BC não poderá ceder a apelos populistas
O Globo
Autoridade monetária tem agido bem até aqui.
Seu papel será ainda mais crucial diante do risco fiscal futuro
O Banco
Central (BC) terá, na segunda metade do mandato do presidente Luiz
Inácio Lula da
Silva, papel ainda mais crucial que na primeira. Não que os últimos dois anos
tenham sido tranquilos. Para estimular a economia, o governo expandiu sem
cerimônia o gasto público. Um dos efeitos colaterais foi a inflação. Em
2023, ela ficou em 4,62%, pouco abaixo do teto da meta. No ano passado, subiu
para 4,83%, acima do limite. Nos últimos 12 meses, está em 5,06% (mais de meio
ponto de estouro).
De um lado, o governo jogava lenha na caldeira e, do outro, o BC tentava baixar o fogo subindo os juros. No último trimestre do ano passado, a economia finalmente desacelerou. À primeira vista, poderia ser o prenúncio de menor pressão inflacionária e de política monetária menos restritiva. Mas, como mostrou nesta quarta-feira a alta dos juros — a taxa básica foi para 14,25%, nível mais alto desde outubro de 2016 —, a história não é bem assim. No comunicado, o BC acertadamente deixou a porta aberta a novos aumentos, mas previu ajustes menores. Espera-se que continue a se orientar por razões técnicas.