segunda-feira, 17 de março de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Minerais críticos abrem caminho promissor ao Brasil

O Globo

País é rico nos minérios que estão no centro das negociações com a Ucrânia. Precisa saber aproveitá-los

A proposta de Donald Trump para encerrar a guerra na Ucrânia envolve um acordo que garanta aos Estados Unidos acesso a minerais críticos do subsolo ucraniano. Os americanos hoje importam 16 de um grupo de 51 minérios estratégicos para a transição energética, com aplicações nas indústrias de defesa, aeroespacial, na produção de baterias, painéis solares, semicondutores e noutros segmentos do setor eletroeletrônico.

Há aí um recado para o Brasil, que também concentra reservas desses minerais. O solo brasileiro abriga a terceira maior reserva dos 17 elementos químicos conhecidos como “terras raras”. Também contém a maior reserva global de nióbio (94% da disponibilidade no planeta), a segunda maior de grafite, a terceira de níquel e é o quinto maior fornecedor de lítio. No ano passado, o país exportou 2 milhões de toneladas desses minérios, com receita de US$ 6,3 bilhões, e importou 400 mil toneladas, por US$ 4,4 bilhões. Tem saldo positivo nesse comércio, que pode crescer e gerar novos negócios.

“Anistia ao 8 de Janeiro não é reconciliação”, diz historiador Alberto Aggio

Correio Braziliense

Autor de livro sobre os 40 anos da redemocratização afirma que movimento em favor dos golpistas do 8 de janeiro tem como finalidade trazer Bolsonaro de volta às urnas. E que imediatismo prejudica consensos democráticos

A poucas quadras do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, na Rua Capote Valente, quase esquina com Teodoro Sampaio, no bairro Pinheiros, morava o historiador Alberto Aggio. Em 21 de abril de 1985, ele decidiu fazer uma caminhada dramática. Pôs a filha de seis anos sobre os ombros e seguiu a pé até a Avenida Rebouças, a menos de 2 km de casa. Pai e filha iam acompanhar o traslado do corpo do presidente eleito Tancredo Neves pela capital paulista. Para Aggio, a incerteza que se instaurou com a morte do político mineiro, personagem central na redemocratização, este foi o primeiro momento em que a abertura política esteve ameaçada desde o declínio do regime militar. Mas não foi o último.

Alberto Aggio lançou, em Brasília, o livro A construção da democracia no Brasil (1985-2025): mudanças, metamorfoses, transformismos. Na publicação, Alberto faz uma síntese de seus estudos sobre o Brasil e a América Latina contemporâneos e organiza sua interpretação sobre os 40 anos da redemocratização do país. Neste sábado, Aggio participa de evento, no Panteão da República, em comemoração ao restabelecimento de um governo civil após 21 anos de ditadura militar.

Crise de alimentos vai além do preço – Fernando Gabeira

O Globo

Sistema mundial de alimentação, com suas complexas cadeias de suprimento, não é fácil de domar

Graças à divisão de trabalho doméstica, há muitos anos vou à feira uma vez por semana. Às vezes, comparo com as compras no exílio europeu. A manga era cara, era preciso ter um pequeno excedente para comprá-la. Agora, ao comprar manga no Brasil, constato que custa R$ 10 a unidade e percebo que os preços se aproximam.

Muita coisa mudou ao longo destas décadas no país, e, sinceramente, não acho correto culpar o governo. O sistema mundial de alimentação, com suas complexas cadeias de suprimento, não é fácil de domar, ainda mais por um só país, ainda que seja uma superpotência alimentar como o Brasil.

Lembro-me do nome de um restaurante onde comi algumas vezes no início do século: Food for Thought. Isso me estimula nos próximos meses a escrever alguns artigos e esquentar o tema nas eleições de 2026.

O Canadá está em busca de si mesmo – Demétrio Magnoli

O Globo

Os socos de Trump miram precisamente o baço friável da identidade canadense

O Canadá nasceu no berço de uma derrota histórica dos revolucionários americanos: a Batalha de Quebec de 1775. O Exército Continental formado pelas Treze Colônias invadiu o Quebec com o objetivo de conquistar a província governada pelos britânicos e de convencer a maioria francófona a aderir à Revolução Americana. A derrota assinalou a separação geopolítica definitiva entre Estados Unidos e Canadá. Ser canadense tornou-se igual a ser leal à Coroa britânica — ou não ser americano.

— O Canadá é tudo o que os Estados Unidos não são — eis a típica réplica canadense a indagações sobre identidade nacional.

Propostas para um governo com poucas ideias - Bruno Carazza

Valor Econômico

Assim como no novo crédito consignado, gestão atual deveria ser mais ousado em apoiar projetos inovadores

O governo Lula levou a sério o slogan assumido pela sua administração assim que tomou posse, “União e Reconstrução” - pelo menos em relação à sua segunda parte.

Se de um lado não houve ações significativas para pacificar um país que saiu das urnas dividido, por outro a atual gestão petista passou os últimos dois anos recolocando de pé projetos que foram as vitrines de suas passagens anteriores pelo Palácio do Planalto. Assim, desde a posse Lula turbinou o Bolsa Família, reinstituiu os reajustes reais do salário-mínimo, ressuscitou o PAC, lançou uma nova rodada do programa Minha Casa Minha Vida, entre outras medidas requentadas.

Bolsonaro mostra-se útil a Tarcísio - Maria Cristina Fernandes

Valor Econômico

Prisão desapaixonada do ex-presidente é o melhor cenário para candidatura do governador paulista

Jair Bolsonaro tentou dar uma carteirada mencionando o apoio que teria arrancado do presidente o PSD, Gilberto Kassab, à anistia, mas sabe que o Centrão, se já não pretendia votá-la porque acredita ter um candidato mais competitivo (Tarcísio de Freitas), não deve ser convencido pela manifestação.

Nem a proximidade do dia em que o ex-presidente deverá se tornar réu impediu que se reunisse menos gente do que nas demais mobilizações convocadas pelo bolsonarismo no ano passado. O ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, marcou para o dia 25 a primeira sessão que analisará o acolhimento da denúncia da Procuradoria-Geral da República.

Gleisi acena ao Centrão e busca Haddad

Sérgio Roxo e Gabriel Sabóia /O Globo

Petista fez reuniões em série e visitou a Fazenda para aparar arestas e desfazer rótulo de radical

Descrita por aliados como combativa e defensora dos interesses da esquerda, a nova ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, usou os seus primeiros dias no cargo para tentar desfazer a imagem à qual é associada em Brasília. Os gestos da nova chefe da articulação política buscaram, antes de mais nada, aproximação com o Centrão e alinhamento com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Gleisi participou de encontros com a cúpula do Congresso com o objetivo de sinalizar que a sua gestão à frente da pasta pretende ter dias mais calmos do que os do seu antecessor, Alexandre Padilha, que chegou a cortar relações com o então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Os movimentos da petista começaram no discurso de posse na segunda-feira e tiveram sequência em uma série de reuniões.

Gleisi rebate Tarcísio e diz que Lula não tem medo de perder eleições

Ministra das Relações Institucionais respondeu declaração dada pelo governador de São Paulo em ato em Copacabana

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), rebateu neste domingo uma declaração do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Durante um ato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Rio de Janeiro, Tarcísio afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teme perder as eleições.

— Estamos aqui hoje para lutar pela liberdade. A liberdade é uma árvore que dá frutos. E no dia em que essa árvore morrer, os frutos vão embora. Vai embora o investimento, a segurança jurídica, a prosperidade e a própria democracia. Qual a razão de afastar Jair Bolsonaro das urnas? É medo de perder a eleição? Porque eles sabem que vão perder — disse o governador.

Ato esvaziado serve para Tarcísio ensaiar discurso que fará em 2026 - Igor Gielow

Folha de S. Paulo

Governador prefere a camisa azul da seleção e foca crítica não em Moraes, mas em Lula

Inútil como forma de pressão sobre o Supremo Tribunal Federal, prestes a tornar Jair Bolsonaro réu por tentativa de golpe de Estado, o ato esvaziado de seus apoiadores em Copacabana neste domingo (16) teve serventia diversa para o grupo atrelado ao ex-presidente.

Destacou-se Tarcísio de Freitas, o governador paulista pelo Republicanos que encabeça a bolsa de apostas para ocupar a posição de desafiante do petismo em 2026. Em cima do trio elétrico, ele buscou o jogo impossível de ser bolsonarista e moderado ao mesmo tempo.

Tarcísio envergava uma camisa da CBF, mas do uniforme número 2 da seleção, azul. De forma simbólica, apresentou-se como igual, mas diferente dos pares mais radicalizados no palco.

Elencou itens de discurso de candidato a presidente. "Ninguém aguenta mais a inflação", disse, sem esquecer do preço do ovo, o vilão da vez. Foi no pescoço do presidente Lula (PT): "Os que assaltaram a Petrobras voltaram à cena do crime".

Gleisi Hoffmann sai por cima - Camila Rocha

Folha de S. Paulo

Deputado Gustavo Gayer (PL) achou por bem fazer uso de misoginia incendiária

Gustavo Gayer (PL), deputado de extrema direita eleito por Goiás, de olho no crescimento de suas redes sociais, achou por bem fazer uso de misoginia incendiária. Gayer resolveu comparar Lula a um cafetão e a ministra Gleisi Hoffmann (PT) a uma garota de programa. Para finalizar, sugeriu que a ministra, seu namorado e também deputado, Lindbergh Farias (PT), e Davi Alcolumbre (União), presidente do Senado, poderiam formar um trisal.

Tudo teve início quando a deputada Gleisi Hoffmann tornou-se recentemente ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República. Como ocorre com muitas mulheres que chegam aos altos escalões do poder, Gleisi logo teve suas capacidades políticas questionadas. Apesar de ser uma política muito experiente, vários colegas e analistas a julgaram muito "agressiva" para exercer a nova função.

Lula tem incentivos para radicalizar sua agenda - Marcus André Melo

Folha de S. Paulo

Há outros fatores explicativos para o colapso da aprovação do governo para além do preço do café

A forte queda na popularidade presidencial e na avaliação do governo Lula tem gerado controvérsias. Além do próprio presidente, muitos analistas culpam a inflação de alimentos como a principal causa. Tema que domina a agenda pública no momento. Quando a culpa é atribuída pelo primeiro mandatário da nação a "atravessadores", significa que já atravessou o rubicão e arrisca radicalizar sua agenda.

Felipe Nunes e Thomas Traumann identificaram fatores conjunturais e estruturais da queda da aprovação presidencial. Dentre os primeiros, a inflação de alimentos devido a questões climáticas, valorização do dólar, entre outros. Entre os fatores estruturais, um governo cuja única agenda é "refazer o que deu certo nos mandatos Lula 1 e 2, e que só entrega o que já é conhecido", e "não gera a gratidão consequente do voto econômico".

Os analfabetos e a democracia - Carlos Pereira

O Estado de S. Paulo

A inclusão deles no voto foi peça-chave para consolidar e tornar a democracia autossustentável

No último sábado, 15 de março, a democracia brasileira completou 40 anos, marcando o mais longo período democrático da história do País. A posse de José Sarney como o primeiro presidente civil após 21 anos de ditadura militar representou um marco histórico para o Brasil.

Estudos apontam que transições democráticas iniciadas por meios pacíficos e pactuados têm três vezes mais chances de resultar em democracias duradouras. No Brasil, a chamada “Aliança Democrática”, formada por reformistas do lado autoritário e moderados do lado democrático, ajudou a garantir uma transição com menos violência e maior estabilidade.

Poesia | Amar, de Carlos Drummond de Andrade

 

Música | Elis Regina - O Bêbado e a Equilibrista