Revista Será?
Foi bastante importante, em termos políticos
e também históricos, a propositura, montagem e realização do evento de
lembrança dos quarenta anos da nossa redemocratização, celebrado no Seminário “40
anos de democracia no Brasil – conquistas, dívidas e desafios”, realizado
em 15 de março no “Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves”, em plena
Praça dos Três Poderes de Brasília. O evento, promovido pela Fundação
Astrojildo Pereira (FAP) e pelo Cidadania-23, contou com apoio do jornal Correio
Braziliense, que produziu uma exposição magnífica de fotos, documentos e
objetos significativos. As palestras e debates reuniram políticos,
intelectuais, dirigentes e militantes políticos, além do público interessado.
Pelo espírito que guiou o encontro e pelas
personalidades que lá discursaram, destacando-se o ex-presidente José Sarney,
tratou-se de um evento que, no essencial, homenageou o “partido da democracia”
– o “partido” que conduziu a transição, produziu a Constituição de 1988 e a
sustenta até os dias que correm. Não se trata de um “partido” com registro no
TSE. Refiro-me aqui a uma “invenção política”, melhor dizendo, a uma “convicção
política”. Para todos que lá estiveram, o sentimento era de que esse “partido da
democracia” lá se expressou desde a ideia que decantou o evento até as últimas
palavras pronunciadas naquele espaço. Por outro lado, a contrapelo, a
celebração dos 40 anos de democracia no Brasil não foi a produção de mais uma
“narrativa”. Diferentemente, o que se fez foi refletir e produzir
História in atto, a saber, um “discurso” interpretativo e aberto, mas
colado aos fatos históricos.