*Alexandre Moares,
Vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF)
Democracia Política e novo Reformismo
Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2025
Opinião do dia – Alexandre Moraes*
O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões
STF tem dever de desarmar bomba previdenciária
Por O Globo
Contrarreforma da Previdência em julgamento pode ter impacto explosivo nas contas públicas
O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quinta-feira um julgamento que pode ter impacto explosivo nas contas da Previdência. Está em jogo um dos pilares da reforma aprovada pelo Congresso em 2019. Para buscar o equilíbrio do sistema previdenciário, os congressistas aumentaram tempo de contribuição, idade mínima para aposentadoria e limitaram benefícios. Outros países preocupados com o envelhecimento populacional e o rombo crescente da Previdência promoveram reformas semelhantes. A controvérsia repousa sobre os detalhes — e, nesse caso, eles representam centenas de bilhões. Equivalem, na prática, a uma contrarreforma da Previdência, que poria a perder os ganhos orçamentários obtidos até agora e criaria risco ainda maior às já combalidas contas públicas.
Centro democrático, a solução. Por Merval Pereira
O Globo
Quem determinará a vitória, como aconteceu em
2022, será o eleitorado de centro-direita ou centro-esquerda
Para que a farsa seja completa, resta ao presidente Lula vetar o Projeto de Lei da dosimetria, que reduz as penas do ex-presidente Bolsonaro, dos militares golpistas, e assessores idem, além das centenas de “bois de piranha” estimulados a participar das badernas de janeiro de 2023. Assim, o presidente atual acha que enganará seus simpatizantes, mostrando-se independente, para depois o Congresso derrubar seu veto. Está evidente, porém, que o ocorrido na madrugada desta quarta-feira, culminando com as votações apressadas na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, depois no plenário, foi um amplo “acordão” que envolveu todos os Poderes da República, até o Supremo Tribunal Federal (STF).
Flávio avança no figurino de Tarcísio. Por Julia Duailibi
O Globo
A candidatura do senador hoje vale mais para
o clã do que uma aposta no governador de São Paulo
Flávio Bolsonaro quer o figurino de Tarcísio
de Freitas. Animado com a pesquisa Quaest, que mostrou desempenho melhor que o
do governador paulista no primeiro turno, foi para a rua dizer que o moderado é
ele.
— Sempre pediram um Bolsonaro mais moderado. Eu sou esse Bolsonaro mais moderado, equilibrado, centrado — disse ontem, ao deixar a casa de um empresário, no quintal eleitoral do governador.
O STF faz e o Congresso desfaz. Por Míriam Leitão
O Globo
Enquanto o STF conclui a punição aos
golpistas de 8 de janeiro, o Congresso corre para reabrir o ciclo histórico de
impunidade
O Supremo Tribunal Federal encerrou na terça-feira o julgamento dos conspiradores que tentaram acabar com a democracia brasileira. Neste último núcleo está o general Mário Fernandes, aquele que imprimiu o plano de assassinato de autoridades dentro do Palácio do Planalto. No mesmo momento em que o STF está concluindo este trabalho, no Congresso avançou rapidamente a votação do projeto que quer transformar tudo em pizza. O ano de 2025 entrava para a história como aquele em que, pela primeira vez, o Brasil puniu golpistas, mas o PL que reduz as penas e anistia os criminosos ameaça fazer o país repetir o passado.
Macário passou por baixo das pernas do CNJ. Por Maria Cristina Fernandes
Valor Econômico
Desembargador preso em investigação do crime
organizado não foi contido por órgão de correição, dirá por um código de ética
O presidente do Supremo Tribunal Federal,
Edson Fachin, tem se mobilizado, com eco, por um código de ética para a Corte.
Recebeu boas sugestões de juristas, reunidos pelo IFHC, e registra
manifestações públicas com abaixo-assinados como só acontece em momentos
divisivos para a nação.
Como se refere a um Poder que manda por
último na vida de todos, o tema tem tudo para municiar a pegada antissistema
que ameaça pautar os eleitores decisivos de 2026. Uma mobilização para dar
transparência à Corte pode gerar frustrações com repercussões nada
desprezíveis.
A prisão preventiva do desembargador Macário Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, é um exemplo de como o acúmulo de desajustes no Judiciário pode dar abrigo até ao crime organizado. Se passou por baixo das pernas de uma instituição de controle dotada pela Constituição de mandato para agir, como o Conselho Nacional de Justiça, resta saber como um código de ética daria conta de contê-lo.
Acordo entre governo e oposição garante aprovação do PL da Dosimetria. Por Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense
O projeto altera a Lei de
Execução Penal, redefine percentuais mínimos para progressão de regime e amplia
hipóteses de prisão domiciliar, favorecendo o ex-presidente Jair Bolsonaro
“A Necessidade” é um clássico do samba que
explora a condição humana com ironia e crítica social, marcas registradas de
Bezerra da Silva. Diz a letra: “A necessidade obrigou / você me procurar / você
era orgulhosa / mas a necessidade acabou com a sua prosa”. Foi mais ou menos
isso que se viu no Senado nesta quarta-feira, na aprovação do PL da Dosimetria
pelo plenário, por 48 votos a favor e 25 contra, com uma abstenção. O projeto
altera critérios de cálculo e execução de penas e, na prática, reduz
condenações impostas aos envolvidos na tentativa de golpe de Estado de 8 de
janeiro.
A aprovação do texto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) não decorreu de consenso jurídico, mas de um acordo político de bastidores entre governo e oposição para limpar a pauta do Senado e destravar votações de interesse do Planalto. A articulação envolveu o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), e o líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN), e acabou por expor fissuras internas na base governista, que optou por votar contra o projeto sem, contudo, obstruir sua tramitação.
Encruzilhada histórica aos 77 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Por Rogério Sottili*
Correio Braziliense
Entre a esperança democrática e o
recrudescimento autoritário, vivemos a urgência de proteger direitos e
responsabilizar quem atenta contra a democracia
No último 10 de dezembro, quando o mundo celebrou os 77 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, fomos novamente lembrados da necessidade de reafirmar o pacto ético surgido após a Segunda Guerra Mundial. Em 2025, porém, essa data tornou-se alerta. A promessa universal dos direitos humanos é erodida diariamente, internacionalmente e no Brasil, onde forças autoritárias tentam reconstruir um projeto baseado na violência, na mentira, na impunidade, no saque ao bem público e na destruição de direitos.
A vez de Malafaia responder ao STF. Por Carolina Brígido
O Estado de S. Paulo
Gonet prepara denúncia contra Silas Malafaia em tentativa de reconstruir ponte com militares
Encerrado o julgamento da trama golpista, que
resultou na condenação de 21 militares e oito civis, o procurador-geral da
República, Paulo Gonet, prepara uma nova denúncia ao Supremo Tribunal Federal
(STF). O alvo da vez será o pastor Silas Malafaia, que organizou manifestações
em defesa de Jair Bolsonaro, atacou a democracia, defendeu anistia a golpistas
e xingou ministros da Corte nos últimos anos.
Malafaia, no entanto, não será denunciado agora por crime ligado à tentativa de golpe de Estado, mas por ofensa à honra dos militares – que também foram alvo de ataques do pastor. No estilo morde-e-assopra, o recorte de Gonet marca uma tentativa de reconstrução da ponte entre o Judiciário e as Forças Armadas após as condenações criminais e prisões impostas a detentores de altas patentes.
Um código para o STF. Por William Waack
O Estado de S. Paulo
Não existe nenhum para regular a conduta
política quando se trata de crise institucional
A discussão sobre a implantação de um código de conduta para integrantes de tribunais superiores, começando pelo STF, merece outro nome. É crise de legitimidade. Algo seriíssimo, pois não há nada acima do supremo poder do Supremo. É difícil marcar a data de início dessa crise. Os elementos que a compõem são em parte de longo prazo e estão associados a uma permanente sensação de insegurança jurídica. Precede, portanto, o embate com o bolsonarismo a partir da pandemia, quando o então presidente achou que o STF o impedia de governar.
Um Banco Central durão. Para quê? Por Felipe Salto
O Estado de S. Paulo
É preciso dar ao crescimento econômico o mesmo peso destinado ao controle da inflação
A ata da última reunião do Comitê de Política
Monetária (Copom) do Banco Central não indicou início de redução de juros para
janeiro. Há duas hipóteses: ou bem a autoridade monetária não quer se
antecipar, evitando ficar a reboque do mercado, ou segue influenciada por uma
ideia de que caberia ser durão, por mais tempo, a fim de ganhar a confiança dos
mercados.
O argumento do Banco Central para manter a Selic em 15% ao ano, equivalente a um nível real de juros de 11%, baseia-se em três pontos: a lenta convergência das expectativas de inflação à meta de 3% ao ano; a projeção de inflação superior à meta para o chamado horizonte relevante; e a atividade econômica ainda forte.
A estagnação econômica do terceiro trimestre. Por Roberto Macedo
O Estado de S. Paulo
Realmente estamos num país economicamente muito complicado
É sabido que a variação do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre deste ano foi muito baixa, de 0,1%, conforme noticiado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 4 de dezembro, dia em que publiquei meu artigo da primeira quinta-feira do mês, escrito na quarta-feira. Publico também na terceira quinta e só agora pude tratar dessa variação do PIB, tema sempre interessante.
Nem crise, que dirá institucional. Por Maria Hermínia Tavares
Folha de S. Paulo
Fatores políticos complicam relações entre
Executivo e Legislativo
Atos do Congresso não avalizam diagnóstico de
ingovernabilidade
"Os rumores sobre minha morte foram
muito exagerados", protestou o escritor americano Mark Twain (1835-1910)
em um bilhete ao jornalista que publicara a "barriga".
A ironia vem à mente quando se multiplicam os vaticínios sobre o destino do sistema vigente de governo —o presidencialismo de coalizão. A cada embate mais duro entre o Executivo e o Congresso, ou a cada medida do Supremo Tribunal Federal a exorbitar de suas atribuições, decreta-se a crise, —talvez irreversível— de nosso arranjo institucional, promessa certa de ingovernabilidade.
Senado aprova redução de penas que beneficia Bolsonaro, e Lula deve vetar. Por Caio Spechoto
Folha de S. Paulo
Projeto diminui punição de condenados por
ataques do 8 de Janeiro
Presidente da República indicou a aliados que
barrará texto integralmente
O Senado aprovou
nesta quarta-feira (17) o projeto que reduz as penas dos condenados pelos
ataques às sedes dos três Poderes em 8 de janeiro
de 2023 e beneficia o ex-presidente Jair
Bolsonaro. O resultado é uma vitória do grupo político bolsonarista
e uma derrota do governo de Luiz Inácio Lula da
Silva (PT).
As investigações sobre o 8 de Janeiro expuseram uma trama para desrespeitar o resultado da eleição de 2022, vencida por Lula, e manter Bolsonaro no poder. Autoridades identificaram, por exemplo, um plano para matar Lula; seu vice, Geraldo Alckmin; e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
Voto de Gilmar Mendes do STF cria um marco temporal 2.0. Por Thiago Amparo
Folha de S. Paulo
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil vê
pontos preocupantes no voto do relator
Ministro criou muitas condicionalidades para
os direitos indígenas
"Estão matando os índios guaranis do sul
do Mato Grosso (...) Os jovens índios, quando abrem os olhos para o mundo em
que lhes cumpre viver, se matam às dezenas. Suicidam-se. Mas na verdade são
mortos pelo desprezo vil dos invasores de suas terras."
Foi assim, contundente, que Darcy Ribeiro iniciou seu artigo na Folha em 1996, republicada agora como uma das 105 colunas de maior impacto. Trinta anos depois, o texto continua atual.
Tudo pelo gasto eleitoral. Por Idiana Tomazelli
Folha de S. Paulo
Governo e centrão duelam para ver quem
consegue pendurar mais despesas no Orçamento de 2026
Para abrir espaço fiscal, acordos de ocasião destravam até mesmo propostas antes rejeitadas
A reta final das votações econômicas no Congresso
Nacional mostra como as definições de base governista e
oposição são bastante fluidas quando se trata de garantir um naco do Orçamento
para chamar de seu.
No início do mês, o governo Lula (PT) articulou com os parlamentares a inclusão de mais R$ 14 bilhões na previsão de receitas para o Orçamento de 2026, sob a promessa de aumento no Imposto de Importação.
Brasil precisa se preparar já para efeitos da guerra de Trump na Venezuela. Por Vinicius Torres Freire
Folha de S. Paulo
O mero bloqueio das exportações de petróleo
degrada ainda mais situação social crítica
Brasil pode ter de lidar com mais refugiados
e com ameaça dos EUA de ocupar quintal
Donald Trump levou
frota enorme para o Caribe. Junta aviões em Porto Rico e tropas na região.
Alguma guerra deve levar para a Venezuela,
como se escrevia nestas
colunas em 15 de novembro. Tendo feito tamanha ameaça, estará
derrotado se não impuser dano sério a Nicolás
Maduro. De outro modo, seria considerado um tigre de papel, para
lembrar a expressão maoísta.
Até agora, Trump declarou bloqueio aéreo meio
da boca para fora. Capturou um petroleiro; fez um navio russo dar meia volta.
Segundo os venezuelanos, os americanos estariam fazendo ataques cibernéticos.
Mais grave, Trump declarou bloqueio naval, em tese limitado a petroleiros que
estejam em listas de sanções do "Ocidente".
Ainda não é guerra. Também ainda não se entende como os EUA vão definir suas ações militares ou quais são os objetivos que definiriam uma vitória. Nos últimos dias, a direita mais extrema do governo Trump têm dito que a Venezuela deve devolver ativos americanos expropriados, de petróleo em particular.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2025
Opinião do dia – Hans Kelsen*
*Hans Kelsen (1881-1973), foi jurista e filósofo austríaco. “Teoria Geral do Direito e do Estado”. Citação de Norberto Bobbio, em “Teoria Geral da Política”, p.283, Editora Campus, 2000.
O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões
Governo Lula promove explosão do funcionalismo
Por O Globo
Contratações batem recorde sem que haja reforma administrativa para modernizar a gestão do Estado
O apetite da gestão petista por novas contratações tem se revelado voraz. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva prevê contratar, no acumulado do terceiro mandato, 22.817 servidores federais, mais que o dobro dos 10 mil admitidos na administração Jair Bolsonaro, como mostrou reportagem do GLOBO. Fora 24 mil contratações temporárias, a maior parte recenseadores do IBGE. Até agora, já foram autorizadas 19,1 mil contratações. Para 2026, a previsão é preencher 3.652 vagas (3.144 de nível superior e 508 de intermediário).
O fator Flávio. Por Vera Magalhães
O Globo
Pesquisa esfriou aqueles que vinham tentando
reverter a decisão de Bolsonaro pelo filho em prol da escolha de Tarcísio
A pesquisa Genial/Quaest de dezembro tem como
marcas o fator Flávio Bolsonaro e o impacto de sua indicação, ao menos por ora,
como substituto do pai na corrida presidencial. A rápida absorção do nome dele
pelo eleitorado e o fato de, na simulação de segundo turno, ter conseguido
reduzir em 6 pontos percentuais a desvantagem para Lula no cenário de segundo
turno devem ser combustíveis às hoje tensas negociações entre Centrão e direita
para definir a estratégia eleitoral.
Os dados da pesquisa funcionaram como balde de água fria para quem vinha tentando reverter a decisão de Jair Bolsonaro em prol da escolha do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Esse grupo inclui caciques de partidos do Centrão e expoentes do mercado financeiro, do agronegócio e do empresariado. O anúncio de que o Bolsonaro, preso por tentativa de golpe de Estado, optou pelo filho já tinha feito com que Tarcísio tirasse o time de campo. Até seus aliados de primeira hora, como o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, passaram a admitir publicamente o apoio a Flávio.
O carnaval da dosimetria. Por Elio Gaspari
O Globo
A redução das penas do 8 de Janeiro virou uma
festa incompreensível e é aí que está o perigo
O professor Mário Henrique nunca se cansou de
repetir que o problema mais difícil do mundo, caso seja bem formulado, um dia
poderá ser resolvido. Mas os problemas mal formulados, ainda que fáceis, são
todos insolúveis.
Do alto de sua onipotência, o Supremo
Tribunal Federal condenou 371 baderneiros golpistas do 8 de Janeiro a 3,3 mil
anos de cadeia. Parte desse lote já havia fugido. Outra parte rala.
Noves fora a cabeleireira Débora, que escreveu “Perdeu Mané” com batom na estátua da Justiça e tomou 14 anos de prisão, convertida em domiciliar há meses, restam outros, como Fábio Alexandre de Oliveira. Ele sentou-se na cadeira do ministro Alexandre de Moraes depois que ela foi posta na rua e gravou um vídeo. Tomou 17 anos. Mal formulado, o problema dos figurantes do 8 de Janeiro busca uma solução.
A galinha da ADPF. Por Bernardo Mello Franco
O Globo
Puxando uma pena, o Supremo encontrou uma
galinha de ovos dourados
‘Te amo.’ “Sou teu fã.” “Saudade de falar
contigo, tá?” Parecem mensagens de namorados — ou, vá lá, de amigos de
infância. Mas são diálogos do presidente da Assembleia Legislativa do Rio com
um desembargador do Tribunal Regional Federal.
O deputado Rodrigo Bacellar foi recolhido ao xadrez há duas semanas, em inquérito que apura a infiltração de facções criminosas na política fluminense. Ontem foi a vez do desembargador Macário Ramos Júdice Neto, também preso por ordem do Supremo.
Com Lula favorito, Flávio Bolsonaro desidrata a candidatura de Tarcísio. Por Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense
A desaprovação ao governo
Lula não traduz automaticamente uma vantagem eleitoral para a oposição. A
pesquisa mostra empate técnico: 49% desaprovam o governo e 48% aprovam
A pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta terça-feira, mostra que o bolsonarismo permanece como a principal força alternativa ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026. Será? Os números do levantamento revelam que a oposição está bloqueada estrategicamente pela centralidade de Flávio Bolsonaro (PL) no campo oposicionista, apesar da sua força eleitoral. Flávio é um avatar de Bolsonaro. No marketing político, uma figura simbólica criada ou escolhida para representar, simplificar e transmitir a identidade, as ideias e os valores de um líder, movimento ou projeto político.
Lições a tirar da vitória de Kast no Chile. Por Sergio Fausto
O Estado de S. Paulo
O fato de que seja um político de extrema direita não significa que Kast fará necessariamente um governo de extrema direita
Trinta e cinco anos depois do fim da ditadura
militar de Augusto Pinochet, a direita pura e dura volta ao poder no Chile.
José Antonio Kast, presidente eleito, jamais negou sua admiração pelo general
que governou o país de maneira brutal por 17 anos. Não hesitou sequer em
visitar na prisão notórios torturadores e assassinos, condenados por violações
aos direitos humanos.
Kast é um ultradireitista católico que até
recentemente presidiu a Red Política de Valores, uma associação internacional
que promove a agenda em favor da “família natural” e contra a “ideologia de
gênero” e a homossexualidade.
Defensor da proibição total do aborto, mesmo em caso de estupro, evitou o tema durante a campanha. Fez do combate ao crime e à imigração ilegal as suas principais bandeiras e da política de “mano dura”, inspirada em Nayib Bukele, a sua principal proposta.
Em defesa do instituto do impeachment. Por Nicolau da Rocha Cavalcanti
O Estado de S. Paulo
Impeachment de ministro do STF transformou-se em matéria política, o que é contrário à Lei 1.079/1950 e à Constituição de 1988
O Supremo Tribunal Federal (STF) tem muito a
melhorar; por exemplo, é muito bem-vinda a iniciativa do presidente da Corte,
ministro Edson Fachin, de criar um código de ética para os integrantes de
tribunais superiores. No entanto, o impeachment não é instrumento político para
coagir o STF a mudanças. Ele tem outra função.
Seu âmbito de funcionamento está definido na Lei do Impeachment (Lei 1.079/1950), que estabeleceu cinco crimes de responsabilidade de ministro do STF: 1) alterar, exceto por recurso, a decisão ou voto já proferido em sessão do tribunal; 2) proferir julgamento, quando seja suspeito na causa; 3) exercer atividade político-partidária; 4) ser patentemente desidioso no cumprimento dos deveres do cargo; 5) proceder de modo incompatível com a honra, a dignidade e o decoro de suas funções.
O papa, o cardeal e o livro. Por Marcelo Godoy
O Estado de S. Paulo
A ideia de Igreja de Leão é a mesma que levou d. Paulo a se envolver no projeto Brasil Nunca Mais
De volta da Turquia, Leão XIV foi questionado por que não rezara na Mesquita Azul, em Istambul, como fizeram Bento XVI e Francisco. Ele respondeu: “Quem disse que não rezei? Pode ser que eu esteja rezando agora”. E completou: “Prefiro rezar em uma igreja católica, na presença do Santíssimo Sacramento”.
O papa Prevost parece conciliar os pontificados de Ratzinger e de Bergoglio. Ele aproveitou, dias depois, a audiência com novos embaixadores para dizer que a Igreja “não ficará em silêncio diante das graves desigualdades, injustiças e violações dos direitos humanos fundamentais”.
O país suspenso: a pesquisa Quaest e a alma política do Brasil às vésperas de 2026. Por Paulo Baía
No cenário considerado clássico, com Jair Bolsonaro incluído mesmo inelegível, Lula marca 32% contra 27% do ex-presidente. A distância é pequena demais para sugerir tranquilidade e grande o suficiente para expor um trauma não elaborado. Bolsonaro, afastado formalmente do jogo, permanece como presença simbólica central. A política brasileira não conseguiu ainda se libertar de sua sombra. Ele não aparece apenas como candidato. Aparece como lembrança, como ressentimento, como identidade. Sua força não vem do futuro que promete, mas do passado que parte da sociedade se recusa a abandonar. Lula lidera, mas o simples fato de Bolsonaro ainda ser competitivo revela um país que não resolveu o que viveu entre 2018 e 2022.
Lula foca nos empreendedores individuais na reta final do ano. Por Fernando Exman
Valor Econômico
Uma intensa movimentação ocorreu durante todo
o ano de 2025 no governo Lula para viabilizar o anúncio de novos programas
sociais e medidas econômicas, mobilização que se mantém nesta última quinzena
do ano. Agora, o foco é o chamado empreendedor individual.
A correria é grande porque a legislação é
mais restritiva nos anos eleitorais. Ninguém quer dar brecha para que a
oposição questione a conduta da atual administração e, eventualmente, tente
impugnar a candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Afinal, lembra uma fonte, a lei é bem
específica ao proibir a distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios em
ano eleitoral, exceto nos casos de calamidade pública e estado de emergência.
Outra exceção é feita para programas sociais autorizados em lei e já em
execução orçamentária no ano anterior ao pleito.
Uma pendência, nas palavras do próprio presidente, é um programa que ofereça uma linha de crédito camarada direcionada para motoboys e mototaxis. “Uma coisa que a gente quer fazer é baratear o financiamento de uma motozinha para que os entregadores tenham direito de ter uma moto, de preferência elétrica, para economizar a emissão de gás efeito estufa”, disse ele recentemente, durante solenidade de lançamento da carteira nacional de habilitação (CNH) mais acessível.
Superexposição alavanca Flávio, mas rejeição alta limita competitividade contra Lula. Por César Felício
Valor Econômico
Potencial de voto traz informação relevante
para avaliar desempenho do senador na pesquisa Genial/Quaest
O cruzamento mais importante da pesquisa
eleitoral Genial Quaest divulgada nesta terça-feira (16) é o de potencial
de voto entre os eleitores que se dizem independentes. Este segmento
corresponde a 32% do eleitorado, quase o triplo dos que se dizem bolsonaristas
(12%) e consideravelmente mais do que se dizem lulistas (19%). Nesta faixa, 64%
dos pesquisados que assim se declaram dizem rejeitar a hipótese de votar no
presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) e 69% rechaçam o senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ).
São indicadores em que tanto Lula quanto
Bolsonaro estão relativamente próximos a seus tetos nas simulações de primeiro
turno. O presidente consegue 37% no cenário que inclui mais opções e o senador
obtém 23%. Dentro de suas respectivas bolhas ambos já avançaram bastante,
sobretudo o presidente.
Lula já tem 97% dos votos dos lulistas e de 86% da esquerda não lulista, que é 14% do eleitorado. No caso do primogênito do ex-presidente Jair Bolsonaro, ainda há algumas casas a avançar, mas poucas. Ele é desconhecido por 17% dos independentes, 7% dos bolsonaristas e 3% da direita não bolsonarista, que representa 21% do total.
Ascensão de Flávio consolida favoritismo da reeleição de Lula e Tarcísio. Por Maria Cristina Fernandes
Valor Econômico
Pesquisa Genial/Quaest mostra liderança do
senador entre postulantes da direita
A pesquisa
Genial/Quaest divulgada nesta terça-feira (16) que mostra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como
principal candidato de oposição consolida o favoritismo de duas candidaturas à
reeleição, a do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) e a do governador de São
Paulo, Tarcísio de Freitas
(Reeleição).
Junto com a espetacular exposição de seu nome e pré-candidatura, que lhe fez empatar com o pai na pesquisa espontânea, veio também a maiúscula rejeição do primogênito do ex-presidente. Além de julgarem que Bolsonaro errou (54%) ao lançá-lo, 62% dizem não votar nele de maneira alguma.
Quaest provoca ‘choque de realidade’ na Faria Lima sobre candidatura de Flávio
Por Gabriel Roca e Victor Rezende / Valor Econômico
Ativos domésticos tiveram dia negativo desde o início do dia com resultado de pesquisa de intenção de voto
Não há dúvida de que o mercado tem operado,
cada vez mais, à luz da probabilidade de cada candidato vencer as eleições presidenciais
de 2026. A dinâmica dos negócios nesta terça-feira deixou a hipótese clara. Sob
rumores, confirmados
mais tarde, de que pesquisas indicavam que a candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
vem ganhando força, agentes voltaram a aumentar a proteção das carteiras, o que
se traduziu em queda da bolsa, alta do dólar e dos juros futuros.
A interpretação que corre nas mesas de operação — e nos preços dos ativos financeiros — é nítida: a chance de o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro derrotar Lula no pleito do ano que vem é pequena. E os sinais de que a candidatura será mantida devem continuar gerando correções negativas no mercado.
'O mercado' antecipa velório de Tarcísio, política diz que governador ainda sai da UTI. Por Vinicius Torres Freire
Folha de S. Paulo
Pesquisa mostra melhora discreta de Lula e
governador de SP atrás na lista da direita
Dólar sobe e mercado azeda com direitas se
enrolando com suas candidaturas
Todos os dias, pode-se ler por aí ou por aqui
um resumão que tenta explicar o motivo de os preços nos mercados financeiros
terem se mexido para lá ou para cá. Lembra um pouco comentários sobre o fim de
rodada de futebol, não raro com a mesma precisão.
Isto posto, na resenha desta terça era comum
ouvir que o fator maior do tombo dos preços foi o mau desempenho de Tarcísio de
Freitas na pesquisa
Quaest que vazava desde a manhã.
Era a opinião de gente graúda da praça do mercado, que mexe com dinheiro grosso ou que está em posição de observar ou deduzir por onde ele anda. "O mercado antecipou o velório de Tarcísio" ou o "mercado está de luto por Tarcísio" eram frases que coloriam comentários secos sobre Copom e tentativas de entender o que políticos vão fazer da(s) candidatura(s) das direitas.
Quanto custa comprar um juiz? Por Hélio Schwartsman
Folha de S. Paulo
Presentes influenciam decisões, mesmo que
presenteados não se deem conta disso
Se ministros do STF descartarem adoção de código de ética cometerão haraquiri moral
Quase tão ruim quanto pegar
carona em jatinhos de empresários cujos casos julgará, é o juiz insistir
que não precisa sujeitar-se a um código de ética porque já é ético. Mesmo
que comprássemos pelo valor de face a tese de que nossos valorosos magistrados
nunca se vendem, ainda restaria que eles têm um cérebro humano, e cérebros
humanos são facilmente sugestionáveis.
A literatura psicológica ensina que viagens, refeições e até brindes de valor irrisório predispõem as pessoas em favor de quem dá o presente, mesmo que elas não se deem conta desse efeito. Até não muito tempo atrás, médicos juravam de pés juntos que não eram afetados pelos mimos fornecidos por laboratórios. Mas aí vieram os dados...
Armações políticas têm limite na Justiça. Por Dora Kramer
Folha de S. Paulo
Câmara aprofunda seu desgaste público ao se
aliar aos advogados na inútil manobra da renúncia
Zambelli e Ramagem estarão de qualquer forma,
extraditados ou não, fora da política e do alcance das urnas
A renúncia de Carla
Zambelli ao mandato já cassado pela Justiça resultou de uma
manobra entre a presidência da Câmara e a defesa da condenada. A ideia era
amenizar os danos para ambas as partes: deputados não aprofundariam o desgaste
pelo descumprimento de ordem judicial e os advogados tentariam preservar os
direitos políticos da cliente.
Não deu certo, como de resto acontece com gambiarras mal ajambradas. O malfeito ficou registrado nos anais do Legislativo e Zambelli, presa na Itália, continuará fora do jogo enquanto durar o cumprimento das penas por duas condenações criminais.
Será que a UE ainda consegue escapar da influência autoritária dos EUA? Por Jürgen Habermas*
(texto original em https://www.socialeurope.eu/can-the-eu-still-escape-theauthoritarian-pull-of-the-usa)
Este texto é uma transcrição traduzida de uma palestra proferida na Fundação Siemens em 19 de novembro de 2025
A liderança americana em declínio e a nova ordem mundial da China obrigam a Europa a unir-se ou enfrentar marginalização.
A invasão russa da Ucrânia desencadeou, entre outras coisas, o reconhecimento tardio, por parte das populações europeias, de uma situação mundial profundamente alterada. Essa transformação, contudo, já vinha se desenvolvendo há algum tempo com o declínio da superpotência do século XX. Um sinal de alerta precoce foi a mudança brusca de humor na sociedade civil americana após o 11 de setembro de 2001. Essa mudança na mentalidade de uma população assustada foi ainda mais inflamada pela retórica do governo do presidente George W. Bush e de seu vice-presidente, imprudentemente militante.
Todos pareciam sentir de perto os perigos do terrorismo internacional. No decorrer da propaganda da guerra contra Saddam Hussein e o Iraque — uma guerra que violou o direito internacional — essa mudança de mentalidade se radicalizou e se consolidou. De uma perspectiva institucional, essa mudança afetou principalmente o sistema partidário. Já na década de 1990, sob a liderança de Newt Gingrich, não apenas as práticas do Partido Republicano mudaram fundamentalmente, mas também a composição social de sua base. As tendências para uma transformação mais profunda e, agora, ao que parece, dificilmente reversível do sistema político como um todo, só prevaleceram, no entanto, depois que o presidente Obama frustrou as expectativas de uma política externa americana completamente reformulada.
terça-feira, 16 de dezembro de 2025
Opinião do dia - Luiz Werneck Vianna*
*Luiz Werneck Vianna (1938-2024), Sociólogo, “Abrir a arca do tesouro”. Blog Democracia Política e novo Reformismo, 8 de fevereiro, 2023.
















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