O Estado de S. Paulo
Se fosse ‘reciprocidade’, Trump deveria reduzir, não aumentar tarifas para o Brasil
Se apalavra de ordem de Donald Trump é “reciprocidade”, ele deveria diminuir, não aumentar as tarifas para Brasil, Austrália e Reino Unido, com os quais os Estados Unidos têm seus maiores superávits comerciais do mundo. Portanto, não é justo e “não reflete a realidade”, como diz anota brasileira, impor uma tarifa linear de 10% amais para produtos brasileiros e dos dois outros países, soba alegação de restabelecer equilíbrio e reciprocidade.
Com Ásia e Europa no alvo
principal de Trump, o Brasil foi atingido com o patamar mais baixo, 10%, junto
com seus equivalentes sob dois ângulos: os que garantem superávit para os EUA,
e os da América do Sul. O superávit dos EUA com o Brasil é constante, somou US$
410 bilhões em 15 anos, incluindo bens e serviços, e chegou a US$ 28,6 bilhões
só em 2024, o que corresponde ao terceiro maior superávit do país no mundo,
atrás de Reino Unido e Austrália.
Também ficaram nos 10%
Argentina, Uruguai e Paraguai, do Mercosul, assim como Chile, Colômbia e os
demais sul-americanos, com exceção da Venezuela, com 15%. O critério geral não
parece político. Lula apoiou Kamala H arri sem 2024, enquanto Javier M ilei foi
o primeiro presidente no beija-mão de Trump, mas Argentina e Brasil ficaram nos
mesmos 10%.
Aboa notícia foi a aprovação
rápida no Congresso, liderada pela senadora Tereza Cristina, representante do
agro e considerada como a melhor ministra do governo Bolsonaro, de um arcabouço
legal para eventuais retaliações comerciais como, agora, contra os EUA. O
Senado aprovou por 70 azero num dia e a Câmara, por voto simbólico, já no dia
seguinte. Bolsonaro e seu filho Eduardo, hoje morando nos EUA, ficaram falando
sozinhos.
Trump fez questão de
desnortear o mundo ao lançar uma lista de países e porcentuais, sem explicar e
deixando um rastro de dúvidas: as taxas se somam a aço, alumínio, carros e seus
componentes? Valem para todos os setores e produtos? Uma barafunda, com as
bolsas despencando na Ásia, na Europa e... nos EUA.
Trump guerreia contra
governos, enquanto chantageia as maiores indústrias para se instalarem nos EUA.
Seu objetivo é bagunçar o mundo e rachar internamente os países, mas no Brasil,
por exemplo, pode ocorrer o oposto. O Congresso sinaliza uma união nacional
contra Trump, o inimigo comum, que explode o sistema internacional que elevou
seu país à condição de maior potência mundial.
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