Expansão do Minha Casa, Minha Vida é engano habitacional
O Globo
Governo deixa de financiar reforma de imóveis
no Centro para construir casas novas em regiões distantes
Preocupado com a perda de popularidade, o
governo Lula acaba
de ampliar o teto de financiamento do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) para
famílias com renda bruta mensal entre R$ 8 mil e R$ 12 mil. A medida representa
uma contradição com o objetivo original do programa, lançado para atender à
população de baixa renda. Pode-se argumentar que, diante de um déficit
habitacional de 6 milhões de moradias, toda ajuda é bem-vinda. Mas o MCMV é a
política habitacional errada para as necessidades e oportunidades brasileiras.
Ele herdou distorções dos antigos programas de moradia popular. A principal é incentivar a construção de novas moradias a baixo custo, em geral conjuntos habitacionais em periferias sem infraestrutura de serviços e transportes. O governo fica contente com os números de casas entregues e as imagens para propaganda. As construtoras ficam contentes com os financiamentos generosos e os negócios em expansão. E os beneficiados? Bem, estes terão de arcar com alto custo de transporte, numa rotina desgastante que consome horas dentro de ônibus e trens, além de enfrentar a violência e as demais mazelas de um Estado ausente.