla em inglês) realizada na semana passada em National Harbor, Maryland, o presidente argentino Javier Milei entregou uma reluzente motosserra vermelha ao bilionário Elon Musk, encarregado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, de reduzir o peso do Estado. Naquele momento, embora enfrentando uma crise política interna gerada por seu envolvimento no escândalo com criptomoedas que provocou prejuízos para seus concidadãos, Milei pôde desfrutar de uns poucos minutos de atenção da imprensa mundial. Motosserra foi um dos símbolos de sua campanha presidencial, baseada na promessa de profundos cortes de gastos do governo. Reduzir despesas públicas é também a função de Musk no governo Trump.

Poesia | Poemas da Cabra - João Cabral de Melo Neto

 

Música | Carolina - Elizeth Cardoso, Zimbo Trio, Jacob do Bandolim & Conjunto Época de Ouro, 1968

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