Se governo finge não haver crise fiscal, Congresso deve agir
O Globo
Ninguém aguenta mais imposto. Ou Executivo e
Legislativo cortam gastos, ou então país caminhará para o caos
Diante da inércia do Executivo em tomar as
medidas necessárias para ajustar as contas
públicas, o presidente da Câmara, Hugo Motta,
afirmou ter passado da hora de discutir cortes em despesas obrigatórias: “O
Brasil caminha para a ingovernabilidade completa para quem quer que venha a ser
presidente”. Ele tem razão. E faria bem em se adiantar. A questão não diz
respeito só ao Executivo, mas também à Câmara e ao Senado. Todo mundo está
cansado de saber as medidas necessárias para conter a explosão da dívida — e,
definitivamente, aumentar impostos não está entre elas.
O pacote frustrante ensaiado pelo governo é mais uma ofensa ao brasileiro. Depois de muito suspense, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com os presidentes da Câmara, do Senado e líderes partidários para discutir alternativas à alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) rechaçada pela classe política e pelo setor produtivo. O próprio Haddad falara em medidas de longo prazo. O que se viu foi a enganação de sempre: o avanço sobre o contribuinte para tapar o rombo de um governo perdulário.