*Antonio Gramsci (1891-1937), Cadernos do
Cárcere, V. 3, p. 342-3, 4ª Edição. Civilização Brasileira, 2011
Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
quarta-feira, 18 de junho de 2025
Opinião do dia – Antonio Gramsci* (Sobre o conceito de previsão ou perspectiva.)
O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões
Aposentar juiz compulsoriamente é prêmio, não punição
O Globo
Desde 2008, 119 magistrados punidos com
afastamento foram aposentados sem perda de vencimentos
Desde 2008, 119 juízes foram punidos com o afastamento definitivo da função por terem cometido infrações disciplinares graves. Um dos casos mais recentes envolveu Marcelo Bretas, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), conhecido pelo protagonismo no ramo fluminense da Operação Lava-Jato. Pela lei, quem é julgado incapaz de atuar como magistrado ganha um prêmio em vez de pena disciplinar. É aposentado compulsoriamente, recebendo vencimentos elevados, na média R$ 28,5 mil. O impacto anual nos cofres públicos, revelou reportagem do GLOBO, alcança R$ 41 milhões.
Governo conta com recesso para respirar - Vera Magalhães
O Globo
Semestre perdido termina sem que articulação
política saiba como desarmar bombas no Congresso
Lula não tem sequer uma boa notícia para
comemorar no primeiro semestre de 2025. Não à toa, depois de algumas mudanças
ministeriais no início do ano para inaugurar o que seria a fase das “entregas”
do terceiro mandato, hoje a coisa mais difícil é achar um ministro disposto a
dar as caras para defender a administração, que vai levando um 7 a 1 por dia no
Congresso sem esboçar plano de reação.
As obras não apareceram, as viagens aos estados foram episódicas, sem nada de memorável — pelo contrário, numa recente ida a Pernambuco Lula chegou a dizer que Deus deixou o sertão sem água porque sabia que ele seria presidente e resolveria o problema —, e nem aquele apelo para que assuma pessoalmente a articulação política parece fazer sentido num momento de completo afastamento entre Executivo e Legislativo.
A cabeça do reio do ovo - Bernardo Mello Franco
O Globo
Dono da Global Eggs, bilionário Ricardo Faria
disse que pobres estariam "viciados" em benefício social. Como bom
patriota, ele paga imposto no Uruguai
Conhecido como “rei do ovo”, Ricardo Faria
gosta de acordar com as galinhas. Aos 50 anos, o bilionário desperta às quatro
da manhã para se exercitar. Pratica musculação, tênis e beach tennis. “Adoro
ganhar dos jovens de 20 e poucos”, gabou-se, em reportagem recente. O texto
informa que ele tem dois aviões a jato e uma casa de R$ 75 milhões num
condomínio de grã-finos em São Paulo.
Além de ostentar um estilo de vida atlético,
o dono da Global Eggs é adepto do esporte de falar mal do Brasil. Em entrevista
à Folha de S.Paulo, ele disse que o país estaria “ficando para trás”. Criticou
o Judiciário, as leis trabalhistas e os programas de transferência de renda.
“As pessoas estão viciadas no Bolsa Família”, declarou, culpando as políticas
sociais por uma suposta dificuldade de contratar.
Faria não apresentou nenhum dado para sustentar as afirmações. Nem poderia. “As evidências mostram o contrário do que ele disse. Quando o Bolsa Família se expande, o emprego com carteira assinada cresce. E muita gente que não recebe o dinheiro passa a se beneficiar do aumento da renda de quem recebe”, afirma o economista Marcos Hecksher, do Ipea.
Difícil dizer algo sobre o golpismo - Roberto DaMatta
O Globo
Golpe de Estado ‘dentro das quatro linhas’ é
projeto cabível somente na cabeça de quem transcende os limites da
racionalidade
Não estamos testemunhando um processo
destinado a esclarecer um crime comum, urdido e cometido por marginais; estamos
atônitos assistindo ao supremo magistrado da nação ser acusado de tramar contra
o regime democrático que ele jurou preservar e, numa lambuja cruel, seus
auxiliares mais próximos e poderosos como chefe de gabinete, ministros e,
pasmem, comandantes das Forças Armadas e de órgãos de inteligência.
Que dizer numa crônica desse espetáculo
vergonhoso, negado pelo negacionismo ideológico dos asseclas e mal-educados
apoiadores?
É elite governamental envolvida num inexequível golpe de Estado “dentro das quatro linhas”, um projeto que é cabível somente na cabeça de quem transcende os limites da racionalidade e acha possível acender velas a Deus e ao diabo. Algo, aliás, típico do nosso adoentado sistema político.
Congresso dá longevidade aos jabutis do setor elétrico - Fernando Exman
Valor Econômico
Assunto ganha ainda mais importância neste momento em que o Brasil se prepara para sediar a COP30
Bicho peculiar, o jabuti é conhecido pelo
público em geral por sua lentidão e timidez. Aparenta relativa fragilidade até.
Tem um aspecto rústico, é verdade, patas robustas e um casco alto. Mas, a
qualquer sinal de perigo, retrai-se para dentro da carapaça e dela só sai
quando acredita estar a salvo. Talvez por isso tenha uma vida tão longa. Vive
80 anos em média, dizem os especialistas, embora possa chegar a cem anos em
alguns casos.
Lá estava o jabuti quando o homem passou a
citar animais em suas lendas e mitos, usando-o como um instrumento de reflexão
sobre a própria condição humana. Na Grécia Antiga, ilustrou algumas linhas das
“Fábulas de Esopo”. No Brasil, soube-se tempos depois, também foi personagem
central nas histórias transmitidas oralmente pelos povos originários.
Segundo mostra o catálogo da Biblioteca Nacional, quando esse gênero virou um filão literário no século XIX, surgiram as primeiras obras reunindo mitos indígenas brasileiros. Em 1875, por exemplo, o geólogo canadense Charles Frederick Hartt escreveu em inglês “Mitos da tartaruga amazônica”, obra rara mantida pela instituição. Várias de suas histórias têm o jabuti como protagonista.
De 150 MPs editadas por Lula, 92 caducaram - Lu Aiko Otta
Valor Econômico
Dados mostram pouca concordância entre o que
o governo considera urgente e a visão do Congresso
Das 150 medidas provisórias (MPs) que editou
no atual mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viu pelo menos 92
perderem a validade. É uma taxa de mortalidade de 61%.
Para comparar sem polarizar muito, no governo
de Michel Temer foram editadas 125 MPs, das quais 49 caducaram. Um índice de
perda de 39%.
Os dados são de um levantamento feito pela
coluna no excelente portal de Legislação do Palácio do Planalto.
MPs são editadas quando o Executivo quer
tomar uma providência urgente e relevante, estabelece a Constituição. Têm
vigência imediata por 60 dias, prorrogáveis por mais 60. Nesse período, é
esperado que Câmara e Senado a apreciem. Do contrário, a MP tem a vigência
encerrada, como aconteceu com as 92.
Os dados mostram pouca concordância entre o que o governo considera urgente e a visão do Congresso.
Restaure-se a moralidade ou... - Márcio Garcia*
Valor Econômico
Enquanto não conseguirmos encaminhar melhores
soluções para o problema fiscal, vamos continuar a patinar
Numa hora de tanta apreensão, quando eclode
mais uma guerra, ameaçando a paz mundial, é preciso recorrer ao humor para
continuar debatendo os rumos do nosso país. E a espirituosa frase do jornalista
Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, que inspirou o título para este artigo -
“Restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos” -, continua a bem
representar o cerne dos nossos problemas macroeconômicos.
A bola da vez é o band-aid fiscal que foi
colocado para evitar o descumprimento das leis que regem a política fiscal
(entre elas o arcabouço fiscal, a lei de responsabilidade fiscal, o orçamento e
a LDO). Inicialmente, foi encaminhado uma MP que continha um aumento do IOF.
O IOF é um imposto que tem quase 60 anos e incide sobre diversas operações financeiras, como empréstimos, câmbio, seguros e operações de crédito. Meu saudoso professor e colega Dionísio Dias Carneiro relatava uma história interessante sobre o IOF. Quando explicaram ao prêmio Nobel de Economia Franco Modigliani, então em visita ao Brasil, o que era o IOF, ele teria dito: vocês conseguiram inventar um imposto que distorce tanto as decisões de poupar quanto as de investir, assim maximizando o dano causado por qualquer imposto. Ou seja, não se trata de um imposto que causa prejuízos apenas aos banqueiros, como por vezes equivocadamente se alega.
Abin Paralela complica ainda mais o futuro de Bolsonaro - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense
A PF compartilhou provas e reservou um
capítulo do relatório para as conexões entre a Abin Paralela e a tentativa de
golpe de 8 de janeiro de 2023
O futuro político do ex-presidente Jair
Bolsonaro está se complicando cada vez mais. Inelegível por causa do crime
eleitoral que cometeu ao reunir embaixadores estrangeiros para pôr sob suspeita
as urnas eletrônicas do sistema eleitoral brasileiro, já corre o risco de ser
condenado como o principal responsável pela tentativa de golpe de Estado de 8
de janeiro, julgamento que está em pleno curso na Primeira Turma do Supremo
Tribunal Federal (STF). Para agravar a situação, sua participação foi apontada
pela Polícia Federal (PF) no caso da Abin Paralela, um plano de espionagem
ilegal montado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em seu governo.
Foram indiciados no esquema o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor geral do órgão, que também é réu no julgamento da tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro, e o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, filho de Bolsonaro e principal responsável pela bem-sucedida estratégia de comunicação do ex-presidente nas redes sociais. O inquérito indiciou 35 pessoas que estariam envolvidas no grupo de espionagem em favor do ex-presidente e de seus parentes, cuja missão era encontrar situações para desabonar críticos do governo e criar informações falsas contra personalidades e políticos que se opunham ao governo.
Vão todos para a vala - Marcelo Godoy
O Estado de S. Paulo
Generais são contra anistia a militares punidos em caso de vitória, em 2026, do bolsonarismo
Quem questionar o comandante do Exército,
general Tomás Paiva, sobre o destino dos réus militares que – ao que tudo
indica – serão condenados pelo STF pela tentativa de golpe em 2022 vai ouvir
apenas como resposta que a Força vai cumprir a lei.
Assim, quem for condenado a mais de dois anos
de prisão será submetido ao Conselho de Justificação. Mas quem pegar menos de
dois, não estará isento do tribunal de honra – caso do coronel Cid. Há um
consenso na caserna de que ninguém deve escapar da vala. Todos que mancharam o
Exército vão pagar pelo “show de horrores” (palavras de um general) que
proporcionaram.
Bolsonaro chamou os seguidores que não desmobilizou de malucos; Braga Netto jogava vôlei em Copacabana enquanto a turba depredava Brasília. Esqueceram que um comandante jamais se exime de suas responsabilidades, nem transfere a culpa do fracasso a subordinados?
A jurisprudência da defesa da democracia - Nicolau da Rocha Cavalcanti*
O Estado de S. Paulo
‘Proteção da democracia’ tornou-se sinônimo de ‘defesa da segurança nacional’. Adquiriu o mesmo valor axiológico-normativo
Em 2021, o Congresso cumpriu seu papel na
tarefa de prover proteção jurídica à democracia. Revogou a Lei de Segurança
Nacional (Lei 7.170/1983) e aprovou a Lei de Defesa do Estado Democrático de
Direito (Lei 14.197/2021). Com isso, o País abandonou uma legislação orientada
à proteção ideológica do Estado e, em seu lugar, estabeleceu uma normativa de
proteção das instituições. Gestada há décadas, a revogação da Lei 7.170/1983
teve um estopim concreto: o uso que o governo Bolsonaro vinha fazendo da legislação
herdada dos tempos da ditadura para criminalizar opositores políticos.
Não basta, no entanto, ter uma nova lei adequada. Qual é a jurisprudência que o Judiciário tem promovido desde então? A aplicação da Lei 14.197/2021, feita pelo Supremo Tribunal Federal (STF) está sintonizada com as liberdades e garantias próprias do Estado Democrático de Direito? A defesa da democracia não visa a perseguir inimigos políticos, tampouco a discriminar uma corrente de pensamento, mas a assegurar o funcionamento das instituições, punindo, dentro do devido processo legal, as condutas proibidas.
Resolver as emendas pode resolver o Brasil - Bruno Bondarovsky
O Estado de S. Paulo
Na prática, arranjos político-eleitorais se sobrepõem a critérios técnicos e jogam para escanteio o planejamento de longo prazo
O Brasil tem coisas das quais pode
orgulhar-se: somos uma democracia com Três Poderes estabelecidos, Ministério
Público ativo e imprensa livre. Mas há outro lado que causa indignação:
ocupamos o último lugar no ranking de competitividade industrial da Confederação
Nacional da Indústria; estamos entre os piores do mundo no Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes, o Pisa; e entre os 15 mais desiguais,
pelo índice de Gini. Em combate à corrupção, também vamos mal. No ano passado,
tivemos nossa pior colocação no Índice de Percepção da Corrupção, calculado
pela Transparência Internacional: 107.º lugar entre 180 países.
Pode-se apontar várias causas para esses males, como o modelo educacional ou a carga tributária, mas esses debates pouco avançam diante da enorme divergência ideológica sobre o que fazer. Felizmente, existe um caminho mais direto para construir soluções: a gestão do Orçamento. Esse caminho foi, inclusive, pensado há muito tempo: o artigo 165 da Constituição federal, no 9.º parágrafo, exige lei complementar para estabelecer normas da gestão financeira e critérios para a execução das emendas parlamentares. Por incrível que pareça, em 37 anos, desde a promulgação da Carta, isso ainda não foi feito.
O mundo mudou, Copom! - Fábio Alves
O Estado de S. Paulo
Quase metade das estimativas é de uma derradeira alta de 0,25 ponto da Selic, para 15%
Muita coisa mudou desde a última reunião do
Copom, em maio, quando boa parte dos analistas interpretou que a sinalização
dada pelo Banco Central era de que o ciclo de aperto monetário havia se
encerrado com a taxa Selic a 14,75%. Tanto mudou que o mercado chega dividido
para a decisão de hoje: quase metade das apostas é de uma derradeira alta de
0,25 ponto porcentual dos juros, para 15%.
O principal motivo foi a melhora no cenário externo, com a distensão da disputa tarifária entre EUA e China – ambos países anunciaram uma significativa redução das alíquotas de importação recordes no auge da crise. O dólar cedeu para menos de R$ 5,50, em comparação com o patamar de R$ 5,70 na última reunião do Copom. As Bolsas de Valores americanas subiram e voltaram a rondar níveis recordes.
Decisão do BC e tédio - Vinicius Torres Freire
Folha de S. Paulo
Apesar da divisão animada dos palpites, meio
tanto faz se a Selic sobe 0,25 ou fica na mesma
Fazia tempo que o Banco Central não
chegava à beira de decidir a Selic com
tanta divisão de palpites a respeito do que fazer a respeito dos juros. Alta de
0,25 ponto percentual? Manutenção da taxa em 14,75% ao ano? O debate causa
sensação entre as dúzias de interessados no assunto e importa para quem negocia
dinheiro grosso no curto prazo. Quanto ao país, quase tanto faz.
No que mais pode importar, o Banco Central
deve tentar evitar que as taxas de mercado caiam um tanto mais, o que
anteciparia o começo do fim do arrocho, que deveria durar até fins de 2025.
Deve tentar fazê-lo no gogó ou na escrita cuneiforme em que explica seus
motivos.
Sim, os juros têm caído no atacadão do mercado de dinheiro, 1,5 ponto percentual, nos prazos de 2 a 5 anos, em relação às alturas terríveis de janeiro.
O pluralismo político e a difícil arte de engolir sapos - Wilson Gomes*
Folha de S. Paulo
Os valores que nós progressistas cultivamos
não são os únicos em uma sociedade pluralista
A nossa tragédia política pode ter começado
no dia em que um deputado amalucado e conservador "descobriu" que
o MEC patrocinava
cartilhas e vídeos contra a homofobia nas escolas. Ou, em seus termos, para
incentivar a sexualização precoce de criancinhas e induzi-las à
homossexualidade. Bastou isso para Bolsonaro colocar sua indignação numa pauta
moral em que o governo era acusado de corromper a infância e os conservadores
conclamados a punir os infratores nas eleições.
De lá para cá, sucederam-se muitos episódios desse tipo. Lembram quando quadros de uma exposição para adultos em Porto Alegre foram acusados de estimular pedofilia? Ou do alvoroço com a performance de um artista nu no MAM, quando uma criança, acompanhada da mãe, tocou seu corpo? E de quando 108 mil pessoas assinaram uma petição para impedir Judith Butler de palestrar no Sesc Pompeia, com a frase "Deixem as nossas crianças em paz"?
Não há risco de melhorar – Dora Kramer
Folha de S. Paulo
Motta e Alcolumbre darão sempre prioridade
aos interesses dos pares, aos quais devem seus poderes
O governo às vezes chega a umas conclusões
que nos fazem pensar se são ingênuas ou se fruto de tentativas de emplacá-las
no mercado da comunicação. Há quem compre tais ideias, mas o tempo e os fatos
se encarregam de desfazê-las no ar.
Uma delas era a de que os problemas com o Congresso estariam resolvidos com a troca de comandos na Câmara e do Senado. Outra atribuía ao deputado Arthur Lira (PP-AL) a raiz das contrariedades e enfrentamentos.
Netanyahu colocou Trump em dilema - Hélio Schwartsman
Folha de S. Paulo
Presidente americano precisa decidir se
mantém posição contrária ao uso de tropas no exterior ou se autoriza destruição
de instalações nucleares iranianas
Donald Trump é
quase certamente o presidente americano que mais defeitos levou à Casa Branca.
Estamos aqui falando de déficits de inteligência, caráter e, especialmente
neste segundo mandato, de assessoramento. Trump agora se cerca de gente que só
agrava suas falhas.
O atual mandatário tem, contudo, uma virtude. Ele não padece do apetite por intervenções militares no exterior que caracterizou tantos presidentes dos EUA. Um dos poucos tópicos em que ele exibe coerência intertemporal é a relutância em mandar tropas americanas para lutar em outros países.
Para quem Trump governa? - Martin Wolf*
Valor Econômico
Ricos recebem a maior parte das benesses, os
pobres ficam mais pobres, e o déficit fiscal permanece enorme
Quem se beneficia de Trump? A quem ele serve?
Como Ivan Krastev observou, ele está servindo aos seus próprios interesses de
maneira grotesca. Mas e quanto às outras pessoas? Sabemos pelo brutal
fechamento da Usaid (Agência dos EUA para Desenvolvimento Internacional) que
ele não se importa nem um pouco com os pobres no exterior.
Mas ele demonstra preocupação com os norte-americanos comuns que votaram nele? O projeto de lei de gastos, chamado de "Grande e Belo Projeto de Lei" (OBBBA, na sigla em inglês) que está tramitando no Congresso mostra que a resposta é "não". É um poderoso exemplo de "pluto-populismo" ("populismo plutocrático"), como eu o chamei pela primeira vez em 2006. Os ricos recebem a maior parte das benesses; os pobres ficam mais pobres; e o déficit fiscal permanece enorme.