Censo 2022 reflete mutação religiosa do Brasil
O Globo
Católicos seguem maioria, e evangélicos
avançam, embora seu crescimento tenha ficado aquém do projetado
Os dados sobre religião do Censo 2022,
divulgados ontem pelo IBGE,
revelam uma transformação na sociedade brasileira. O Brasil continua sendo um
país majoritariamente católico, mas a proporção de evangélicos na população
continua a crescer — em 2022, correspondiam a 26,9% da população, ante 21,6% em
2010. É verdade que os católicos são mais que o dobro disso, ou 56,7% dos
brasileiros, mas essa proporção era de 65,1% em 2010 e, até 1980, ficava acima
de 90%. E, embora o Brasil continue a ser um país predominantemente cristão, os
brasileiros que declaram não ter religião aumentaram de 7,9% a 9,3% em 12 anos.
Tais mudanças espelham as mutações sociais por que o país vem passando nas
últimas décadas.
As denominações evangélicas têm sido o segmento religioso que mais ganha adeptos. Entre 1991 e 2022, sua participação praticamente triplicou, de 9% para 26,9%. Tais números confirmam uma realidade observada em muitas cidades brasileiras, onde a quantidade de templos se multiplica. Mas também é preciso pontuar que, embora em 2022 a proporção de evangélicos tenha atingido o maior patamar já registrado, ela ficou aquém do esperado pelos pesquisadores, algo em torno de 30%. No últimos dois Censos, o crescimento havia sido de 6,5 e 6,1 pontos percentuais — desta vez ficou em 5,3 pontos.