sexta-feira, 25 de abril de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Projeto para favela paulistana segue visão correta

O Globo

Três níveis de governo precisam chegar a acordo para oferecer moradia digna a população realocada

O projeto do governo paulista de requalificar urbanisticamente a área da Favela do Moinho, uma das últimas na região central da capital, não deveria ser politizado, mas debatido de forma técnica, levando em consideração os aspectos positivos para a cidade e para os moradores. Espremida entre linhas férreas, com alta densidade populacional, condições críticas de urbanização, dificuldades de acesso e violência, a comunidade abriga 821 famílias em situação vulnerável. Elas devem ter direito a moradias dignas. O plano do estado é reassentá-las e criar no local o Parque do Moinho.

Tarefas para nos salvar do extremismo - Fernando Luiz Abrucio

Valor Econômico

O desafio é adequar a comunicação às linguagens do século XXI e lutar contra o modelo que predomina hoje nas redes sociais

A extrema direita contemporânea é a força política mais perigosa do mundo desde o fim da União Soviética. No interior dos países, põe em risco a liberal-democracia e a garantia dos direitos humanos (especialmente dos grupos mais vulneráveis), ao mesmo tempo em que reduz a possibilidade de um pacto internacional baseado na cooperação geopolítica e no regramento multilateral do comércio. Os extremistas têm um projeto claro e não reduzirão suas pretensões se puderem passar como um trator sobre seus inimigos. Será necessário ter uma estratégia para enfrentá-los, alimentada por muita energia e comunicação.

Antes de examinar os elementos da estratégia contra a extrema direita, vale ressaltar a necessidade da energia e da comunicação. Um dos mais importantes cientistas políticos da história, o americano Robert Dahl, dizia que tão importante quanto a quantidade de apoio é a intensidade das preferências. Os extremistas não são a maioria no mundo, mas manifestam suas posições com máxima força, como um exército em nome de uma causa. Quem quiser combatê-los terá de igualar ao máximo esse ímpeto.

A história já ensinou que a anistia é tiro no pé - Andrea Jubé

Valor Econômico

Passado bate à porta provocando reflexão sobre o presente e o futuro

Uma entre tantas mazelas do país é que os brasileiros não aprendem com a história. Após vencer as eleições presidenciais em outubro de 1955, Juscelino Kubitschek foi vítima de duas tentativas de golpe de Estado: a primeira antes de tomar posse, e outra, na reta final de seu mandato. No primeiro caso, em articulação liderada pela UDN e por militares, o objetivo era impedi-lo de assumir o poder, mas uma reação liderada pelo ministro da Guerra, marechal Henrique Lott, barrou os insurgentes.

Da segunda vez, o levante em dezembro de 1959, penúltimo ano do governo, planejado pelo “Comando Aéreo Revolucionário”, queria derrubar JK, Lott e instituir um governo militar. O movimento envolveu, até mesmo, o sequestro de um avião da Panair, com 38 passageiros.

No primeiro caso, Juscelino surpreendeu o país ao conceder anistia aos golpistas. Ele justificou na ocasião: “Vamos virar a página, passar uma esponja em todos os acontecimentos e começar vida nova, porque o país deseja paz para trabalhar”.

Francisco, o papa que não morreu - José de Souza Martins*

Valor Econômico

Mesmo em convalescença e debilitado, o papa não é uma pessoa solitária. Ele é uma instituição

No dia 28 de fevereiro, duas semanas depois de sua internação no Hospital Gemelli, em Roma, um hospital universitário católico, o papa Francisco, com pneumonia, teve o problema de saúde agravado severamente. De tal forma que os médicos avaliaram a possibilidade de abandonar o tratamento para que ele pudesse morrer em paz.

Ao que parece, já não havia mais o que fazer para restituí-lo a um estado de saúde que lhe permitisse tocar sua complicada vida cotidiana em paz. Decidiram insistir. Finalmente, no dia 23 de março, um domingo, os médicos lhe deram alta hospitalar e ele voltou para casa, o pequeno e modesto aposento em que vivia na Casa Santa Marta, no Vaticano.

Já antes de sair do hospital, assomou à varanda, saudou a pequena multidão que na praça esperava vê-lo, sorriu para todos e acenou para uma senhora que carregava um buquê de flores amarelas. Apesar de ainda falar com dificuldade, deu indicações de que para ele a doença era um momento de exceção. Passara 28 dias hospitalizado.

Escândalo no INSS exige ação mais firme - Vera Magalhães

O Globo

Mesmo que não soubesse da fraude, Lupi demonstrou, no mínimo, completa incompetência para gerir um órgão essencial como o INSS

As revelações ainda parciais de um esquema antigo de desvio de recursos de benefícios de aposentados e pensionistas em favor de entidades sindicais, consolidado e que vinha em franca expansão, exigem ação mais firme por parte do governo. Trata-se de um escândalo da categoria inadmissível, porque mexe naquilo que é mais vital na vida de pessoas vulneráveis, justamente aquelas em nome de quem Lula prometeu ao longo da vida toda governar.

Foi preciso que a Polícia Federal deflagrasse uma operação para que o ministro da Previdência, Carlos Lupi, viesse a público. E, ainda assim, sua primeira preocupação foi sair em defesa do agora ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto, cuja permanência naquele momento já era impraticável, e que cairia poucas horas depois.

A diferença de tom entre o responsável por gerir o INSS e seus colegas de ministério é um sinal cristalino de que Lupi não deu ao caso o sentido de gravidade que ele exige e de que não está apto a conduzir investigações internas e uma devassa no pagamento de benefícios que a fraude bilionária requer.

Bernardo Mello Franco – Quanto vale um ministério?

O Globo

Em 1989, Leonel Brizola ficou fora da corrida ao Planalto por 0,6% dos votos. Depois de uma semana de suspense, anunciou apoio ao PT no segundo turno. “Um velho político do Rio Grande do Sul, o senador Pinheiro Machado, dizia que a política é a arte de engolir sapos. Não seria fascinante fazer essas elites engolirem o Lula, o sapo barbudo?”, justificou.

No terceiro mandato presidencial, o petista já foi obrigado a deglutir sapos de diferentes tamanhos. Nesta semana, teve que ingerir um dos maiores. Após anunciar seu novo ministro das Comunicações, viu o escolhido desistir do cargo para permanecer na Câmara.

A oportunidade da reforma da renda - Guilherme Cezar Coelho

O Globo

Para os muito ricos, o país se aproxima de um ‘paraíso fiscal’, nas palavras do presidente de um dos maiores bancos brasileiros

Se a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil passará, ou como passará, ninguém sabe. Mas todos sabemos que o nosso sistema tributário da renda precisa urgentemente de reforma integral.

Regressivos (cobrando mais de quem tem menos), nossos impostos sobre renda e patrimônio estão cheios de distorções — assim como nossos gastos tributários. Para os muito ricos, o país se aproxima de um “paraíso fiscal”, nas palavras do presidente de um dos maiores bancos brasileiros. Odete Roitman agradece.

O governo erra ao não empreender uma reforma integral nos impostos sobre renda e patrimônio. Além de gerar desigualdades, o sistema tributário brasileiro cria ineficiências alocativas de capital. Isso atrapalha o crescimento econômico. E, com as burradas de Donald Trump, o Brasil deve aproveitar qualquer oportunidade de dar mais eficiência à iniciativa privada.

Dores e delicia – Flávia Oliveira

O Globo

Poucas celebrações são mais reveladoras da (idealizada) alma carioca e, ao mesmo tempo, do fosso de brutalidade em que nos metemos. Todo 23 de abril, gente de diferentes regiões do Rio de Janeiro — que o turismo predatório e festivo não profane mais esse traço cultural da cidade — se encontra em plena madrugada para louvar São Jorge. É a missa da alvorada que move os fiéis. Às 5h, antes dos primeiros raios de sol, católicos e religiosos de matriz africana, ombro a ombro, rezam e prestam homenagem ao santo guerreiro, associado ao orixá Ogum na umbanda e em casas de candomblé. O movimento começa na virada da meia-noite, tanto no entorno da igreja vizinha à Central do Brasil quanto na matriz, nos arredores da estação de trem de Quintino, na Zona Norte. Tudo para saudar o padroeiro do estado, com São Sebastião, segundo lei sancionada em 2019 pelo (breve) governador Wilson Witzel —o feriado, instituído em 2008, foi obra de Sérgio Cabral.

Não foi por falta de aviso - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Lula sob pressão por pedras cantadas: INSS, asilo a condenada no Peru e troca nas Comunicações

Tempos difíceis para o presidente Lula, que enfrenta três grandes solavancos numa semana que, com o feriado prolongado, tinha tudo para ser calma. Não foi. O escândalo do INSS envolve até R$ 8 bilhões, o jovem deputado Pedro Lucas, do União Brasil do Maranhão, esnobou o Ministério das Comunicações e a Câmara convocou o chanceler Mauro Vieira para explicar o polêmico asilo para a ex-primeira dama do Peru.

Uma palavra maldita e sensível para Lula e PT ronda os três casos: corrupção. O do INSS é como em merenda escolar, ambulâncias ou vacinas, porque atinge aposentados e pensionistas, que trabalharam muito e recebem pouco na velhice. O das Comunicações tem origem no primeiro ministro, Juscelino Filho, denunciado por desvios. E a asilada peruana Nadine Heredia foi condenada por propinas da... Odebrecht, atual Novonor.

Trump, prejuízo além das tarifas - Fernando Gabeira

O Estado de S. Paulo

Se nos limitarmos aos importantes aspectos comerciais, deixaremos de ver grande parte das dificuldades que o presidente dos EUA traz ao mundo

Desde que Trump anunciou suas tarifas, o debate central é sobre as perdas do Brasil. Perdas na exportação de aço e alumínio, em potencial.

É natural que o debate siga esse curso, o comércio mundial está em vias de regredir e isto implica empobrecimento e desemprego.

No entanto, não se pode reduzir o impacto da ascensão de Trump a uma queda no comércio internacional. As perdas são de uma dimensão maior e mais profunda.

Não contabilizamos ainda o grande impacto na política ambiental do planeta. A saída dos EUA do Acordo de Paris, firmado em 2015, tira da mesa de negociação um dos atores principais e arrisca a levar alguns coadjuvantes, como a Argentina e El Salvador.

O braço de ferro entre EUA e China – Celso Ming

O Estado de S. Paulo

Tudo se passa como se a China estivesse pagando para ver até onde vai a capacidade do governo Trump de derrubar sua capacidade de resistência.

A imposição de uma brutal tarifa de importação de 145% pretendeu levar a China ao nocaute. O presidente Xi Jinping retrucou, impôs tarifa de 125% sobre os produtos norte-americanos, mas advertiu que tarifas superiores a 100% já não fariam sentido econômico. Agora, Trump avisa que está disposto a negociar, dando a entender que a jogada dos 145% pretendeu apenas buscar um ponto que aumentasse seu poder de barganha. Na tréplica, a China passou o recado de que não pretende negociar – o que indica que duvida da capacidade de resistência do governo Trump à política agressiva que ele próprio criou.

Os Estados Unidos reconhecem que sua economia está em declínio. Se o objetivo declarado do presidente Trump é recolocar os Estados Unidos em primeiro lugar (“Make America Great Again”) é porque já não são os primeiros do mundo.

Após conversa de Motta com Lula, anistia aos golpistas subiu no telhado - Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

Desde quando alcançou apoio de 262 deputados para requerer a urgência da anistia, o líder do PL, Sóstenes Cavalcanti (RJ), está de salto alto e confronta o presidente da Câmara

O presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), costuma dizer que não conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para não ser seduzido pelo petista. Líder de um dos mais antigos e maiores partidos do país, sucessor do antigo PDS (ex-Arena), Nogueira é um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro e considera Lula uma espécie de "encantador de serpentes", um ícone da cultura oriental, sobretudo na Índia.

Nesta quinta-feira, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou que o projeto de anistia aos golpistas do 8 de Janeiro não terá sua urgência pautada na próxima semana. A decisão foi pactuada com Lula, na noite de quarta-feira, durante jantar na residência oficial do presidente da Câmara, com a participação de outros líderes da Casa.

Onde está Francisco - José Sarney*

Correio Braziliense

Francisco, como bom mariano, também imita Cristo e vai para a "Casa da Mãe de Deus", e ali repousará para sempre, no exemplo e na veneração de todos nós

Quando o cardeal Jorge Bergoglio foi anunciado papa, houve uma surpresa muito grande. Ele mesmo disse ter vindo do fim do mundo. Era difícil para um católico europeu pensar num cardeal argentino, da América Latina. Ele chegou pedindo que rezassem por ele. Ao escolher o nome de Francisco, dom Cláudio Hummes, seu amigo, que estava ao seu lado durante a votação, disse que essa escolha do nome era uma encíclica. Ela dizia tudo do zelo pelos pobres, pela simplicidade, pelos mais humildes e, sobretudo, pela definição de uma Igreja voltada para a missão evangélica e a busca dos primitivos valores do cristianismo. 

Ele saía de um modesto hotel de Roma, onde se hospedara, pagando do seu bolso as diárias, e dispensava os sapatos brilhantes papais para ficar com os surrados sapatos que usava em Buenos Aires, onde andava de ônibus e de metrô. 

Era um homem que sempre pregara a conciliação, não gostava de brigas e de radicalizações. Sendo jesuíta e com visão de franciscano, tinha de conciliar uns com os outros. Se os franciscanos desejavam viver em pobreza, já os jesuítas optavam pelo poder, de tal modo que estes viviam a criticar o papado, o que determinou que João Paulo II chamasse ao Vaticano o superior deles, o padre Pedro Arrupe, e lhe dissesse: "Os jesuítas fizeram votos de obediência ao papa. Ajoelhe-se. Cumpra o seu voto." O superior dos jesuítas ajoelhou-se. João Paulo disse-lhe: "Cumpriu."

21 de abril. Que data! - Orlando Thomé Cordeiro*

Correio Braziliense

Separados por 40 anos, Tancredo e o papa foram responsáveis, cada um à sua maneira, por se entregarem à missão de transmitir esperança e fé em dias melhores

Dia 21 de abril ficou fixado no calendário brasileiro como o Dia de Tiradentes, tornando-se feriado nacional desde 1890, por meio de um decreto do governo provisório chefiado por Deodoro da Fonseca. A República, proclamada no ano anterior, encontrou no alferes um símbolo importante como contraponto à monarquia. Sessenta anos depois, no governo Dutra, é promulgada a Lei 1.266/1950 que, em seu Artigo 3º, estabelece: "é feriado nacional o dia 21 de abril, consagrado à glorificação de Tiradentes e anseios de independência do país e liberdade individual".

Interessante registrar que o texto legal refletia o momento político do pós-Segunda Guerra, marcado pelo anseio por democracia, após o longo período do Estado Novo, e por um forte sentimento nacionalista, em que a campanha "O petróleo é nosso" foi um dos principais símbolos. Essas ideias-força mantiveram-se presentes no imaginário popular e foram elementos de destaque nas campanhas presidenciais de 1950, 1955 e 1960.

A roubança dos aposentados do INSS - Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

Relatório de auditoria da CGU e avisos de outras autoridades mostram negligência desde 2019

A suspeita oficial de roubança de aposentados e pensionistas do INSS vinha desde 2019, pelo menos, lê-se em relatório da CGU (Controladoria-Geral da União), que é de cair o queixo da cara, para não dizer outra coisa. Havia indícios de rolo desde 2016. Foram três governos de mau cheiro.

Além de saber quem fazia parte da quadrilha e como se vai devolver o dinheiro, outra dúvida essencial é: alguém do INSS ou do ministério da Previdência chamou a polícia ou equivalente? Sobre o que não há dúvida: foram anos de incompetência, omissão e negligência. Está documentado.

Do que se trata? Associações, sindicatos inclusive, poderiam firmar "Acordos de Cooperação Técnica" (ACT) com o INSS a fim de receber um dinheiro mensal, descontado dos benefícios previdenciários, desde que autorizadas pelo associado. As entidades prestariam serviços como plano de saúde, assistência jurídica, férias etc. Em suma, lei de 1991 permitia que associações privadas usassem o Estado a fim de recolher contribuições de associados, o que é sempre esquisito. Haveria fraude na autorização do desconto ou associação fictícia do beneficiário.

Lula dá posse ao novo ministro das Comunicações - Sofia Aguiar

O Estado de S. Paulo

Indicação pelo União Brasil foi apresentada por Alcolumbre, Juscelino Filho, que pediu demissão do ministério após ser denunciado pela PGR, e Pedro Lucas, que rejeitou o cargo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou e deu posse nesta quinta-feira, 24, a Frederico de Siqueira Filho para ser o novo ministro das Comunicações. O nome do então presidente da Telebras foi chancelado após o deputado Pedro Lucas Fernandes (União-MA) ter rejeitado o convite do chefe do Executivo para chefiar a pasta.

A decisão do petista de indicar Siqueira Filho à pasta foi tomada nesta quarta-feira, 23. De acordo com a Secretaria de Comunicação Social, a indicação dele pelo União Brasil foi apresentada a Lula pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), pelo ex-ministro das Comunicações Juscelino Filho e pelo deputado Pedro Lucas.

“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou e deu posse, na manhã desta quinta-feira, 24 de abril, ao engenheiro Frederico de Siqueira Filho no cargo de ministro das Comunicações. Frederico dirigia a Telebras e sua indicação pelo União Brasil foi apresentada ao presidente Lula pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, o ex-ministro Juscelino Filho e o líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas Fernandes, em reunião realizada na tarde da quarta-feira (23) no Palácio do Planalto. O encontro de ontem também contou com a presença da ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann”, diz nota divulgada pela Secom.

O poderoso União - Dora Kramer

Folha de S. Paulo

Governo engole o choro e, sem força para retaliar, devolve ministério ao partido da desfeita

Se o Palácio do Planalto precisava de uma certidão passada em cartório do inferno para constatar quem é o mais forte no embate com o Congresso, não precisa de mais nada.

recusa do deputado Pedro Lucas (MA) em assumir o ministério das Comunicações na conta do União Brasil tem a ver com questões internas do partido, mas não só. Conversa diretamente com a perda de apoios dentro da base a posições e proposições do governo e remete à indisposição dos ex-presidentes da Câmara e do Senado em assumir ministérios.

Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) demonstraram a quantas andava a correlação de forças quando não viram razão para deixar um Legislativo forte para integrar um Executivo fraco respondendo a um presidente da República em situação de erosão de popularidade.

Lula vai a Roma com crise dupla na bagagem - Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Caso de deputado que recusou ministério é menos grave do que o escândalo de descontos indevidos em aposentadorias

Lula embarca para Roma com duas crises fresquinhas batendo às portas de seu governo. A primeira foi deflagrada pela recusa do deputado Pedro Lucas (União Brasil-MA) de assumir a pasta das Comunicações depois de ter sido anunciado como ministro. A segunda é o escândalo dos descontos indevidos em aposentadorias.

A primeira é a menos grave. É uma crise de revelação. Ela dá materialidade a algo que todos já sabíamos desde antes da posse, isto é, que a Presidência está enfraquecida e se tornou refém do centrão. A esnobada do União Brasil para cima do Executivo indica ainda que Lula não vive um bom momento em termos de popularidade e não poderá contar automaticamente com o apoio das legendas do centrão que integram o governo numa eventual campanha de reeleição —o que também já sabíamos.

Uma nova luta de classes se formando - Ivan Alves Filho*

Uma questão central, hoje, tem que ver com a montagem de novos instrumentos para a plena compreensão do que se apresenta diante de nós.  Isto é, uma realidade marcada pela crise ambiental, pelas mutações que abalam o mundo do trabalho e pelos impasses vividos pela Democracia  Representativa

Assim, será preciso repensar muitos aspectos da prática política anterior, daquele período que vai dos socialistas utópicos ao chamado socialismo real. 

Separar as partes vivas das partes mortas. Justiça social, Democracia como componente do processo civilizatório e Ética são valores inegociáveis; são as partes vivas do passado. Contrariamente ao que propugnava Maquiavel, não penso que os representantes do Estado tenham que ter uma lógica ou uma Ética diferente daquela do cidadão comum. Talvez tenhamos aí um bom caminho para justamente aproximar as ruas das instâncias de decisão. 

Lançamento livro de José Antonio Segatto

 


O que foi o 25 de Abril?

Quando, a 25 de Abril de 1974, um grupo de jovens capitães levou a cabo um golpe de Estado que, em menos de 24 horas, derrubou a ditadura que dominava Portugal há mais quatro décadas, o rumo da história nacional mudou decisivamente.

As suas vidas, assim como as de milhares de portugueses, estavam prestes a alterar-se radicalmente. Em breve, o golpe deu lugar a uma Revolução que, durante quase dois anos, agitou o país, abrindo um amplo leque de possibilidades quanto ao caminho a seguir.

Guerra colonial

Existe um amplo consenso quanto ao facto de o detonador do 25 de Abril ter sido a guerra colonial, iniciada em Angola, em 1961, e que rapidamente se estendeu a novas frentes (Guiné, 1963; Moçambique, 1964), sem solução militar à vista.

Contribuindo determinantemente para a radicalização das oposições e da contestação social ao Estado Novo, a guerra teve um efeito mortal sobre as Forças Armadas, um dos pilares centrais do regime. Foi em resposta a nova legislação que visava suprir a falta de oficiais na frente de combate em África que, em setembro de 1973, se constitui o Movimento dos Capitães/Movimento das Forças Armadas.

A fase conspirativa foi relativamente breve, dando lugar um rápido processo de politização do Movimento. Os sinais de que o fim do regime estava iminente, perante a sua intransigência em manter o esforço de guerra, adensaram-se a partir de inícios de 1974, contando-se entre eles a publicação de Portugal e o Futuro (22 de fevereiro), a cerimónia da «brigada do reumático» (14 de março), a demissão dos generais Costa Gomes e António de Spínola da chefia do Estado-Maior General das Forças Armadas (15 de março) e a saída em falso do Regimento de Infantaria n.º 5, das Caldas da Rainha (16 de março).

Poesia | A palavra mágica, de Carlos Drummond de Andrade

 

Música | Teresa Cristina - "Loucura" (Lupicínio Rodrigues)