sexta-feira, 4 de abril de 2025

Dia da libertação ou da ruína? Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Se fosse ‘reciprocidade’, Trump deveria reduzir, não aumentar tarifas para o Brasil

Se apalavra de ordem de Donald Trump é “reciprocidade”, ele deveria diminuir, não aumentar as tarifas para Brasil, Austrália e Reino Unido, com os quais os Estados Unidos têm seus maiores superávits comerciais do mundo. Portanto, não é justo e “não reflete a realidade”, como diz anota brasileira, impor uma tarifa linear de 10% amais para produtos brasileiros e dos dois outros países, soba alegação de restabelecer equilíbrio e reciprocidade.

Com Ásia e Europa no alvo principal de Trump, o Brasil foi atingido com o patamar mais baixo, 10%, junto com seus equivalentes sob dois ângulos: os que garantem superávit para os EUA, e os da América do Sul. O superávit dos EUA com o Brasil é constante, somou US$ 410 bilhões em 15 anos, incluindo bens e serviços, e chegou a US$ 28,6 bilhões só em 2024, o que corresponde ao terceiro maior superávit do país no mundo, atrás de Reino Unido e Austrália.

Também ficaram nos 10% Argentina, Uruguai e Paraguai, do Mercosul, assim como Chile, Colômbia e os demais sul-americanos, com exceção da Venezuela, com 15%. O critério geral não parece político. Lula apoiou Kamala H arri sem 2024, enquanto Javier M ilei foi o primeiro presidente no beija-mão de Trump, mas Argentina e Brasil ficaram nos mesmos 10%.

Aboa notícia foi a aprovação rápida no Congresso, liderada pela senadora Tereza Cristina, representante do agro e considerada como a melhor ministra do governo Bolsonaro, de um arcabouço legal para eventuais retaliações comerciais como, agora, contra os EUA. O Senado aprovou por 70 azero num dia e a Câmara, por voto simbólico, já no dia seguinte. Bolsonaro e seu filho Eduardo, hoje morando nos EUA, ficaram falando sozinhos.

Trump fez questão de desnortear o mundo ao lançar uma lista de países e porcentuais, sem explicar e deixando um rastro de dúvidas: as taxas se somam a aço, alumínio, carros e seus componentes? Valem para todos os setores e produtos? Uma barafunda, com as bolsas despencando na Ásia, na Europa e... nos EUA.

Trump guerreia contra governos, enquanto chantageia as maiores indústrias para se instalarem nos EUA. Seu objetivo é bagunçar o mundo e rachar internamente os países, mas no Brasil, por exemplo, pode ocorrer o oposto. O Congresso sinaliza uma união nacional contra Trump, o inimigo comum, que explode o sistema internacional que elevou seu país à condição de maior potência mundial.

 

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