Brasileiro está atento para os riscos das mudanças climáticas
O Globo
Mais da metade da população concorda que
perigos são iminentes, segundo Datafolha
Está consolidada entre os brasileiros a
percepção de que o aquecimento global é um perigo iminente, segundo
pesquisa Datafolha.
O instituto fez sondagens sobre o tema em junho, em outubro de 2024 e em abril
deste ano. Nos três levantamentos, mais da metade afirma concordar que os
riscos das mudanças
climáticas são imediatos. Na primeira pesquisa, o percentual foi de
52%, na segunda 60% e na terceira 53%. No país como um todo, a fatia dos que
não enxergam risco algum nunca passou dos 9%. Trata-se de dado tranquilizador,
que demonstra o efeito limitado do negacionismo climático na população
brasileira.
As três pesquisas Datafolha foram decerto
influenciadas por tragédias ambientais recentes. Todas aconteceram em momentos
de comoção ou, neste ano, quando a memória do sofrimento ainda está fresca.
Quando a primeira edição foi realizada, o Rio Grande do Sul ainda estava
debaixo d’água devido à enchente histórica de abril e maio. Na segunda edição,
em outubro, a destruição de extensas partes do Pantanal e da Amazônia pelo fogo
transtornava o país. Em setembro, segundo o Imazon, 20.238km2 da Amazônia foram
destruídos, o maior número para o mês em 15 anos. Na segunda semana de
setembro, São Paulo, encoberta pela neblina oriunda da fumaça dos incêndios,
registrou qualidade do ar ruim ou muito ruim em 20 das 22 estações de medição e
chegou à infame colocação de cidade mais poluída do mundo.
Há, é verdade, contrastes relevantes na percepção dos riscos. Na última edição da pesquisa, os moradores da Região Sul foram os mais atentos para eles (57%), seguidos pelos de Sudeste (56%), Centro-Oeste e Norte (50%) e Nordeste (49%). Entre os que moram em capitais ou regiões metropolitanas, 59% disseram ver perigo iminente. Nas cidades do interior, 49%. Por fim, o negacionismo — embora ainda diminuto — tem crescido. Foi de 5% em junho para 7% em outubro e 9% agora.