Ao atacar Powell, Trump repete populismo de Lula
O Globo
Incapazes de recuar em políticas
inflacionárias, presidentes se voltam contra autoridade monetária
Enquanto, no front externo, Donald Trump mina
o comércio global com sua guerra tarifária, internamente centra baterias contra
Jerome Powell, presidente do banco central americano, o Fed. Numa rede social,
Trump voltou a exigir que Powell baixe a taxa de juros. Não demorou para
desabarem as Bolsas de Valores americanas, subirem os juros pagos pelo governo
americano para tomar dinheiro emprestado no mercado, e aumentar a crise de
confiança no dólar. Mesmo com pequena recuperação depois, a corrida em busca de
um porto seguro para os capitais fez o preço do ouro romper, pela primeira vez,
a barreira simbólica dos US$ 3.500 a onça.
A estratégia de Trump se assemelha à do presidente Luiz Inácio da Silva quando Roberto Campos Neto era presidente do Banco Central (BC). Num primeiro momento, o governo adota políticas irresponsáveis e inflacionárias. No caso de Trump, as tarifas. No de Lula, a expansão do gasto público. Em seguida, ciente da missão das autoridades monetárias de proteger o valor da moeda, o presidente tenta passar adiante a culpa pelo problema que criou. Não há coloração política imune ao populismo econômico.