Correio Braziliense
Quinta-feira, após anunciar os novos ministros,
Lula disse que dedicará a próxima semana aos entendimentos com os demais
partidos que o apoiaram no segundo turno.
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da
Silva anunciou, ontem, 16 novos ministros, consolidando os espaços do PT e dos
partidos de esquerda que foram seus aliados no primeiro turno. Falta agora anunciar
os ministros que vão dar ao governo um espectro de centro-esquerda,
incorporando as legendas e as lideranças que o apoiaram no segundo turno. O
principal nó a ser desatado para a ampliação do governo é o acordo com Simone
Tebet, a candidata a presidente da República do MDB, que apoiou Lula no segundo
turno e deu grande contribuição à sua eleição. Ela está com um pé no governo e
o outro na oposição.
Quinta-feira, após anunciar os novos ministros, Lula disse que dedicará a próxima semana aos entendimentos com os demais partidos que o apoiaram no segundo turno. Em alguma medida, tentará consolidar a aproximação com o PSD, o União Brasil e o Cidadania. Talvez até mesmo com o PP de Ciro Nogueira (PI) e Arthur Lira (AL), para formar uma base parlamentar sólida e uma construir uma boa relação com o Congresso. O espectro das bancadas que apoiaram a PEC da Transição é o limite dos acordos, mas há que se levar em conta que a motivação maior dos deputados foram suas emendas ao Orçamento, e não necessariamente o apoio ao governo Lula, como é o caso do PSDB.
Lula completou a equipe da área meio do
governo: Alexandre Padilha, Relações Institucionais; Márcio Macêdo,
secretária-geral da Presidência da República; Jorge Messias, Advocacia Geral da
União; Vinicius Marques de Carvalho, Controladoria-Geral da União; Esther
Dweck, Gestão. Um governo com 37 ministérios somente pode dar certo com muita
cooperação e boa coordenação, porque a maioria dos grandes problemas do país
demanda soluções interdisciplinares, ou sejam, envolvem mais de um ministério,
ainda mais com tanta fragmentação. Pelo perfil da área meio, os ministros mais
fortes na Esplanada são Rui Costa na Casa Civil, Flávio Dino na Justiça,
Fernando Haddad na Fazenda e José Múcio Monteiro da Defesa.
A área social do governo foi bem resolvida.
A presença de Nísia Trindade, atual presidente da Fiocruz, no Ministério da
Saúde, em vez de um parlamentar indicado por Arthur Lira, no caso o deputado
Elmar Nascimento (União), contempla o chamado “partido sanitarista”, ou seja,
tem perfil para enfrentar os principais problema da saúde pública, a pandemia e
a vacinação das crianças. Entretanto, enfrentará a oposição dos setores ligados
à medicina privada e aos planos de saúde. Camilo Santana também é uma boa
solução para Educação, pois o Ceará tem um dos melhores desempenhos no ensino
fundamental e médio do país, um “case” de educação reconhecido
internacionalmente. Izolda Cela, a atual governadora, que disputava a pasta, já
se entendeu com ele. Será um ministro menos focado nas universidades e nos
grandes grupos do ensino privado, que haviam capturado a política educacional
do atual governo.
Espaços abertos
As pautas identitárias também foram
contempladas com lideranças reconhecidas pelos movimentos que as sustentam:
Cida Gonçalves no Ministério da Mulher, Anielle Franco na Igualdade Racial,
Silvio Almeida nos Direitos Humanos. Wellington Dias no Desenvolvimento Social
tem competência reconhecida pelos quatro mandatos de governador do Piauí e
atende ao PT, mas foi o pomo da discórdia com Simone Tebet. É um ministério,
digamos, mamão com açúcar, porque seu principal programa é o Bolsa Família. As
escolhas para a Cultura, Margareth Menezes, que ontem cantou para os
frequentadores do restaurante Tia Zélia, na Vila Planalto; e Trabalho, Luiz
Marinho, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo,
atendem aos mundos da cultura e do trabalho, desprezados pela atual gestão.
O ex-governador Márcio França, nos Portos e
Aeroporto, e Geraldo Alckmin — Indústria, Comércio Exterior — reforçam o
governo com dois ex-governadores de São Paulo e contemplam o PSB com posições
com muita sinergia. Vale destacar que Alckmin e Aloizio Mercadante, indicado
para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
trabalharam juntos na transição e se entendem muito bem. Um dos desconfortos de
Simone Tebet, que recusou a pasta, foi o fato de não ter indicado o presidente
do banco. Luciana Santos, a presidente do PCdoB, na Ciência e Tecnologia
contempla os partidos da coligação de Lula no primeiro turno.
O compartilhamento do governo com os partidos aliados de Lula no primeiro e no segundo turno é um xadrez político que envolve 13 ministérios: Meio Ambiente, Agricultura e Pecuária, Planejamento, Pesca, Previdência, Cidades, Comunicações, Minas e Energia, Desenvolvimento Agrário, Turismo, Povos Indígenas, Transporte e Esporte. Há muito barulho em relação à atual composição do governo, por causa da hegemonia petista, porém, como se vê, Lula ainda tem pastas suficientes para negociar a participação de partidos grandes e pequenos. Se tivesse feito isso antes, sobretudo nas pastas vitais para atender sua base eleitoral, teria sido acusado de lotear o governo.
2 comentários:
O Luiz Carlos pode ser Azedo, mas ele sabe bem das coisas.
Azedo,e não Azevedo,sabe tudo,rs.
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