terça-feira, 29 de abril de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Calendário abre espaço a reforma administrativa

O Globo

Um quarto dos servidores federais parará de trabalhar nos próximos dez anos, segundo o próprio governo

Nos próximos dez anos, um quarto do total de servidores públicos federais, um contingente de 153,6 mil, deverá se aposentar. O pico de desligamentos ocorrerá neste ano, segundo estimativas do governo reveladas pelo GLOBO. Trata-se de uma ótima oportunidade para promover uma reforma administrativa que represente ganhos de eficiência no setor público. Infelizmente é difícil acreditar que tal iniciativa parta do atual governo, que já deu diversas mostras de não considerar o tema prioritário.

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) afirma dimensionar as demandas antes de definir os concursos públicos que realizará. Com o aumento da automação digital, diversas tarefas se tornaram obsoletas. Seria um contrassenso contratar novos datilógrafos ou até mesmo vigias, serviços que podem ser fornecidos por empresas privadas. Mas é uma lástima que o MGI não demonstre disposição para enfrentar a baixa produtividade dos servidores.

Acordo político - Merval Pereira

O Globo

A negociação política parece bem adiantada, retirando a aparência de revanche das penas excessivas já determinadas, mas mantendo o rigor com os financiadores e organizadores da tentativa de golpe, nisso incluídos os generais e Bolsonaro

Está em andamento uma negociação política que permitirá superar a campanha pela anistia aos rebelados do 8 de Janeiro e proporcionará a possibilidade de revisão das penas já decretadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sem que seja criado um impasse entre os Poderes da República. O governo petista, por intermédio de seus líderes no Congresso, sob a coordenação da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, está à frente das negociações, com o conhecimento do STF.

O presidente do Supremo, ministro Luís Roberto Barroso, evidentemente mandou um recado ao Congresso ao afirmar que o ocorrido no 8 de Janeiro é imperdoável, mas, ao mesmo tempo, abriu uma brecha para reduzir as penas. É um ponto delicado, porque até o momento considerava-se uma afronta ao STF que o Congresso reduzisse as penas já definidas aos condenados do 8 de Janeiro.

Cem dias de demolição - Míriam Leitão

O Globo

O mundo está há cem dias sob os mandos e desmandos de Trump: cenário de retrocesso, insegurança e ameaça à democracia

O governo de Donald Trump tem sido um tormento. Diário, continuado. Seus disparos sequenciais de tarifas contra países parceiros, suas idas e vindas em decisões econômicas e políticas, e suas declarações sobre tomar territórios de outros países levaram o mundo a um retrocesso de um século pelo menos. Trump desrespeitou direitos humanos na pressão contra imigrantes, fechou agências governamentais importantes, colocou um agente privado dentro do governo com poderes demais e nenhum controle, chantageou universidades e intimidou a Justiça. A distopia parece não encontrar limites.

Faltam 1.348 dias de Donald Trump no poder. E o projeto está claro. Ele quer demolir o Estado, e a democracia americana. Nos 100 dias está encontrando um primeiro problema, a opinião pública. Tem a menor aprovação de qualquer governante americano em 80 anos, a maioria desaprova a maneira como ele conduz seu governo. Mas há outras barreiras que podem ser erguidas. Uma delas é a eleição de meio de mandato que pode enfraquecê-lo no Congresso, o que tiraria um pouco do seu poder. Se isso é uma esperança, por outro lado é um alerta de que ele tentará tudo o que puder até as eleições legislativas do final do ano que vem.

Para Haddad, é ‘ruim’ só Executivo arcar com responsabilidade fiscal

Marcelo Osakabe, Camila Souza Ramos e Guilherme Pimenta / Valor Econômico

Ministro da Fazenda cita medidas legislativas que geraram gastos de R$ 200 bilhões sem que fosse definida origem para os recursos

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 28, que tem trabalhado juntamente com os demais poderes para alçar a questão fiscal como uma agenda de Estado, defendida independente da que está no Planalto.

“Tenho conversado com presidente [da Câmara] Hugo Motta [Republicanos-PB]. Acho ruim a responsabilidade fiscal ser uma atribuição exclusiva do Executivo. As medidas tomadas por Legislativo e Judiciário podem prejudicar muito mais que as do Executivo”, afirmou Haddad, que respondia a uma pergunta sobre as prioridades do governo no Legislativo neste ano.

Lula tem margem de manobra estreita na Previdência - Maria Cristina Fernandes

Valor Econômico

Às vésperas do 1º de Maio, crise põe em xeque não apenas os benefícios previdenciários como a manutenção do PDT na base e a ressurreição de Ciro Gomes

Nem a Polícia Federal nem a Controladoria-Geral da União forneceram ao presidente da República prova cabal do envolvimento direto do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, na rapina feita nos benefícios de cerca de 6 milhões de aposentados. Como incompetência e omissão não têm configurado impedimento para a ocupação de assentos na Esplanada, esta é a explicação mais imediata para sua permanência no cargo.

Por mais que o governo consiga superar a grande complexidade envolvida na devolução do que foi surrupiado dos benefícios e repisar a tecla de que foi este governo que desbaratou o esquema que atravessou incólume os anos Michel Temer e Jair Bolsonaro, a permanência do ministro deixará, sobre Lula, o carimbo da conivência.

Demissão de Lupi tem custo político para Lula, e mantê-lo também - César Felício

Valor Econômico

É interessante para presidente inviabilizar o fantasma Ciro, amarrando o PDT ao seu governo

Demitir o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, é uma operação de custo político significativamente maior para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva do que foi exonerar o deputado Juscelino Rezende Filho do Ministério das Comunicações. Em que pese ter eclodido no ministério de Lupi o maior escândalo de corrupção neste governo, com as denúncias de descontos fraudulentos nas aposentadorias de segurados do INSS, o ministro tem densidade política.

Trata-se de um dos dois únicos presidentes de partido com assento na Esplanada dos Ministérios. No caso, o PDT, com 17 deputados federais e três senadores. O outro caso é o de Luciana Santos, da Ciência e Tecnologia, dirigente do pequeno PCdoB. A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, renunciou à presidência do PT para assumir seu cargo.

Lupi luta para ficar na Previdência, mas desgaste só aumenta – Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

Num único ato, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) desbloqueou descontos não autorizados nas folhas de pagamento de quase 34,5 mil aposentados

Júlio César casou-se com Pompeia em 67 a.C., depois de ter servido na Hispânia, já viúvo de sua primeira mulher, Cornélia, que morrera no parto de um filho natimorto. Em 63 a.C., César foi eleito pontífice máximo (pontifex maximus), o sumo-sacerdote da religião oficial romana,

No ano seguinte, na sua residência na Via Sacra, realizou um festival em homenagem à Bona Dea ("Boa Deusa"), no qual homem nenhum poderia participar, em sua casa. Entretanto, um jovem patrício chamado Públio Clódio Pulcro entrou na festa disfarçado de mulher, supostamente com o objetivo de seduzir Pompeia. Ele foi preso e processado por sacrilégio. Como César não apresentou nenhuma evidência contra Clódio, ele acabou inocentado.

Mesmo assim, César se divorciou de Pompeia: "Minha esposa não deve estar nem sob suspeita", justificou. Vem daí o provérbio famoso: "A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta".

É o caso do ministro da Previdência, Carlos Lupi, presidente do PDT, cujo desgaste à frente da pasta somente aumenta, em razão do escândalo bilionário dos descontos feitos pelo INSS em aposentadorias e pensões, sem autorização de seus segurados.

Corrupção, o novo velho problema - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

No colo de Lula: Collor e BR, Lupi e INSS, jetons e amigos, PT e respiradores

O Congresso está parado, só discute anistia para o 8/1, enquanto a palavra “corrupção” anda a mil por hora e invade manchetes da mídia e a pauta da sociedade. Esta semana, que no setor público só tem três dias, já começou com o plenário do Supremo convalidando a prisão do ex-presidente Collor, o governo sob pressão para demitir o ministro da Previdência, Carlos Lupi, e dois escândalos “novos” que, de novos, não têm nada.

Collor caiu em 1992 e só agora, 33 anos depois, foi preso, por uma acusação nada a ver com o mandato de presidente, mas com o de senador, quando foi pego com a mão na botija na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, dez longos anos atrás. A Justiça tardou e prendeu Collor aos 75 anos, com Parkinson e deficiência cardíaca, trunfos da defesa.

União Alcolumbre - Carlos Andreazza

O Estado de S. Paulo

O União Brasil não é partido político. Tampouco agremiação rachada – o que pressuporia haver estado unida. Nunca esteve. Fragmentação que os seus operam, tanto para vender terrenos na lua quanto para tirar o corpo fora quando ante a impossibilidade de entregar os lotes.

Trata-se de uma confederação de oportunismos-patrimonialismos, cujos grupos se articulam e cooperam – disputam e se afastam – em função de interesses específicos eventuais. Dinâmica que constitui a própria negação do minimamente necessário à composição de base de apoio parlamentar.

Abrigo formal a projetos os mais díspares, o pulverizado União Brasil não tem corpo para garantir suporte a governo. Estando no governo, porém, não abrirá mão do espaço. Na hora de deliberação importante, tenha um ou dez ministérios, negociará caso a caso e votará conforme a oferta de emendas na ocasião.

Vícios e virtudes do Congresso - Joel Pinheiro da Fonseca

Folha de S. Paulo

Democracia é saber negociar e chegar a soluções de meio do caminho

Os presidentes do Senado e da Câmara protagonizam uma negociação junto ao Supremo para a redução da pena dos invasores do 8 de janeiro. Assim, eles poderão logo ir para casa sob progressão de pena; evitando assim a completa anulação de seus processos e a anistia prévia a Bolsonaro e outros cabeças do golpismo. Mais uma vez, é o Congresso resolvendo um problema criado pela polarização do país.

De um lado, centenas de fanatizados pelo bolsonarismo que se fizeram de bucha de canhão de uma tentativa insana de golpe de Estado. Do outro, um Supremo que —sob a liderança de Alexandre de Moraes— pune os invasores de maneira exemplar, chegando a penas superiores às de muito assassino. Moraes se tornou um herói da esquerda petista.

A rotina de crise entre Câmara e o STF - Alvaro Costa e Silva

Folha de S. Paulo

Para salvar Bolsonaro e atacar a Corte, deputados querem suspender ação penal contra Ramagem

Para ter validade, o projeto de anistia aos participantes da insurreição fascista do 8 de Janeiro teria de passar pelo presidente da Câmara, Hugo Motta, pela própria Câmara, pelo Senado, pelo presidente Lula e pelo STF. Sem respaldo popular, tropeçou no primeiro obstáculo.

O perdão geral, ou esculhambação geral, alcançaria quem tivesse participado de atos passados e futuros ligados à destruição dos Poderes. Qualquer estagiário de ditador poderia sentir-se autorizado a dar um golpe e promover as mortes do presidente, de ministros do Supremo e —por que não?— de senadores e de deputados.

Escandalosa imprevidência – Dora Kramer

Folha de S. Paulo

Carlos Lupi está mais enrolado do que linha em carretel e, no rolo, leva o governo junto

Muito antes da criação do PT, no início dos anos 1970, Luiz Inácio da Silva cuidava da diretoria de Previdência Social e FGTS no sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, em São Paulo. Era responsável pelos benefícios.

Não só, mas também por isso, o agora presidente da República tem perfeita noção do potencial de estrago que fraudes naquela área podem causar a um governo.

Nem são Sidônio faz milagre no INSS - Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Próximos lances dirão se medidas adotadas por novo chefe da comunicação do governo bastarão para conter danos à imagem da gestão

Não há são Sidônio que faça milagre aqui. A nova eminência parda do governo Lula fez o que tinha de fazer diante do escândalo dos descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS.

Sidônio Palmeira instruiu a administração a suspender os repasses às entidades, a prometer ressarcir os prejudicados, cuidou para que uma alta autoridade, o presidente do INSS, fosse demitida e tentou emplacar uma narrativa favorável ao governo, destacando que o escândalo veio à tona em investigação da própria gestão e que os descontos suspeitos tiveram início bem antes de Lula tomar posse.

Tudo bichado! - bichado! ... - Aylê-Salassié Filgueiras Quintão**

De repente... Não mais que de repente: está tudo bichado. Governo manda anular 100 por cento dos descontos na folha de pagamentos dos aposentados e suspender   os    acordos do INSS com 29 organizações não governamentais que manipulam, sem autorização, este dinheiro, comprando imóveis na praia e até carros de luxo.  Os desvios chegam a 6 bilhões de reais. Há mais de três anos o Governo sabe disso. A omissão durou, até que alguém denunciou publicamente.

Os governantes e seu entorno não se emendam. O pessoal é insaciável:  "mensalão", "petrolão", dilapidação de Fundos de Pensão, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, do Sistema de Aposentadorias e Pensões  do INSS, desvios nos Correios,   no  Bolsas Família, no Bolsa Educação, no  Auxílio Gás,  calotes no Crédito estudantil da Caixa Econômica ,  no  Fundo  Brasil, ausência  de prestação de contas de organizações não governamentais,  tudo coroado com a introdução de  163 Bets legalizadas  para Atuar no Brasil em 2025: Betano, Superbet, MagicJackpot, Super, Rei do Pitaco, Pitaco, Sportingbet, Betboo, sem falar nas loterias que tem origem lá no jogo do bicho. E ainda   se fala em um novo, novo fundo de pensão para completar a sina nos estados e municípios.

Poesia | As sem-razões do amor, de Carlos Drummond de Andrade

 

Música | Zeca Pagodinho - A Flor e o Espinho