Gestão paraestatal volta a crescer no governo Lula
O Globo
Na indicação dos conselheiros da União em 63
empresas, prevalecem critérios políticos e pecuniários
O Conselho de Administração das empresas de
capital aberto é uma garantia para os acionistas. Fiscaliza as decisões dos
gestores responsáveis pelo dia a dia das corporações e contribui com a visão
estratégica dos conselheiros, com o objetivo de aumentar a lucratividade e
perpetuar o negócio. No Brasil, contudo, tem sido frequente a distorção desses
princípios nas empresas em que o Estado detém participação acionária e o
direito de indicar integrantes do Conselho. Embora não sejam formalmente
empresas estatais, nem controladas pelo governo, suas atividades acabam por
adquirir uma natureza paraestatal, influenciada pela política. Isso quando a
motivação da indicação não é exclusivamente pecuniária (conselheiros são muito
bem remunerados), prejudicando ao mesmo tempo a estratégia corporativa, a
geração de riqueza e, em consequência, a economia brasileira.
Há, de acordo com levantamento do GLOBO, 63 companhias privadas ou de economia mista espalhadas por 20 setores em que o governo pode indicar nomes aos Conselhos de Administração ou Fiscal. Sob o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as escolhas têm obedecido à lógica de aumentar os ganhos de integrantes do primeiro e segundo escalões, alinhar a empresa às políticas do governo e distribuir favores. Nenhum desses critérios resulta na escolha de profissionais reconhecidos, com pensamento estratégico.