sexta-feira, 9 de maio de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Leão XIV traz continuidade a legado de Francisco

O Globo

Mais discreto e reservado, novo Papa tem outro estilo, mas não deverá tirar Igreja do rumo que tem seguido

Pouco mais de uma hora depois de a fumaça branca sair da chaminé da Capela Sistina e de os sinos da Basílica de São Pedro dobrarem, a multidão reunida no Vaticano ouvia o nome do novo sumo pontífice da Igreja Católica: cardeal Robert Francis Prevost, de 69 anos, o primeiro Papa americano, que assume seu pontificado sob o nome de Leão XIV. Emocionado, ele desejou “paz” aos fiéis e falou de uma “Igreja que avança”. Ressaltou a missão pastoral e a atenção aos pobres, alinhado com seus antecessores desde o Concílio Vaticano II, em especial Francisco. “A humanidade precisa de uma ponte para alcançar a Deus”, afirmou. Começou seu discurso em italiano e, perto do fim, falou em espanhol se dirigindo às comunidades com que conviveu no Peru, país onde morou vários anos e se naturalizou.

Nos últimos dois dias, diante do afresco Juízo Final, de Michelangelo, os 133 cardeais de 71 países promoveram um referendo sobre os 12 anos do papado de Francisco. A decisão foi pela continuidade, ainda que em novo tom. Francisco tornou a Igreja Católica mais inclusiva e relevante. Reformista, ressaltou a urgência de atender às demandas dos católicos na sociedade. Acolheu homossexuais — fez história sua pergunta “quem sou eu para julgar?” —, pôs o aquecimento global no topo da agenda, enfatizou a situação de marginalizados e migrantes, abriu a possibilidade de divorciados receberem comunhão e de maior participação das mulheres na Igreja.

Democracia depende do longo prazo - Fernando Luiz Abrucio*

Valor Econômico

Desejo dos extremistas populistas é transformar o voto num instrumento para dar poder sem freios aos governantes

O sentimento antissistema se alastrou por boa parte das democracias ocidentais, gerando uma onda de populistas de extrema direita cuja palavra de ordem é a desconstrução. Quando chegam ao governo, tentam desconstruir instituições e políticas norteadas pelo longo prazo, como está ocorrendo agora com Trump e aconteceu no Brasil com Bolsonaro.

Radicaliza-se uma concepção de política segundo a qual tudo pode ser feito pelos governantes eleitos pelo povo, que procuram ter um mandato de cunho revolucionário. É preciso combater essa visão que se aproveita de fissuras do regime democrático para colocar em jogo o futuro das nações e da humanidade.

O caráter disruptivo do populismo extremista está se manifestando fortemente no governo Trump. A cada dia ele toma novas decisões, algumas delas contradizendo o que fez anteriormente. Lembra muito Robespierre, o revolucionário francês que no momento mais violento da Revolução Francesa tinha que diariamente acabar com alguma coisa do Antigo Regime - o que geralmente significava colocar pessoas na guilhotina. O jacobinismo trumpista não admite controles, regras constitucionais nem projetos de longo prazo, construídos para beneficiar os que vêm depois.

O conclave e o novo papa: mistérios - José de Souza Martins

Valor Econômico

A história demonstra que, em consequência da interação entre o sagrado e o profano, os que votam em nome do Espírito Santo podem fazer uma interpretação errada do que Ele lhes inspira

Quando este artigo for publicado, é provável que já se tenha consumado a eleição do novo papa da Igreja Católica, a igreja da religião de 1,4 bilhão de seres humanos.

Nestes dias de espera, há um equívoco notório no comportamento dos fabricantes de opinião, especialistas em tudo. Mesmo pessoas supostamente religiosas fazem pose de sabidas na televisão e nos jornais para “explicar o pleito” com a mesma lógica com que podem narrar uma partida de futebol ou o andamento de uma eleição no Brasil.

O único sabido dessa história toda é o Espírito Santo, e ele não conta a ninguém qual será o resultado porque ele também não o conhece. Foi isso que explicou o grande e sábio pensador católico Joseph Ratzinger (1927-2022), quando ainda não era papa e foi entrevistado a respeito do assunto por alguém.

Ratzinger mencionou a imaterialidade do Espírito Santo e como é assim que Ele age no conclave que decide quem será o sucessor de um papa. Suponho eu, em linguagem brasileira, o Espírito Santo não é um cabo eleitoral, um puxador de votos, um dono de consciências. Ele é o Espírito, não é algo nem alguém que manda nos outros como um latifundiário das regiões mais atrasadas do Brasil, dono de terra e dono de gente.

100 dias de Hugo Motta na presidência da Câmara - Andrea Jubé

Valor Econômico

Em pouco mais de três meses, Motta terceirizou excessivamente o comando das sessões de votação e raramente apareceu no plenário

Uma das questões palpitantes da literatura brasileira é se Riobaldo fez ou não o pacto com o diabo para se tornar o chefe Urutu-Branco do bando de jagunços. Como seria o pacto? “E o dito - o Coxo - toma espécie, se forma! Se assina o pacto. Se assina com sangue de pessoa. O pagar é a alma”.

O protagonista do Grande sertão: veredas nega o contratado, porque o diabo não existe. “Se não existe, como é que se pode se contratar pacto com ele?” Mas em outro trecho, mostra angústia com o que lhe pode acontecer. “O que me mortifica, de tanto nele falar, o senhor sabe. O demo! Que tanto me ajudasse, que quanto de mim ia tirar cobro?”

Em Brasília, só fumaça preta - Vera Magalhães

O Globo

As propostas do governo estão paradas no Congresso, as ‘entregas’ de Lula não chegam à população, e os Poderes seguem se acotovelando

O dissenso parece ser o estado permanente da política brasileira em 2025. O ano já vai quase pela metade, e pouco ou nada andou. Entre os Três Poderes e as instituições adjacentes só sai fumaça preta, seja qual for o assunto em tela.

A inflação vai se mostrando um inimigo mais difícil de abater do que o Banco Central previa. Mesmo com um choque de juros que já chega a 4,25 pontos, que elevou a Selic a 14,75% ao ano, o maior patamar nominal desde julho de 2006, a expectativa do mercado para a inflação do ano segue em 5,53%, com tendência de queda, mas ainda bem acima do teto da meta, de 4,5% ao ano.

A trégua da ala do governo que fazia coro contra a política contracionista do BC nos tempos de Roberto Campos Neto parece prestes a acabar, até porque o governo, que agoniza sem sinal de recuperação na crise da fraude do INSS, precisa urgentemente resgatar um inimigo externo para tentar virar a página.

Desigualdade em queda – Flávia Oliveira

O Globo

No IDH, o Brasil passou à 84ª colocação, com indicador de 0,786 numa escala que vai de zero a um. É avanço bem-vindo, apesar da posição de meio de tabela, nada honrosa para uma nação que alardeia integrar as dez maiores economias do planeta

Numa mesma semana, o Brasil colheu um par de bons resultados para quem se interessa pelo combate à desigualdade. O Pnud/ONU informou que o país avançou cinco posições no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que compara condições de vida em 193 nações. E o IBGE apurou que a renda domiciliar per capita e a distância entre os rendimentos de ricos e pobres atingiram, em 2024, os melhores níveis em 12 anos. A recuperação do mercado de trabalho impulsiona a remuneração; e o redesenho de um Bolsa Família esfacelado pelo governo de Jair Bolsonaro ajustou foco e aumentou a eficiência do carro-chefe da política social.

Estelionato como esporte nacional – Fernando Gabeira

O Estado de S. Paulo

Existe algo cultural que torna o estelionato mais comum no Brasil do que em outros países?

O escândalo envolvendo descontos no salário de 4 milhões de aposentados revelou apenas uma ponta do iceberg no Brasil. Por meio dele, ficamos sabendo que os idosos no Brasil não são apenas roubados por entidades fantasmas que os relacionam em suas listas, sem consentimento.

Outra modalidade de golpe se dá por meio do crédito consignado. Sem que fosse consultada, uma mulher do Rio Grande do Sul teve descontos em sua aposentadoria referentes a 45 empréstimos, um rombo de R$ 170 mil.

O valor dos golpes dados pelas entidades fantasmas ronda os R$ 6 bilhões. O crédito consignado em 2023 movimentou R$ 90 bilhões.

Para comprovar a tese de que os idosos, principalmente os que vivem no interior e não manejam bem as ferramentas digitais, são vítimas fáceis, surgiu um novo golpe: alistá-los para receber, hipoteticamente, o dinheiro roubado pelas entidades fantasmas.

Desafio em favor de Ramagem mira inquéritos de emendas - Raphael Di Cunto

Folha de S. Paulo

Bloco quis passar recado ao STF de insatisfação e de que pode agir diante de investigações

Há mais de 80 inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal) relacionados a desvios de dinheiro por meio de emendas parlamentares ao Orçamento, avisou o ministro Flávio Dino em reuniões com a cúpula da Câmara dos Deputados para justificar por que não retrocederia na exigência por mais transparência sobre esses recursos.

Foi de olho nisso, e não na acusação de tentativa de golpe de Estado, que o centrão formou um consórcio com o bolsonarismo para aprovar, nesta quarta-feira (7), a suspensão da ação penal contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) e que pode beneficiar Jair Bolsonaro (PL).

80 Anos do Dia da Vitória - Eduardo Rocha*

O significado do Dia da Vitória

O tirânico e sanguinário Terceiro Reich[1] liderado pelo maior inimigo da humanidade de todos os tempos, Adolf Hitler (1889-1945), tinha como mórbido, sinistro, macabro, louco e supremo objetivo conquistar territórios, impor seu domínio sobre todas as nações, oprimir e escravizar alguns povos e liquidar outros – dentre os quais os judeus e os comunistas. Vale lembrar que o mundo perdeu mais de 70 milhões de pessoas, entre as quais 27 milhões de soviéticos (entre civis e militares)[2], além dos monstruosos danos materiais e da destruição irreparável de maravilhosas obras de arte construídas pela inteligência humana ao longo da história. "A ambição desmedida devora a própria alma de quem a cultiva", disse Shakespeare em Macbeth.  

Já derrotada, destroçada, desmoralizada e em ruínas a Alemanha nazifascista, no dia 7 o alto comando alemão no QG dos Aliados na cidade de Reims na França assinou o termo de rendição preliminar. Em seguida, no histórico dia 8 de maio, os representantes de todos os vitoriosos exércitos aliados chegaram a Berlim e, enfim, os alemães na presença do Alto Comando das Forças Aliadas e do Alto Comando das Forças Armadas Soviéticas assinaram a ata final de rendição, que entrou em vigor a partir da meia-noite do dia 8 de maio.

Pelo Comando Supremo do Exército Vermelho Soviético, o Marechal da União Soviética Georgy Konstantin Zhukov (1896-1974)[3]; pelo Alto Comando Britânico, o Marechal-Chefe da Força Aérea Real Arthur William Tedder (1890-1967); pelas Forças Armadas dos Estados Unidos da América, o General e Chefe da Força Aérea Estratégica dos EUA Carl Andrew Spaatz (1891-1974), e pelas  Forças Armadas Francesas, o Comandante-em-Chefe do Exército Francês. Jean de Lattre de Tassigny (1889-1952).

Pelas Forças Armadas alemãs derrotadas, estavam o Marechal de Campo e Supremo Comandante da Wehrmacht Wilhelm Bodewin Johann Gustav Keitel (1882-1946), pela Marinha de Guerra o Almirante-general Hans-Georg Friedrich Ludwig Robert von Friedeburg (1895-1945) e pela Força Aérea representando a Luftwaffe o General Hans Jurgen Stumpff (1889-1968) – nazifascistas que assinaram o termo de rendição que assim proclamava:

 

"Nós, abaixo-assinados, que negociamos em nome do Alto Comando alemão, declaramos a capitulação incondicional ante o Alto Comando do Exército Vermelho e ao mesmo tempo ante o Alto Comando das forças expedicionárias aliadas de todas as nossas Forças Armadas na terra, na água e no ar, assim como de todas as demais que no momento estão sob ordens alemãs. Assinado em 8 de maio de 1945 em Berlim. Em nome do Alto Comando alemão: Keitel, Friedeburg, Stumpf...".[4]

Instrumento da Rendição Alemã foi o documento que marcou, oficialmente, o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa. Foi assinado às 22h43m CET[5] do dia 8 de maio de 1945, e a rendição foi levada a efeito às 23h01m CET do mesmo dia. O dia 8 de maio de 1945 ficou assim conhecido como o Dia da Vitória na Europa, enquanto que, para os soviéticos, o Dia da Vitória é celebrado em 9 de maio[6], pois o documento foi assinado após a meia-noite, segundo o horário de Moscou. O Dia da Vitória não foi apenas o fim da guerra, mas o desmoronar e a aniquilação de um projeto universal da morte capitaneado por Hitler. E no dia 9 de maio de 1945, Dia da Vitória para os soviéticos, Zhukov discursou[7].

O 8 de maio é a síntese de um torturante processo histórico, repleto de gigantescos e incontáveis sofrimentos humanos antes nunca vistos e, ao mesmo tempo, de heroicas ações de resistência e ofensivas para pôr fim à barbárie nazista e fazer tremular a bandeira da paz e da liberdade no mundo. A Segunda Guerra Mundial teve início oficialmente em 1° de setembro de 1939 com a invasão alemã à Polônia[8]. Em 3 de setembro Inglaterra e França declararam guerra à Alemanha, que, em seguida, entre 1939 e 1941, ocupou a Dinamarca, Noruega, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França, Iugoslávia e Grécia.

No fim de julho de 1940, em uma reunião feita em Berghof pelos altos comandantes militares germano-nazifascistas, definiu-se o período da agressão à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS): primavera de 1941. Foi em 18 de dezembro de 1940 que Hitler aprovou o plano de guerra chamado “Operação Barbarossa” e fixou a data da invasão para 15 de maio de 1941. Ele temia o inverno russo – lembrou-se de Napoleão Bonaparte[9]  (1769-1821). Em sua loucura, planejava que a União Soviética estaria aniquilada em até oito semanas. Consultou os comandantes militares que, por razões logísticas, disseram que o deslocamento das tropas alemãs para a União Soviética só estaria completo em 19 de junho, e que, pela noite de 21 de junho, os primeiros aviões de ataque voariam sobre as áreas a serem inicialmente invadidas.

Em preparação para a guerra contra a União Soviética, o Alto Comando Alemão aumentou suas Forças Armadas, cuja força total em junho de 1941 chegava a 8.500.000 homens. Para executar o “Plano Barbarossa”, nome-código para a invasão da União Soviética, a Alemanha destinou 152 divisões, incluindo 19 divisões de tanques, 14 brigadas motorizadas e 2 brigadas independentes, totalizando 3.300.000 soldados. Além disso, havia 1,2 milhão de homens nas unidades aéreas e 1,2 milhão e outros 100.000 homens na marinha de guerra. Essas forças representavam 77% da força total dos exércitos operacionais alemães. Os países satélites contribuíram para a guerra contra a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) com 29 divisões (16 finlandesas e 13 romenas) e 16 brigadas (3 finlandesas, 9 romenas e 4 húngaras), totalizando 900.000 soldados e oficiais. No total, 181 divisões e 18 brigadas estavam concentradas nas fronteiras com a União Soviética. As tropas da Alemanha nazista e seus aliados no Leste, isto é, no front oriental, totalizavam 5.500.000 homens, dos quais 4.600.000 eram alemães. Seu armamento incluía 47.260 canhões e morteiros, dos quais cerca de 2.800 eram alemães e 4.950 aviões de combate.

80 anos da vitória na 2ª Guerra Mundial: lembranças que nunca se apagam - Alexey Labetskiy*

Folha de S. Paulo

Efeméride que marca o triunfo da ex-União Soviética sobre a Alemanha nazista vai além da nostalgia: é um alerta sobre os perigos do nosso tempo

Nesta sexta-feira (9) completam-se oito décadas desde o dia em que os povos da União Soviética, após 1.418 dias de dor, coragem e resistência, derrotaram em definitivo as forças da Alemanha nazista e venceram a guerra mais sangrenta da história da humanidade.

Não foi apenas uma vitória militar: foi a vitória de milhões de pessoas comuns que enfrentaram o fascismo, o Holocausto, a fome e o medo para proteger suas famílias, sua honra, pátria e liberdade. A Grande Guerra Patriótica, como a Segunda Guerra Mundial é conhecida no nosso país, não foi apenas um conflito entre exércitos.

Ela entrou na casa de cada família soviética, transformando mães em heroínas, crianças em soldados e cidadãos comuns em lendas vivas. Quantos avós ainda se emocionam ao lembrar daquele 9 de maio de 1945, quando a alegria da vitória se misturava com a dor das perdas irreparáveis?

Representação enganosa – Dora Kramer

Folha de S. Paulo

Seria útil perguntar à população se precisamos de mais deputados ou de melhores parlamentares

Enquanto o sindicalismo definha no país, o corporativismo prospera na Câmara, onde os deputados acabam de acrescentar 18 cadeiras às 513 existentes.

Sendo improvável que o Senado contrarie os companheiros de Casa e de causa, serão 531 os representantes dos 212 milhões de brasileiros. Nos EUA, referência habitual, a proporção é de 435 para 340 milhões de habitantes.

Em paralelo ao aumento das vagas, tramita um projeto de código eleitoral que prevê mandatos de cinco anos, e não mais de quatro, para deputados e de dez para senadores em substituição aos oito anos atuais.

Nome do papa sinaliza forte apoio à doutrina social da Igreja Católica – Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

Embora saudado pelo presidente Donald Trump, a escolha do novo papa terá grande impacto na vida religiosa e política dos Estados Unidos, país de maioria protestante

Aos 69 anos, escolhido o novo papa, o cardeal norte-americano Robert Francis Prevost adotou o nome Leão XIV. Nascido em Illinois, em Chicago, nos Estados Unidos, o sucessor do papa Francisco tem nacionalidade peruana, onde exerceu um bispado missionário. No Peru, se destacou como arcebispo emérito de Chiclayo, chegando aos mais altos escalões da Cúria Romana, em que foi sagrado cardeal há apenas dois anos. Alçado prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina pelo papa Francisco, tornou-se seu herdeiro pelas mãos de mais de dois terços (89) dos 133 cardeais votantes. Primeiro pontífice da história dos Estados Unidos, pediu paz a todos os povos.

Ao escolher o nome Leão XIV, Prevost faz uma homenagem a Leão XIII, papa entre 1878 e 1903, conhecido por sua ênfase na doutrina social da Igreja e pela encíclica Rerum Novarum, que abordou os direitos dos trabalhadores e a justiça social. Essa escolha sinaliza forte apoio à doutrina social da Igreja, diante dos desafios atuais da sociedade. Embora saudado pelo presidente Donald Trump, a escolha do novo papa tem grande impacto na vida religiosa e política dos Estados Unidos, país de maioria protestante, cujo alto clero católico é poderoso.

Leão 14, um papa das bases – Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

Robert Prevost é peruano de origem americana, pastor do mundo pobre, fala de sínodo, pontes e paz

O cardeal Prevost chamou-se papa Leão 14. Para quem tenha lido história na escola ou que seja um católico que se ocupe um pouco de doutrina, logo deve vir à mente a figura de Leão 13 (1878-1903), mais conhecido pela encíclica Rerum Novarum (1891). O documento fundou a doutrina social da igreja. Foi motivado pela "era das revoluções", pelo conflito entre capital e trabalho.

Pode ser um sinal, entre tantos outros que podemos ler especulativamente na história de vida do papa, em sua formação intelectual, em sua prática pastoral e em sua eleição rápida.

O papa é um peruano de origem americana, fala espanhol, viveu quase 20 anos no Peru. Foi pastor do mundo pobre, da América do Sul, de onde saem ou saíam tantos migrantes para os Estados Unidos. Imigrantes, refugiados, o nome que se dê, estão entre as pessoas mais danadas da terra, ainda mais agora, sob Donald Trump, o flagelo de Deus.

Leão 14 é um agostiniano, o que lembrou em seu primeiro discurso, de uma ordem dedicada ao serviço social e à educação. Graduou-se em matemática e é doutor em direito canônico, que estudou em faculdade fundada justamente por Leão 13.

Por que papa Leão XIV deve seguir trilha do papa Francisco? - Pe. José Oscar Beozzo*

O Estado de S. Paulo

Robert Prevost fez promessa de prosseguir com o compromisso da Igreja com a justiça social e a causa dos trabalhadores

Robert Prevost surpreendeu ao escolher o nome de Leão XIV, o papa da Encíclica Rerum Novarum, promessa de prosseguir com o compromisso da Igreja com a justiça social e a causa dos trabalhadores, mas também com o cuidado pela Casa Comum da Laudato si e com a fraterna convivência entre todos os povos e religiões da Fratelli Tutti do papa Francisco.

Sua trajetória junta a pátria onde nasceu, os Estados Unidos, terra de imigrantes como ele próprio, e o Peru, sua pátria de escolha, onde por 22 anos foi missionário agostiniano e, em seguida, bispo de Chiclayo, na costa norte do país.

Homenagem ao papa da “Rerum Novarum” indica foco na justiça social - Maria Cristina Fernandes

Valor Econômico

Novo papa homenageou Leão XIII, da encíclica “Rerum Novarum”, que foi a primeira a abordar a desigualdade, a justiça social e a relação entre o capital e o trabalho

O primeiro sinal emitido por Robert Prevost foi o do papa a quem resolveu homenagear, Leão XIII. O novo papa, Leão XIV, homenageou o papa da encíclica “Rerum Novarum”, que foi a primeira a abordar a desigualdade, a justiça social e a relação entre o capital e o trabalho. Vivia-se em 1891, numa conjuntura sacudida pelas primeiras manifestações contrárias às condições de trabalho da revolução industrial.

Novo papa ecoa figuras que moldaram doutrina social da Igreja - Reinaldo José Lopes

Folha de S. Paulo

Leão 13, referência provável do pontífice americano eleito nesta quinta, uniu defesa da justiça social à tradição conservadora

O décimo quarto papa a adotar o nome de Leão está recuperando uma tradição venerável do pontificado, que atravessa a Antiguidade, a Idade Média e o Renascimento, mas andava um tanto esquecida. Basta considerar que o último pontífice com essa designação morreu há mais de 120 anos.

Leão 13 (1810-1903), o italiano Gioacchino Vincenzo Raffaele Luigi Pecci, marcou época ao iniciar a tradição da moderna doutrina social da Igreja. Num momento de intensa industrialização e urbanização, ele buscou se distanciar do socialismo revolucionário, defendendo a livre iniciativa e a propriedade privada. Mas também se colocou ao lado dos trabalhadores, exigindo que tivessem salários justos, boas condições de trabalho e direito à formação de sindicatos.

Habemus papam! - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Primeiro papa dos EUA, Leão XIV é a continuidade de Francisco e contraponto a Trump

A eleição do papa Leão XIV é a confirmação de que a secular Igreja Católica é a instituição mais política do planeta, atenta aos ventos, circunstâncias e movimentos do mundo. Robert Francis Prevost nasceu nos EUA, atuou duas décadas no Peru, foi decisivo na defesa dos pobres e encarna tanto o legado do papa Francisco quanto a resistência a Donald Trump e ao que ele representa. A expectativa é de que, por exemplo e ações, o primeiro papa americano dê continuidade a Francisco e seja um contraponto a Trump.

A própria escolha do seu nome, Leão XIV, carrega a simbologia nesses tempos tão revoltos, com Israel e Rússia destruindo Gaza e Ucrânia e, agora, a Índia bombardeando o Paquistão. Quem inaugurou esse nome foi São Leão Magno, ou Leão I, o Grande, que defendeu a doutrina cristã nas invasões bárbaras e, conciliador, convenceu Átila, rei dos Hunos, a não atacar Roma.

Um centro de gravidade chamado Minas - Ivan Alves Filho*

No período em que o ex-presidente Itamar Franco buscou disputar a indicação para a Presidência da República, em 2002, eu publiquei um artigo, relativo à presença de Minas Gerais na vida brasileira, em momento de crise aguda das nossas instituições democráticas. Itamar Franco leu o artigo e, por intermédio de um assessor, mandou me parabenizar. Eu já havia tido alguns contatos com ele quando, poucos meses antes, quando já ocupava o governo de Minas Gerais, Itamar me honrou prefaciando o meu livro Velho Chico mineiro, um relato de viagem ao rio São Francisco. 

Publicado no jornal carioca Terceiro Tempo, o texto fazia menção às marcas deixadas por Minas Gerais desde a chamada política do café com leite, ou o pacto de alternância de poder com São Paulo na República Velha. 

Depois, destacava o fato de Getúlio Vargas ter recorrido a um civil mineiro, Negrão de Lima, para convencer os presidentes das Províncias, como eram conhecidos então os governadores, a apoiar o novo regime. 

Poesia | O guardador de rebanhos, de Fernando Pessoa

 

Música | - Roberta Sá - Mutirão de Amor -