Raimundo Santos
Fonte: Gramsci e o Brasil
Quando relemos os clássicos agraristas, advertimos que o tradicional agrorreformismo pecebista (do qual Alberto Passos Guimarães é o principal artífice) e a idéia de revolução agrária não camponesa de Caio Prado Jr. desestimulavam os campesinismos associados às ações armadas dos últimos anos da década de 1960.
A releitura de Guimarães e Prado resulta proveitosa por trazer dois temas ainda hoje cruciais. O primeiro é o do sentido cada vez mais abrangente do nosso agrorreformismo, inclusive o mais contemporâneo, o da chamada “reforma agrária ampliada” (em relação à questão fundiária). Recorde-se que Ignacio Rangel, em 1962, defendia medidas reformistas relativas a “aspectos não propriamente agrários” e José Graziano da Silva propôs, em 1996, uma “reforma agrária não essencialmente agrícola”. O próprio José de Souza Martins acaba de publicar o texto “A reforma agrária bifocal”, no qual divisa um novo espaço de emancipação dos desvalidos rurais: o agronegócio “alternativo e popular”, certamente estruturado por redes sociais e outras mediações não produtivistas.
O segundo tema diz respeito à forma do conflito agrário, que deveria ser dirigido por via não violenta. Para os dois clássicos, da forma pacífica (a única capaz de se generalizar no país) dependeria o êxito do processo reformista do mundo rural. Hoje tema pouco acentuado, no pré-64 essa questão da forma do conflito agrário era ponto estratégico para Passos Guimarães, Caio Prado e o “sindicalismo camponês” (organizar sindicatos para mobilizar camponeses) praticado pelo velho PCB, do qual resultou — não por acaso — a criação da rede sindical ao largo do nosso território (a Contag).
Raimundo Santos é autor, entre outros, de O caminho nacional da UFRRJ (2008). Esta nota foi desenvolvida na reunião da Latin American Association Studies, realizada no Rio de Janeiro, em junho de 2009.
Fonte: Gramsci e o Brasil
Quando relemos os clássicos agraristas, advertimos que o tradicional agrorreformismo pecebista (do qual Alberto Passos Guimarães é o principal artífice) e a idéia de revolução agrária não camponesa de Caio Prado Jr. desestimulavam os campesinismos associados às ações armadas dos últimos anos da década de 1960.
A releitura de Guimarães e Prado resulta proveitosa por trazer dois temas ainda hoje cruciais. O primeiro é o do sentido cada vez mais abrangente do nosso agrorreformismo, inclusive o mais contemporâneo, o da chamada “reforma agrária ampliada” (em relação à questão fundiária). Recorde-se que Ignacio Rangel, em 1962, defendia medidas reformistas relativas a “aspectos não propriamente agrários” e José Graziano da Silva propôs, em 1996, uma “reforma agrária não essencialmente agrícola”. O próprio José de Souza Martins acaba de publicar o texto “A reforma agrária bifocal”, no qual divisa um novo espaço de emancipação dos desvalidos rurais: o agronegócio “alternativo e popular”, certamente estruturado por redes sociais e outras mediações não produtivistas.
O segundo tema diz respeito à forma do conflito agrário, que deveria ser dirigido por via não violenta. Para os dois clássicos, da forma pacífica (a única capaz de se generalizar no país) dependeria o êxito do processo reformista do mundo rural. Hoje tema pouco acentuado, no pré-64 essa questão da forma do conflito agrário era ponto estratégico para Passos Guimarães, Caio Prado e o “sindicalismo camponês” (organizar sindicatos para mobilizar camponeses) praticado pelo velho PCB, do qual resultou — não por acaso — a criação da rede sindical ao largo do nosso território (a Contag).
Raimundo Santos é autor, entre outros, de O caminho nacional da UFRRJ (2008). Esta nota foi desenvolvida na reunião da Latin American Association Studies, realizada no Rio de Janeiro, em junho de 2009.
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